Epílogo

276 10 18
                                    

- Já foi? – Minha mãe perguntou.

- Ainda não. – Suspirei e olhei para ela que vinha com uma bandeja com alguns salgadinhos fritos e copos de acrílico cheios de suco.

- Hum... – Sorri com o cheiro. – Quer comer, Nena? – Perguntei, acariciando sua cabeça.

- Quero! – Ela falou animada, rolando para o chão para se levantar e eu ri fracamente, me sentando também, apoiando a mão nas costas e me levantei devagar.

Estendi minhas mãos para cima, fazendo um alongamento e me sentei novamente no sofá, pegando uma coxinha e coloquei-a na boca. Helena pegou algumas em suas mãos e se aninhou ao meu lado com seu copo fechado.

- Cadê Magali? – Perguntei.

- Já está subindo, foi servir o pudim. – Minha mãe falou e eu suspirei.

- Ah, gente! Eu não posso mais engordar. – Falei e ela riu.

- Só mais um tempinho, meu amor. – Suspirei, levando a mão até minha barriga descoberta devido ao top que eu usava e senti o pezinho de Mini na mesma.

- Ela podia ter nascido antes, era para eu estar lá! – Apontei para a televisão aonde passava a premiação do FIFA The Best.

- São coisas que acontecem, filha. – Ela falou e eu peguei uma bolinha de queijo, colocando na boca, evitando algum comentário irritadiço.

Eu ainda tinha cerca de uma ou duas semanas de Mini aqui no forninho para completar os nove meses, e quatro semanas para as máximas 42 semanas, mas pelo tamanho da minha barriga e por eu estar louca para ir na premiação com Alisson, esperava que ela nascesse antes, mas obviamente não aconteceu. Então eu estava no sofá de casa com minha mãe, sogra e enteada, enquanto ele estava em Milão na premiação, todos na expectativa que ele ganhasse o prêmio de melhor goleiro do mundo.

Afinal, era difícil ter outro ganhador, as outras opções eram Ederson e Ter Stegen, mas só Alisson teve tanta vitória esse ano, Champions e Copa América. Peguei o copo do suco e dei um gole, colocando-o de volta na bandeja e abracei Nena, passando a mão por cima de sua cabeça.

- Alguém quer pudim? – Magali apareceu nas escadas, colocando outra bandeja na mesa de centro e sorrimos.

- Eu vou querer depois, com toda certeza. – Falei, ouvindo-as rirem.

- Eu também. – Nena falou e eu sorri, apertando-a contra meu corpo e peguei outro salgadinho com a mão, colocando-o na boca.

- Agora vai! – Minha mãe falou animada quando o telão da premiação mudou e apareceu Alisson, Ederson e Ter Stegen, e Marta subiu no palco.

- Ah, vai, Senhor! – Suspirei, fazendo um rápido sinal da cruz.

- Vai, papai! – Nena gritou ao meu lado.

- Boa noite! – Marta falou. – Buona sera! – Ri fracamente. – Let's go! – Ela disse, abrindo o envelope. – E o vencedor é... – Ela olhou para o envelope, abrindo um largo sorriso. – Alisson Becker.

- Ah! – Comemoramos em casa com gritos e aplausos.

As pessoas aplaudiram, focando no técnico do Liverpool, Jürgen Klopp, Ederson, Ter Stegen e franzi a testa ao ver que ele não aparecia. A câmera subiu e nada dele aparecer. Klopp apareceu gargalhando.

- Aonde ele está? – Perguntei, franzindo o rosto.

- Ah, filho! – Magali falou e eu ri fracamente.

- Ah, Alissinho! – Gemi, colocando a mão no rosto.

- Onde está Alisson Becker? – Outro apresentador apareceu. – Ah, ali! – Alisson apareceu no fundo do teatro, me fazendo gargalhar.

- Não me diga que ele estava no banheiro. – Ri sozinha, ouvindo Nena gargalhando ao meu lado.

