Capítulo 22 - É futebol e muito pancadaria!

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- Não gosto de tomar vacina, caramba! – Cléber reclamou, tirando a blusa social e eu ri fracamente. – Não ria!

- Como não?! Olha o seu tamanho, Cléber! – Falei, vendo os atendentes rirem da cena dele.

- E tem tatuagem! – A moça falou e eu vi uma tatuagem na lateral do seu corpo, me fazendo negar com a cabeça.

- Para de graça, Cléber, vamos! – Casemiro falou, erguendo a manga da blusa e ficando ao lado de uma atendente. – Cacete de agulha! – Ele brincou e eu ri fracamente.

- Ah, vocês são ridículos! – Falei, vendo eles gargalharem e suspirei, virando o corpo na cadeira, vendo a fila para tomar vacina.

- Fica feliz que você não precisa tomar! – Jesus gritou e eu neguei com a cabeça.

- Cara, eu não tenho problemas nenhum com agulha. – Falei.

- Tem tatuagem? – Ele perguntou.

- Não! – Alisson gritou.

- Uh! – Os garotos começaram a zoar.

- Por falta de oportunidade. – Falei rapidamente. – Quem sabe se vocês ganharem essa competição eu não faça algo? – Dei de ombros e Alisson piscou para mim.

- No duro? – Firmino saiu da fila, se aproximando de mim.

- Ei, nem vem! Você está de castigo ainda, não vou fazer acordo nenhum contigo! – Falei, vendo o pessoal rir.

- Olha o que o pombo faz com a gente! – Dani reclamou e eu ri fracamente, negando com a cabeça.

Alisson tomou sua vacina e se jogou ao meu lado no sofá, passei a mão no pontinho de sangue em seu braço e abaixei sua manga, apoiando a cabeça ali. Ele ergueu o braço, me apertando pelos ombros e eu sorri.

- Cansada? – Ele perguntou.

- São quase quatro da manhã, amor. – Suspirei. – Já deu minha hora faz tempo! – Falei, ouvindo-o rir.

- Hoje foi divertido, vai! – Ele falou e dei um meio sorriso.

- Depois dos pênaltis, sim, foi! – Ele riu fracamente.

- A injeção é na bunda? – Marquinhos gritou entrando na sala e eu revirei os olhos.

- Tá doida para mostrar a bunda, né?! – Alisson gritou e gargalhamos.

- Ah, vocês são impossíveis. – Falei, suspirando.

A delegação completa, incluindo todo mundo mesmo, todos os assistentes técnicos, todos os assistentes, ajudantes, fisioterapeutas, além dos jogadores, davam 64 pessoas, e foi hilário ver toda essa galera ser vacinada. Aqueles jogadores que se matavam, eram derrubados no chão, pisoteados e muito mais, mas eram medrosos, então foi só risada.

Depois que terminamos tudo, nos despedimos dos profissionais da saúde e fomos jantar, o sol já estava quase nascendo, então subimos para nossos quartos, eu ainda tomei uma ducha para baixar a adrenalina – Alisson tinha tomado após o jogo – e fomos deitar. Amanhã teríamos treino no CT do Grêmio antes de irmos para Belo Horizonte.

Pensar no próximo adversário nosso era foda, tinha tudo para ser a Argentina, tudo mesmo, a Venezuela deu sorte de ir para as quartas por uma histeria coletiva, eles haviam empatado dois jogos e ganho um na fase de grupos. Agora era contra a Argentina que, apesar de tudo, só tinha ganho em cima do Catar, o resto perdeu ou empatou.

Mas, apesar do nosso grande rival, o nosso jogo seria no Mineirão e a última vez que a Seleção jogou lá foi no fatídico sete a um. Tínhamos duas ou três pessoas do elenco do sete a um na delegação, acho que Thiago, Marquinhos e Dani, mas era um peso que a gente acabava carregando como Seleção. Com a Argentina, então?! Era real para chorar.

Passaporte Brasil, 2019 | Alisson BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora