CAPÍTULO XI

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Quando chegamos à casa dela, Jihye me levou diretamente para o quarto e fechou a porta.
Então era só um plano para me matar? Olhei em volta, analisando o ambiente, que não parecia ser dela. Bom, uma parte parecia, como a parede com pôsteres de bandas de garotos usando delineador e os retratos feitos com grafite. Mas também havia lindas fotos da natureza — uma onda quebrando contra uma pedra, a copa de uma árvore, um céu repleto de nuvens. Sobre a cômoda havia um vaso grande cheio de vidros do mar coloridos.
-         Você vai ao churrasco usando isso aí? — ela perguntou, chamando minha atenção de volta para ela. Jihye estava encarando meus sapatos.
Olhei para baixo tomado por um súbito pânico, mas lembrei quem estava me dando conselhos de moda.
-         Tive três votos de aprovação dos meninos. Ela suspirou.
-         Tudo bem. Tanto faz. Provavelmente meu irmão vai adorar. Você está... — E acenou com a mão para a minha roupa, como se isso contasse como um adjetivo. — Bom, enfim, é mais ou menos assim que as coisas vão acontecer...
-         Espera. Como assim "como as coisas vão acontecer"?
-         O que eu vou dizer a ele.
-         Ele não sabe? — eu praticamente gritei.
-         Shhh. — Ela olhou para a porta e balançou a cabeça. Eu pensei que ele tinha planejado tudo e que Jihye relutantemente concordara, mas o cara nem queria nada disso.
Ótimo, agora ele ia pensar que eu estava a fim dele ou alguma coisa assim, enquanto tudo o que ele queria era voltar com a ex. Quem não queria era Jihye. — Pode acreditar: ele vai ficar feliz por não ter que ir sozinho.
-         Espero que sim, ou então eu vou embora.
-         Ah, não, não vai. Você deve um favor ao meu irmão, e, mesmo que ele não saiba que isto é para o bem dele, você vai ter que me ajudar a convencê-lo.
-         Você quer a minha ajuda para convencer o seu irmão?
-         Só se for necessário. Espera aqui enquanto eu vou falar com ele. — Jihye saiu do quarto e fechou a porta com delicadeza.
Eu não ia ficar ali parado sem saber o que me esperava. Precisava descobrir o que ele pensava sobre tudo isso. Abri um pouco a porta quando Jihye desaparecia no fim do corredor e fui atrás dela.
Colei as costas na parede e fiquei ouvindo.
-         Oi, Jihye. E aí? — A voz do Taemin postiço trouxe de volta à minha mente sua imagem, os olhos castanhos comuns mas que tocavam em alguma parte do emocional de quem o via, o cabelo castanho, o queixo marcante, o porte.
-         Parece que você vai sair — Jihye comentou.
-         Vou.
-         Eu sei aonde você vai.
Quase consegui ouvir as sobrancelhas dele levantando.
-         E acho que não é uma boa ideia.
-         Você andou lendo minhas mensagens?
-         Ela te tratou como lixo, te traiu, e você vai dar a ela o prazer de chegar sozinho na festa.
-         Como você sabe que eu vou sozinho?
Tive que sufocar uma exclamação de surpresa. Ele já havia pensado em tudo sem a nossa ajuda. Na noite do baile de formatura, ele disse que nunca ia precisar de uma namorada ou namorado de mentira. Obviamente, era verdade. Jihye nem teria que revelar que eu estava ali, se ele realmente tinha companhia para ir ao churrasco. Provavelmente ela ficaria feliz porque o irmão havia arrumado alguém, por não precisar de mim.
-         Ah, por favor. Você não tem companhia. Vive dentro de casa desde que aquela vadi.. aff, mulher terminou o namoro.
Ele riu, e meu coração voltou ao ritmo normal.
-         Você está tentando ir à festa comigo, Jihye? Se quiser ir, é só falar.
-         Não quero. Minha presença não ia te ajudar em nada. O que eu quero é que você pareça confiante e prove que superou aquela garota horrível.
-         Ela não é horrível.
-         Acho que o tempo fez você esquecer o tamanho da traição. Ele baixou a voz.
-         Eu não esqueci.
-         Por que você vai, então? Por quê?
-         Acho que preciso colocar um ponto-final nessa história.
-         E você não pode falar com ela no colégio, por exemplo?
-         Não tenho encontrado com ela no colégio. Ela sai de lá para almoçar.
Não vou ficar procurando.
-         Mas você está aí, pronto... para ir procurar.
-         Para encerrar essa história.
