Capítulo 1 - Voltando à Realidade

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- Como foi acordar essa manhã? – Bianca perguntou quando bocejei pela terceira vez naquela manhã.

- Triste. – Fui honesta e ela riu. – Eu não estava uma cama king size, eu não estava mais na Rússia e eu não tinha um cara lindo fazendo carinho em minha cabeça.

- Balde de água fria, hein?! – Suspirei.

- Sim, mas ok, eu ainda tenho o melhor trabalho do mundo e acabo de ser promovida. – Rimos juntos.

- Vai ter bom te ter na nossa equipe, Alessandra. – Angelica apareceu e eu sorri. – Apesar de que você já faz parte dela há um tempinho. – Rimos juntas.

- Ouvi dizer que não vai trabalhar mais com a gente. – Falei, girando a cadeira.

- Internamente sim, só não vou mais em viagens, vou colocar a Diana para ir com vocês. – A morena acenou e sorrimos de volta.

- Oi, Diana! – Falamos juntas, acenando para ela.

- É bom que essa turma de mulheres se mantenha firme. - Ela disse.

- Vai sim, em um mundo machista como o do futebol, precisamos fazer tudo para que as mulheres ganhem espaço. – Bianca disse e eu pisquei, sorrindo.

- Bom, vamos trabalhar? – Angelica falou após engolir mais um pão de queijo e rimos.

- O que eu faço? – Perguntei, me levantando da cadeira que eu ocupava de Lucas, já que ele estava falando com Michele.

- Vem conversar comigo antes. – Angelica estendeu a mão e eu me levantei, sentindo Vinícius me abraçar rapidamente pela cintura quando passei por ele e a segui até a sala dela.

Era uma sala tão grande quanto a de Michele, mas diferente da nossa chefe, tinha várias mesas e computadores para que pudéssemos trabalhar juntos. Poucas vezes o pessoal dessa área ficava alocado na CBF, então era bem bacana ter um espaço diferente.

- Senta, Alessandra. – Ela disse e eu me sentei em frente à uma mesa. – Primeiro de tudo: feliz com seu novo cargo?

- Feliz? Eu estou nas nuvens, Angelica! Isso é incrível! – Falei rindo fracamente. – Como isso aconteceu? – Ela somente piscou. – Você?

- Alessandra, eu e a Bianca, tirando os meninos, vimos de perto seu auxílio na Copa do Mundo, como você desenrolou todos os trabalhos que foram jogados a você sem ter medo de errar ou de tirar dúvidas. Não tinha como você não vir para essa equipe. – Ela suspirou. – Além de que eu quero ajudar você e o Alisson a fazer isso dar certo. Eu o conheço desde a primeira convocação, ele é uma ótima pessoa e eu tenho certeza que vai valorizar esse relacionamento de vocês. Então, porque não unir o útil ao agradável e ajudar vocês a fazer esse relacionamento dar certo? – Ri fracamente.

- Mas mesmo assim, Angelica. Isso é loucura! Eu estou aqui há dois meses. E detalhe: já fui promovida duas vezes.

- Mostre seu valor que devolveremos na mesma moeda ou em alguma melhor. – Ela deu de ombros.

- Quem disse isso? – Perguntei.

- Um antigo treinador que eu conheci há alguns anos. Você chegou humilde e foi mostrando que merece esse trabalho, porque não? Além disso, um "obrigada" já seria o bastante. – Suspirei convencida.

- Obrigada, Angelica! Isso significa muito para mim. – Ela assentiu com a cabeça.

- Agora sim! – Rimos juntas. – Bom, a Michele pediu para eu te explicar como funciona esse trabalho, mas não é nada diferente do que fazíamos lá na Rússia, só que em todas as viagens que fazemos, tanto com a seleção masculina, quanto a feminina e as sub-15, sub-17 e sub-20 dos dois gêneros. – Assenti com a cabeça.

Passaporte Brasil, 2019 | Alisson BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora