Eu não fazia ideia que minha vida mudaria da água para o vinho. Em um momento eu era uma garota que teve o coração partido, traída, em outra hora eu estava grávida, sem nem ao menos ter planejado isso com o pai. Não era para acontecer, era para ser...
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— Sua ex? Aquela garota era a sua ex namorada?
— Sim, amor. O que ela falou pra você? Isso não vai acontecer de novo. Eu prometo!
Fernando diz. Está eufórico. Não posso acreditar no que acabou de acontecer, é muita loucura.
— Ainda acho que deveríamos ir ao hospital.
— Não Fernando, eu estou bem. — Enxaguo o último prato e me afasto dele, não dá pra ficar perto agora, porém, preciso saber: — Porque ela dizia que você era um monstro?
— Eu já disse que ela não aceitou bem o motivo que fui preso?
— Que motivo é esse que te faz virar um monstro? Violentou uma mulher? Matou alguém? Olha, quer saber? Não vou me estressar com isso! Quero essa garota longe daqui.
Fernando estava pálido agora, fiquei preocupada, mas ele só balançou a cabeça e saiu de casa. Simplesmente saiu sem me dizer nada. Não posso falar que isso não me magoou, eu queria que ele conversasse comigo.
Fui para o quarto e sem nada pra fazer preparei minha câmera. Nando tinha um espelho maravilhoso no quarto, que pegava meu corpo todo e aproveitei para tirar boas fotos. Ótimas na verdade. A barriga não estava muito grande mas eu queria gravar todos os momentos. Senti falta da presença de Nando, eu queria que ele compartilhasse esses momentos comigo. Sentindo os olhos enchendo de lágrimas eu peguei o celular e lhe mandei uma mensagem pedindo pra voltar pra casa. Não me respondeu.
Com nada para fazer eu fui lavar a pouca roupa que tinha minha e dele. Eu tinha acostumado com aquela rotina bem fácil, mas não via a hora de voltar a fotografar, também sentia muita falta da Nat e não via a hora da próxima semana chegar e ela estar de volta. Ouvi um barulho vindo da cozinha e entrei na casa de novo, era Fernando mexendo na geladeira. Da mesma forma que ele não me respondeu, eu passei direto por ele indo para o quarto. Guardei as coisas que tinha tirado do lugar. Ele estava na porta me olhando, quando o encarei ele estava com mágoa no olhar, aquilo partiu meu coração.
— A pessoa que atropelou sua mãe, ficou para chamar a emergência?
Aquela era definitivamente a última coisa que eu esperava ouvir, mas respondi rapidamente.
— Não, deixou minha mãe no meio da rua. Mas conseguiram encontrar o motorista e ele ficou preso por alguns meses.
— Porque ele atropelou e foi embora?
— Nando, eu...
— Porque?
— Ele estava bêbado.
— Ele é um monstro! Ele sabia que se bebesse não poderia dirigir, porque podia se machucar e machucar alguém e foi o que aconteceu! Então ele nem sequer ficou pra ajudar! O que eu fiz não foi uma boa coisa, mas eu não sou um monstro! Eu não prejudiquei ninguém que não merecia!