-         Mas não é isso que vai acontecer. Eu conheço aquela garota. Ela só convidaria você por dois motivos. O primeiro, esfregar na sua cara como está feliz com "aquele que não deve ser nomeado" e ter certeza de que você não superou. O segundo, ela chutou o cara, percebeu que você é incrível e quer voltar. Tenho certeza de que é a segunda alternativa, e acho que você pode ser louco o bastante para aceitar essa menina de volta.
-         Não vou aceitar.
-         Tem razão. Não vai, porque eu arranjei alguém para ir com você. Não uma garota, mas uma pessoa maravilhosa que vai fingir que está apaixonada por você.
-         Você contratou uma acompanhante para mim? Jihye riu.
-         Esse era o plano B.
Houve um instante de silêncio, depois ele perguntou: — Está falando sério? Você arrumou mesmo alguém para ir comigo?
-         É sério. É ELE, e ele está aqui em casa.
-         Jihye! Não. Isso não vai acontecer. Pode dispensar o coitado.
-         Não é um coitado. Ele sabe o que veio fazer aqui.
-         E concordou com isso?
-         Sim, ele te deve um favor.
-         Ele me deve um favor...?
Obviamente ele não pensava em mim tanto quanto eu pensava nele, porque uma dica como essa deveria ter sido suficiente para ele saber imediatamente que a pessoa era eu.
Jihye pigarreou.
-         Eu sei que você está no corredor. Pode sair daí.
Como ela sabia? Eu não queria aparecer agora, porque estava me sentindo mais que idiota. Só queria ir para casa... depois de perguntar por que ele tinha aceitado entrar comigo no baile.
-         Alô! Hora de sair daí. Você prometeu.
Engoli a saliva e saí de trás da parede do corredor.
O dublê de Taemin arregalou os olhos e me examinou da cabeça aos pés.
-         Jimin? — E olhou para a irmã. — O Jimin?
-         É, o Jimin — ela confirmou. — De nada.
-         Não tive nada a ver com isso. — Ele puxou a gola da camiseta, que tinha a seguinte frase: "Você não pode me tirar o céu". O cabelo dele precisava de atenção novamente, mas ele era mais fofo do que eu lembrava.
-         Sim. Bom, eu sei... agora.
-         Não precisa ir comigo. Você está incrível, de verdade, mas prefiro ir sozinho. Nada pessoal.
-         Eu sei. — Tecnicamente, eu nem queria ir a essa porcaria de festa cheia de gente que eu não conhecia, talvez ele fosse um hetero que só queria a ex de volta, mas ouvir o cara dizer que não queria que eu fosse foi meio que um soco no estômago. Ele preferia ir sozinho a ter que me levar? Tudo bem. Não tinha importância. Se eu fosse embora agora, poderia ir à festa do Yoongi com os meus amigos. — Acho melhor eu ir para casa.
-         Sim — concordou o dublê de Taemin. Ao mesmo tempo, Jihye falou: — Não!
Olhei para cada um deles. O olhar de Jihye era suplicante. Eu disse que tentaria convencê-lo, aceitei ajudá-la. Ele não devia ir sozinho à festa da ex- namorada.
Principalmente se tinha a intenção de voltar com ela.
-         Escuta, não preciso fingir que sou seu namorado. Posso ir como seu amigo.
-         Não quero te obrigar a isso.
-         Não vai me obrigar. E eu já me arrumei. Ele sorriu.
-         Não podemos permitir esse desperdício.
-         Não é?
— Ótimo — disse Jihye. — Estamos combinados. — E segurou meu braço para me levar de volta ao quarto dela, antes que o irmão pudesse protestar. — Só preciso ter uma conversa rápida com o Jimin, depois vocês podem ir.
-         Tudo bem — ele respondeu.
Quando chegamos ao quarto, ela olhou para mim.
-         Boa ideia essa de ir como amigo. Quando chegar lá, você vai poder segurar a mão dele, beijar o rosto dele e fazer outras coisas de namorado. O que for preciso para fazer essa história colar.
-         Jihye, eu falei sério quando disse que iria como amigo. Não foi um truque. É evidente que ele quer a ex de volta.
-         Você também percebeu?
-         Sim. — Tudo bem que ele estava falando em ponto-final, mas era óbvio que queria voltar. — Pelo menos ele aceitou a minha companhia, certo? — Quando estava saindo, avistei alguns produtos para cabelo sobre a cômoda. — Vou pegar emprestado — falei e guardei um tubo de gel no bolso.
-         Faça o seu trabalho — Jihye respondeu enquanto eu saía. — Ainda não é tarde demais para salvar o meu irmão.
Eu não ia forçar ninguém a me exibir como namorado de mentira, então apenas ri e fui procurar o dublê de Taemin.

Namorado de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora