Capítulo 16

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Internaram Bruna num dos quartos da maternidade. Conseguiram dar um medicamento para amenizar a dor e sua médica já estava a caminho. Eu falei tanto para os médicos de plantão e enfermeiros sobre a queda que ela teve há dois dias, que eles já estavam fugindo de mim e Bruna teve que chamar minha atenção.

- É melhor ligarmos pra nossa família quando amanhecer, Nando.

- Eles vão ficar preocupados, vão querer estar aqui.

- Você vai acordar eles no meio da madrugada para eles virem e ficarem na recepção? Não poderão ficar aqui no quarto, Nando. Ligamos pela manhã.

Guardei o celular no bolso da bermuda e sentei ao lado dela segurando sua mão.

- Está com muita dor?

- Só na hora das contrações, esse remédio é milagroso. - Ela sorriu, o sorriso mais lindo de todos.

- Nossa filha vai nascer, Bruna. - Eu já estava com os olhos molhados de novo.

- Sim, Nando. Nossa bebê está vindo.

Depois disso não demorou muito para a médica de Bruna chegar, foram mais duas horas para que Bruna estivesse completamente dilatada e pronta para trazer nossa filha ao mundo. Eu estava no canto do quarto depois de vestir a roupa protetora deixando os profissionais trabalharem em prepararem ela para o parto. Continuava tendo que enxugar o rosto pelas lágrimas. Eu era um canalha, um cretino disposto a perder tudo aquilo, toda aquela emoção e felicidade. Como Bruna pode ter me perdoado por ter negado a paternidade? Uma coisa era certa, ela descobriu como fazer e agora estávamos aqui. No momento mais importante de nossas vidas.

- Fernando? Está tudo bem? Vamos começar.

Olhei para a médica assentindo sem falar nada. Me sentei ao lado de Bruna e segurei sua mão, passando os dedos da mão livre em sua testa.

- Você está bem? Não vai desmaiar vai? - Bruna me perguntou conseguindo me fazer rir.

- Não. Estou aqui. Sempre.

Eu a beijei com carinho antes da médica nos chamar atenção.

- Vocês chegaram até aqui, papais. Agora preciso que ouçam minhas instruções, ok? - Assentimos. - Bruna, quando sua próxima contração vir, eu preciso que empurre de leve. O resto será feito pela bebê, quando ela precisar de nós, vamos ajudá-la vir ao mundo, tudo bem?

- Tudo bem. Vai doer muito não é? - Bruna perguntou temerosa.

- Olha, não é uma dor tão tolerável. Mas Nando está aqui e você pode apertar a mão dele o quanto precisar. - Dra. Claudia sorriu para mim e eu assenti olhando para Bruna.

- É, amor, pode apertar minha mão.

Primeiro eu pensei que aquela médica estava de brincadeira comigo. Apertar minha mão? Quando a contração veio, Bruna só faltou arrancar minha mão. Então pensei que se eu estava com toda aquela dor, Bruna estava numa situação bem pior. O máximo que eu poderia fazer era continuar mantendo minha mão ali para ela.

- Você foi ótima Bruna, só mais um pouco, tudo bem? Empurre de novo.

E ela fez. Apertou minha mão novamente. A médica então tocou nossa filha e não fez uma cara boa. Bruna deitou a cabeça para trás fechando os olhos, me deixando apavorado.

- Bruna? O que houve doutora? O que está acontecendo?

- Calma, Nando, ela só está cansada.

- Não, eu... Não consigo. - Bruna disse baixinho balançando a cabeça. - Não tenho mais forças.

Pais de Primeira ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora