Luzes florescentes

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Distrito de Geumjeong, Busan.

As paredes feitas com cimento protegiam Tzuyu da chuva que caía do lado de fora, pela janela ela via poças de lama se formando, observava as folhas das árvores balançando e as gotas que escorriam pelo vidro. A garota estava tão absorta em seus pensamentos que não ouviu quando sua mãe chamou, acabando por se assustar quando a mulher tocou em seu ombro.

— Filha? Você vai perder a hora.

— Já estou indo, mamãe.

— No que tanto pensa? — A mulher questionou ao lado da mais nova, com as mãos para trás, diferente de Tzuyu, que tinha os braços cruzados junto de seu próprio corpo.

— Ainda penso no que contou, como seria possível que um lobo se apaixonasse por uma pessoa tão ardilosa como são os vampiros? Apaixonar-se ao ponto de ter um filho com esse ser.

— Nunca podemos escolher aquela pessoa pela qual vamos nos apaixonar, acho que essa é uma das únicas coisas que não está ao nosso alcance. Agora ande, não quero outra reclamação por atraso sua.

A menina deixou um selar rápido na testa de sua mãe e saiu do quarto, descendo as escadas tranquilamente, passou pela sala e viu a irmã sentada no sofá, ao lado de Jimin, os dois conversavam baixo, mas Tzuyu pôde ouvir claramente o que falavam.

— O que vocês querem dizer com "iremos voltar e ir atrás do híbrido"? — Repetiu o que disseram fazendo aspas com os dedos ao se aproximar. O olhar da menina era duro, assim como sua expressão, era visível que ela não estava para brincadeiras naquela manhã. — Vocês estão loucos?

— Tzuyu, isso é coisa nossa, ele nos atacou, cabe a nós acabarmos com ele. — Jimin disse pegando a própria mochila e levando ao ombro. Era visível que o menino ainda não estava totalmente curado, mas quem iria colocar isso na cabeça dele?

— Vocês trabalham sozinhos agora? São vocês quem decidem as coisas? Eu tenho quase certeza de que quem toma as decisões sou eu, e se eu disse que nós vamos fazer isso juntos, é porque iremos fazer isso, juntos! — A mais nova entre eles disse firme, fazendo Seolhyun abaixar a cabeça e assentir, assim como Jimin, que andou lentamente até estar a seu lado, iam juntos a escola.

— Desculpe, Tzu, apenas não queríamos que vocês se machucassem. — A morena disse, e Tzuyu abriu um sorriso ladino, indo até ela e a dando um breve abraço, se afastando ainda com uma mão em seu ombro, focando em seus olhos para então proferir as palavras.

— Seolhyun-ssi, nós somos uma família, fazemos as coisas juntos, um pelo bem do outro, ninguém nunca vai estar sozinho ou fazer as coisas sozinhos. Somos um só. — A Kim assentiu puxando Tzuyu para um novo abraço, que logo foi aderido por Jimin, que se jogou sem nenhum jeito por cima das duas, fazendo todos ali soltam gemidos de dor, mas logo rindo da situação.

•••

Pela janela do banco de trás, Sana seguia uma gota de chuva que rolava pelo vidro, se unindo a outras e por fim chegando ao fim, sumindo da vista da Minatozaki, ela repetia esse ato com diversas gotas aleatórias, totalmente alheia a conversa que os outros estavam tendo. Taehyung era o que dirigia naquela manhã, Sunmi havia os dados seus carros de volta, mas pelo dia chuvoso, a japonesa optou por não pilotar sua moto.

Ela tinha sua mente presa na hipótese de ver Tzuyu novamente, lhe intrigava o fato de que aquela menina tinha os mesmos olhos expressivos de sua Tzuyu, a mesma voz calma e melodiosa de sua Tzuyu, a mesma cor de cabelo que a sua Tzuyu, mas aparentemente, aquela não era sua Tzuyu. Afinal, ela havia morrido em seus braços, não é mesmo?

Teeth • SATZUOnde histórias criam vida. Descubra agora