18 - O Salto

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Mais uma tarde quente na cidade, o Sol que nascia no horizonte nem desconfiava da luxúria que a noite deixou nos quartos escuros espalhados pelas casas naqueles trilhos de asfalto rumo à perdição.

Márcia e Cátia saíram de férias, alugando uma casinha no litoral fora de temporada pra pôr o plano de aumentar a família do jeito mais prazeroso possível, o estúdio de tatuagem agora com uma substituta que não suportava mais recusar chamadas de pessoas querendo comprar "aquela coisa que faz crescer pinto".

A leva de pacotes do laboratório já havia chegado à maior parte das voluntárias e a suspeita era de que algo muito errado explodiria em pouco tempo devido aos rumores de que uma droga ilegal estava circulando sem o aval das autoridades.

Já havia uma investigação em curso e não demoraria muito pra verdade se tornar pública, se já não fossem conhecidas as personas futanaris que faziam shows online com suas identidades incógnitas à luz do dia.

Catarina chegou em casa com o pacote suando de nervosa, desviando da sua tia como se aquilo fosse uma bomba.

Ela se vestia como um rapaz, tinha raiva do seu corpo de menininha, levava a vida tentando superar sua angústia com terapia e quando ia começar o tratamento hormonal, apareceu a notícia da pílula.

Curiosa, acabou enfeitiçada com a forma intersexual das futanaris nos vídeos e chegou a pagar pra ver uma camgirl mostrar seu membro desabrochar e ejacular tão forte que melou a cama além das calcinhas.

Mas o plano só teria êxito se conseguisse misturar a fórmula com um coquetel de suplementos que beiravam o absurdo, na mente de Catarina só havia o objetivo de se tornar uma futanari supersarada com um membro gigante.

Sua tia desconfiava mas não fazia ideia de que seria algo tão absurdo, logo Catarina abriu o pacote e escondeu as ampolas dentro do gabinete do computador no seu quarto, se livrando da caixa o quanto antes.

– Que é essa caixa hein?

– Ah, uns gibis que a Natália me deu, ela vai se mudar e não pode levar tudo pra casa nova, então me mandou alguns – Catarina fez até voz grossa – a senhora quer ler alguns? São meio antigos, talvez se interesse.

– Não, tudo bem, não me interessa isso, pra onde você vai agora? Não tem estudo hoje?

– Preciso pegar outra encomenda, são uns suplementos pra malhação, vou virar monstra, a senhora sabe – Rangeu os dentes e grunhiu, mostrando o muque.

– Tá bem querida, não volte tarde, vou fazer janta logo mais – Não foi a primeira vez que tinha uma sobrinha morando consigo pra começar a vida adulta, contudo a que mais parecia um menininho, usava cuecas e ficava possessa quando a "regra" estava chegando.

– Essa fase vai passar – Pensou, observando a sobrinha voar pela porta com um sorriso que há tempos não via.

– Alô, Sônia? Vem pra cá, peguei a parada! – Mandou o áudio pra amiga sem ligar pros vizinhos que poderiam estar por ali, estava tão contente que podia chorar de alegria, mas ainda tinha uma tarefa pra fazer, pegar a encomenda na academia, uma coisa especial pra juntar na receita e ficar ainda mais forte que as periguetes invejosas cheias de esteroide e quem sabe, compartilhar com ela pra que pudessem ser um casal com a força pra se protegerem se o ódio e o preconceito as ameaçasse na rua algum dia.

Custou uma grana preta mas o vidrinho de bomba era puro e pra tomar na veia, 2ml por dia antes de puxar ferro, disse o vendedor, o único efeito colateral era o tesão que dava mas isso normalmente não era problema.

Catarina sorriu e pegou o vidro, escondendo entre os seios que mesmo pouco atrativos pra marmanjada, era seguro o bastante pra não quebrar aquela ampola minúscula.

Paradoxo Sexualmente TransmissívelOnde histórias criam vida. Descubra agora