CAPÍTULO XXII

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-         Não acredito que vocês levaram três horas para fazer dezesseis perguntas. Três horas.
-        Culpa do Jimin. As perguntas mais longas foram as dele — Jihye declarou. Eu ri.
-        Se você não analisasse cada uma das minhas perguntas, Jungkook, eu não teria demorado tanto. E ainda temos mais quatro.
Ele entrou no estacionamento da universidade.
-         Tenho a sensação de que vou ter que mudar minha resposta para alguma coisa mais empolgante, depois de tanta expectativa. Como na última vez.
-         Espera. Você está dizendo que o seu nome não é Jungkook? - Ele bateu de leve no meu braço com a mão fechada.
-         Não, só que construímos uma expectativa enorme na última vez, e eu tive a sensação de que precisava mudar meu nome.
-         Você não pode mudar a resposta. Isso é trapaça. Mas vamos parar o jogo, porque já chegamos.
-         Ah, que bom, mais expectativa. — Ele parou em uma vaga e desligou o motor.
Olhei para os prédios grandes à nossa frente. Descemos do carro, e Jungkook o trancou.
-         Estou animado para surpreender o meu irmão. Nunca fiz nada parecido.
Ele colocou algumas moedas no parquímetro.
-         Ele vai adorar, tenho certeza.
-         Ou vai ficar irritado. Uma coisa ou outra — Jihye opinou, com um sorriso de provocação.
Jungkook a imobilizou com uma gravata, e ela gritou de um jeito que nunca imaginei que pudesse.
-         Que é isso, Jihye? Irritado? Como é que pode dois irmãos se irritarem?
-         Ele a soltou, e ela deu um soco em seu peito. Jungkook permaneceu entre nós enquanto andávamos, e Nate ficou do outro lado de Jihye. Depois de um minuto, Jungkook apoiou um braço nos ombros de Jihye e o outro sobre os meus. Ah, que bom, entrei na categoria "irmãozinho".
Peguei o convite para ver o nome do prédio onde aconteceria a cerimônia: Gowan Hall. Eu havia estado naquele campus algumas vezes, duas por causa do Jin, duas para visitar Taemin, mas não lembrava onde ficavam todas as coisas. Paramos na frente de um mapa do campus.
Vi imediatamente o café onde conheci Taemin. Esperava sentir alguma coisa, a perda, a saudade, mas não havia nada.
-         Deve ser no departamento de teatro e cinema, certo? — O dedo de Jungkook tocou, no mapa, o prédio ao lado daquele para o qual eu estava olhando.
-         Já veio aqui antes?
-         Não, mas tenho pensado em me transferir para cá. O programa do curso de teatro é incrível.
Por isso ele quis vir? Para conhecer o campus, encontrar motivação?
-         Você devia começar o curso aqui, então — sugeri. Seria divertido ter Jungkook na KAIST comigo.
-         Preciso fazer as matérias básicas em algum lugar mais barato.
-         É, nem todo mundo tem bolsa — Jihye comentou. Como ela sabia disso? Jihye pesquisou sobre mim?
-         Você tem bolsa para a KAIST? — Jungkook perguntou. — A cada minuto que passa aprendo mais sobre você.
-         Preciso tirar uma foto — falei, em parte para mudar de assunto, em parte porque tive uma ideia. — Fiquem ao lado do mapa do campus.
Jungkook ameaçou protestar, mas dei um empurrãozinho nele.
-         Vai logo.
Recuei vários passos e peguei o celular.
-         Tudo bem, hum, Nate, chega um pouco mais perto da Jihye. Isso, melhor. Um pouco mais perto, na verdade. Muito bom. Agora abraça a Jihye, como o Jungkook está fazendo. Vai ficar mais legal. — O rosto de Jihye ficou um pouco corado, e a cara aborrecida de Jungkook virou um sorriso. — Digam KAIST.
Depois de comer alguma coisa, chegamos ao teatro com uns dez minutos de antecedência, mas não vi meu irmão em lugar nenhum.
-         Ligo para ele?
-         Seria divertido se ele te visse na plateia — opinou Jihye. — A gente pode falar com ele depois.
-         É, boa ideia. — A ideia era boa porque eu estava nervoso. Ele havia pedido para eu não vir, e eu tinha medo de estragar a noite especial do meu irmão com a minha presença. Ignorei o receio. Ele ia ficar feliz. Eu ficaria, no lugar dele, se o visse na plateia no dia do meu discurso de campanha, ou em uma das várias vezes em que tive que discursar diante do colégio.
Alguns minutos antes das seis, as luzes foram apagadas e um telão se acendeu no palco. Eu ainda estava tentando localizar meu irmão, que agora imaginava estar sentado na primeira fila. Mas a parte de trás de sua cabeça parecia tanto com a de tantas outras: cabelo preto na metade da gola da camisa. Quando o relógio do meu celular marcou seis horas, um homem alto ocupou o pódio no palco e bateu com o dedo no microfone algumas vezes.
-         Olá, amigos, familiares e, é claro, alunos do curso de cinema. É um prazer ver todos aqui. Sou o dr. Han, chefe do departamento de cinema. Bem-vindos à nossa cerimônia de premiação de fim de ano, na qual destacamos as melhores produções do período letivo. Sei que o tempo de vocês é valioso, então vamos direto ao ponto.
Meu irmão estava certo: a cerimônia era lenta. Um trecho de cada filme era exibido depois do anúncio do prêmio que ele havia recebido. Eram trechos curtos demais para entender o filme, mas longos o suficiente para a cerimônia se tornar arrastada. Peguei o celular e mandei uma mensagem para Jungkook.

"Serve para uma competição esportiva? "

Namorado de AluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora