2 - O Presente do Futuro

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"Bem-vinda à nossa nave-mãe, Carla!" Tássia e várias outras mulheres de diferentes compleições físicas e trajes sumários saudaram a visitante.

"Nossa, esse lugar é maior por dentro do que por fora!" Estupefata, Carla constatava que o ambiente dentro da casa era completamente diferente do exterior, como se de fato fosse uma nave espacial!

As janelas mostravam estrelas ao longe com um grande satélite artificial rodeando vagarosamente a periferia. Era um vasto plano fora daquele pequeno portal, povoado por mulheres trajando roupas casuais entre robôs e máquinas pesadas num fervilhar de atividades entre construções prediais, espaços de lazer e simples contemplação do espaço.

"Nossa, mas como assim, não pode ser, vocês estão me enganando, tomei sol demais," Carla olhou a porta de onde veio, vendo o sol e a praia ao longe.

Claro que o batente da porta era um tanto estranho, se parecendo mais com um aparelho de alta tecnologia cheio de condutos e controles que uma mundana porta de madeira corroída pela maresia.

Esfregava e arregalava os olhos, achando que fosse ilusão à medida que suas pupilas se adaptavam à claridade artificial da casa, ou seria realmente uma nave?

"Nós concordamos em te dar um presente que vai tornar sua vida mais fácil nesse mundo do século vinte e um," Tássia desamarrou o sutiã do biquíni e deixou seus seios mais livres, pegando um creme pra aliviar a ardência que a exposição ao sol causou.

"Sim, é uma coisa muito comum visitarmos nossos ancestrais, então calculando tudo direitinho podemos te ajudar sem quebrar o contínuo da sua linha temporal, com sorte até melhorando o alinhamento dos seus chacras e seu carma," Uma aparente indiana de cabelos lisos e escuros se aproximou de Carla com um pequeno frasco.

"Mas mexendo com o passado vocês não vão causar um paradoxo ou coisa assim? O que é esse presente? E por que só há mulheres aqui?" Carla ponderou, enquanto outras se aproximavam.

"Tudo foi calculado, não há risco e você vai adorar," Uma loira de olhos verdes fitou seus cabelos e os afagou carinhosamente.

"Não podemos te dar detalhes mas não há mais barreiras de gênero ou sexo, há um multiverso de possibilidades e nós somos as suas, todas nós temos você como ancestral mais preciosa," Tássia despiu-se completamente, seus mamilos inchados e morenos tocando Carla num abraço carinhoso.

"Puxa, que legal mas olha, eu não curto mulheres desse jeito que vocês devem estar pensando," Carla se viu rodeada de abraços, carinhos e afagos de tantas mulheres diferentes que ruborizou-se, sentindo-se totalmente coberta de amor, por mais estranho que parecesse.

"Nós sabemos, por isso esse presente vai te agradar muito, vai mudar seu ponto de vista totalmente," A indiana abriu a palma da mão de Carla e depositou o frasco, a fechando respeitosamente com um sorriso.

"Peraí, quer dizer que vocês transam? Mas vocês são todas mulheres, como pode ser? Neste futuro todas vocês tem..." Carla olhou as virilhas das suas descendentes totalmente envergonhada, não encontrando traços de membros ocultos.

"Você vai entender, dê uma dessas pílulas pra Márcia, vai ver do que se trata," Tássia sorriu e calmamente a levou de volta à porta.

"Ela não vai aceitar isso sem mais nem menos, vocês são doidas!" Carla recuou, desatando-se do abraço coletivo vagarosamente.

"Ela sempre gostou de você mas é sua melhor amiga, não merece passar o resto da vida lamentando por você sofrer tanto com canalhas manipuladores,"

"Ah... vocês sabem mesmo do meu passado hein?"

"Pra nós é história de família Carla, só queremos que você seja o mais feliz que puder, como nós todas somos, graças a você ter existido,"

"Mas como seria minha vida se eu não tivesse aceito vir aqui?"

"Um bocado mais tediosa e repetitiva, mas você gosta de aventuras, mesmo sendo contadora,"

"Tá bom vai, mostra logo a câmera, isso é uma pegadinha do malandro, né?"

"De maneira alguma, vai logo e encontre a Márcia antes que ela arrume confusão na praia com pitboys abusados e acabe toda quebrada no hospital junto com você com insolação,"

"Puxa, que futuro mais escroto né? Muito bem, vou usar bem isso aqui, seja lá o que for, obrigado!"

"Ah, só um detalhe, use só uma por vez." Tássia diz antes de fechar a porta.

"O que acontece se..." Carla empurrou a porta de madeira novamente mas só achou a vasta casa desocupada e em ruínas, se foi uma alucinação ou truque de cinema, foi muito bem feito, já que o frasco ainda estava em sua mão bem como seu celular no bolso da bermuda.

Olhando pro celular notou que a hora marcada estava errada. Um relógio de rua mostrava meio-dia, o telefone indicava duas horas.

"Puxa, elas pensaram em tudo mesmo, sabiam que a Márcia ficou em casa enquanto nós fomos no mercado, que loucura... Preciso ver se é mesmo verdade essa doideira." Carla relembrou rapidamente seus passos, tentando achar alguma falha no plano das suas descendentes alucinadas.

Chegando em casa, viu que já havia saído com os rapazes pra fazer compras, Márcia havia reclamado de cólicas e ficou na cama.

Como foram direto pra praia depois das compras, ela iria pro encontro com Tássia, logo não correria risco de se encontrar... Tudo se encaixava.

Mas será que Márcia aceitaria as tais pílulas? O que será que fariam com ela?


Paradoxo Sexualmente TransmissívelOnde histórias criam vida. Descubra agora