- Ele está muito envergonhado, coitado. – Minha mãe falou e eu neguei com a cabeça.

- O brasileiro Alisson Becker é parte importante do Liverpool, tive que conquistou a Europa. E da Seleção que ganhou a Copa América. – O outro apresentador falou enquanto Alisson subia no palco e ele cumprimentou Marta, com um sorriso no rosto.

- Sorry. – Foi a primeira coisa que ele falou e eu joguei a cabeça para trás rindo. – It's not my fault! – Ele disse e eu neguei com a cabeça. – É um grade prazer receber esse prêmio, esse prêmio representa tudo que eu trabalhei durante a minha vida até chegar aqui. E eu gostaria de agradecer à minha noiva, à minha família, minhas filhas Helena e Minerva, prestes a nascer...

- Ah! – Minha mãe falou e eu sorri, rindo fracamente.

- Aos meus pais, a todos aqueles que me ajudaram a chegar até aqui... – Ele riu fracamente. – Estou sem palavras, obrigado Deus por me abençoar com tanta honra de estar aqui em um lugar como esse recebendo este prêmio de uma grande atleta, a rainha Marta do nosso país, e acredito que aqui eu represento todo brasileiro, todo jovem brasileiro que sonha em ser jogador de futebol, então só tenho a dizer: não desista dos seus sonhos, lute sempre, porque eu saí do nada, lutei, valorizei o que eu sempre tive, valorizei o pouco, honrei Deus no pouco e Ele está me honrando no muito, então, muito obrigado, thank you very much! – Ele disse e eu sorri, suspirando.

- Ah, meu amor, você conseguiu. – Relaxei os ombros, vendo uma banda começar a se apresentar.

- Conseguiu, Alê. – Minha mãe falou e eu sorri.

- Bom, agora eu vou no banheiro e depois eu quero pudim! – Falei, me levantando, ajeitando as barras do shorts e peguei duas bolinhas de queijo.

- No banheiro, Alessandra? – Minha mãe falou.

- Até chegar lá, já acabou. – Dei de ombros, colocando uma inteira na boca e ela riu fracamente.

Segui em direção ao banheiro e senti minhas pernas apertarem como se eu tivesse feito xixi na calça e parei imediatamente, olhando para baixo e vendo o tecido claro do jeans manchado na região da virilha. Oh não! Senti uma pontada forte na barriga e o salgadinho foi para o chão.

- Filha, o que foi? – Ouvi minha mãe e virei meu corpo devagar, apoiando minha mão na parede.

- Eu acho que minha bolsa estourou. – Falei, puxando a respiração fortemente.

- Agora? – Magali levantou e eu assenti com a cabeça.

- Uhum. – Falei, suspirando.

- Vamos para o hospital agora! – Minha mãe falou rapidamente.

- Ela não pode nascer agora, mãe. – Suspirei, sentindo minha mãe me amparar pelas costas. – O Alisson não está aqui.

- Ela não está pensando muito nisso agora, querida! – Magali falou, seguindo até o elevador de emergência e apertando o botão, fazendo-o se abrir por já estar no andar.

- Vamos, filha! A gente liga para ele no caminho. – Minha mãe me empurrou. – Vem, Nena! – Ela chamou Helena.

- Mas eu estou bem, não estou sentindo nada.

- Ainda! – Ela disse e eu suspirei, seguindo com ela.

- Eu posso me trocar, pelo menos? – Perguntei.

- Vamos, filha! – Minha mãe me empurrou devagar.

- Mas o Alisson, ele...

- Ligamos para ele no meio do caminho, Alessandra. Ele vai chegar o mais rápido possível. – Magali falou e eu suspirei, entrando no elevador e vi as portas fecharem, me fazendo respirar fundo.

- Quando ele falou que estava prestes a nascer, não pensei que fosse tão sério. – Suspirei, sentindo minha barriga começar a apertar.

FIM

Passaporte Brasil, 2019 | Alisson BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora