O Arrependimento

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Distrito de Geumjeong, Busan.

As paredes de madeira que mantinham o quarto de Tzuyu longe do frio eram as únicas testemunhas da noite não dormida da alfa. A loba levantou-se de sua cama, parando junto à janela, direcionando seus olhos para o lado exterior da casa. A chuva fraca molhava o solo, e enquanto observava, as memórias do que havia acontecido algumas horas atrás voltavam a sua cabeça; lembrar dos toques de Sana em sua pele fez a morena sentir seu corpo arrepiar. Ela sacode a cabeça ao tentar esquecer o que aconteceu, mesmo sabendo que seria impossível.

Voltando a deitar-se em sua cama, ela esperava conseguir dormir o mais rápido possível, o que não é bem sucedido já que sua cabeça faz questão de lhe fazer lembrar que na manhã seguinte estaria sentada ao seu lado, sentindo o cheiro forte de seu perfume exalando por todo ambiente, inebriando todos os seus sentidos. Com isso, mais uma vez ela levanta, dessa vez abrindo cuidadosamente a porta do quarto e descendo cada degrau silenciosamente.

Ao chegar na sala, esperava não encontrar ninguém, mas para sua surpresa, sua mãe estava ali.

— Você esteve com a vampira. – ela nota. Tzuyu se sente envergonhada naquele momento, com medo de que a mais velha conseguisse ver em seu rosto o que ela tivera feito com a outra garota.

— Nós tivemos que… Fazer um trabalho juntas.

— Minha querida… Há coisas que eu e seu pai escondemos de você, e eu não acho justo te deixar totalmente no escuro agora que estou partindo. – a alfa se aproxima mais da poltrona em que sua progenitora estava, confusa – Em breve, você terá memórias quando eu me for. Sou o último empecilho vivo que bloqueia suas lembranças. Agora, estou fraca e esse bloqueio vem sendo quebrado, imagino que tenha muitas perguntas a fazer.

— Mãe… 

— Não disse que posso respondê-las, querida. Mas quero que confie no seu instinto, e saiba que algumas coisas estavam dentro de você o tempo todo. Não tem ninguém tentando te manipular, e eu sei que quando chegar a hora, você pensará que sim. Agora vá, sei que tem muito o que pensar. 

Sem saber como prosseguir, Tzuyu apenas faz o que lhe fora dito e sai da casa, seguindo em direção a floresta apenas para espairecer.

Mais uma vez, um vislumbre de Sana lhe vem a cabeça, junto com uma forte pontada, fazendo a loba arfar de dor. Por algum motivo, seu coração havia acelerado e ela sentia que devia ir para um ponto específico na floresta.

Sana precisava de sua ajuda.

Ela não fazia ideia do porque ela sabia disso, mas tudo que fez foi se transformar na sua versão licantropa e correr como se sua vida dependesse disso. Bem, a sua vida não dependia, talvez a de outra pessoa.

Um grito de dor chega aos seus ouvidos quando ela se aproxima do lugar em que sabia que devia ir, encontrando Sana segurando um dos membros do seu clã nos braços.

Ao notar a aproximação, Sana ataca, mesmo com a perna visivelmente machucada, ela usa toda sua força, colocando suas mãos ao redor do pescoço do lobo que era ao menos um metro e meio maior que ela, suas presas prontas para morder a carne peluda quando Tzuyu contra-ataca, a jogando um pouco longe de si. 

Antes que a japonesa ataque novamente, Tzuyu olha nos olhos dela, a fazendo com que a vampira a reconheça. 

— O que faz aqui? – ela volta mancando até o corpo que fora esquecido enquanto elas tinham seu curto embate. – Aguenta firme, Sunmi pode cuidar disso. É só a Tzuyu. 

— O que quer dizer com “É só a Tzuyu”, Sana? Você viu o que me atacou! Era igual a ela!

— Não era ela. – a voz de Sana soa autoritária, como se a acusação lhe ofendesse. Ao voltar a olhar para a taiwanesa, a encontra despida, já em sua forma humana. – Por Deus, se cubra.

Ela remove sua inseparável jaqueta e a joga na direção da mais alta, desviando o olhar.

— Eu posso levá-lo. Posso me transformar e você pode deixa-lo nas minhas costas.

— Eu não vou deixar meu irmão nas suas mãos.

— Vamos, ele está machucado, e você também. Você sabe que eu jamais faria qualquer mal a ele, e também quero saber o que aconteceu aqui. 

Suspirando, Sana faz sinal com a cabeça para Tzuyu, que joga de volta a jaqueta para Sana antes de voltar a sua forma lupina. 

— Você vai ficar bem, okay? – a japonesa diz ao irmão, o levantando com pouca dificuldade por conta de sua perna, indo em direção a loba. – Você sabe onde ir.

Entretanto, Tzuyu não se mexe, olhando para a vampira até que ela entenda o recado, montando também nas costas dela. 

— Não nos deixe cair. 

Sabendo que Sana não parecia confortável com a "carona", Tzuyu começa a correr numa velocidade moderada, com cuidado para que os vampiros não caiam. Sabia que não seria um problema se corresse muito rápido, afinal eles eram vampiros, porém preferia optar pelo cuidado visto que ambos estavam machucados. 

Nesse momento, ela percebe que de alguma forma desenvolveu uma conexão com Sana, já que seu coração só sentiu alívio ao ver a casa da outra, sabendo que essa emoção não devia pertencer a si e sim a vampira.

E ela sabia que de alguma forma, sua mãe sabia o porquê disso.

Varrendo esses pensamentos para longe pelo momento, Tzuyu é recebida pelo resto do clã Lee na porta da casa deles. Aparentemente, Jennie tinha os visto chegando e alertou a todos para ficarem de prontidão na entrada.

— O que aconteceu com vocês? – Chungha puxa Tzuyu para dentro enquanto Sana e Taehyung eram puxados pelos outros.

— Ele disse que viu alguma coisa na floresta. – Sana aponta para Taehyung, que havia desmaiado no caminho para casa, sem suportar a dor.

— O que atacou ele? 

— Vampiro. – Sunmi responde a Irene, ganhando a atenção de Sana.

— Não, era um lobo. Era muito rápido e forte, mas era um lobo.

— Sana, querida. A mordida é de vampiro. 

— Você só pode estar brincando…

A alfa então intervém, fazendo com que os Lee todos virassem em sua direção.

— Não tem probabilidade de um vampiro e um lobo estarem andando em conjunto?

— Claro que não, não seja idiota, vampiros e lobos não trabalham juntos.

Sana responde, fazendo Joohyun ficar inquieta.

— Não é hora para brigar, precisamos cuidar de Taehyung. Joohyun, por favor, traga meus materiais. Seja o que for que mordeu ele, deixou uma espécie de veneno. E nós não vamos perder mais um.

Irene rapidamente faz o que lhe foi pedido, entregando a sua "mãe" tudo que podia, e ajudando a limpar a mordida que ficava bem no braço esquerdo do vampiro.

Sem um aviso prévio, Chungha enfia suas proprias presas no pulso de Taehyung, tentando puxar todo veneno que estava em seu corpo.

— Isso é normal? – Tzuyu questiona, recebendo apenas um acenar de cabeça de Jennie, que olhava preocupada a cena. — Sana, precisa cuidar da sua perna também.

— Foi apenas uma pancada, logo ele estará bem.

Ao ver a esposa terminar de puxar o veneno do filho, Sunmi se aproxima e Chungha deixa Irene terminar de fazer o trabalho.

Sem esperar que a outra fale qualquer coisa, Sunmi olha nos olhos da esposa antes de dizer:

— Temos que chamá-los. 

•••

Bem, até que vim rápido após a nota, não é? Mas foi tudo graças a isntshiba que sempre me salva em todos os momentos e me ajuda a colocar a cabeça no lugar. Não vou desistir de Teeth, e agradeçam a ela pelo capítulo!

Até breve.

Teeth • SATZUOnde histórias criam vida. Descubra agora