Capítulo 04

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A leve camada de suor em meu corpo secava rápido devido ao ar condicionado. O frio voltava lentamente, arrepiando minha pele. Fiquei imóvel, olhando o teto. Estava completamente consciente de Veronica ao meu lado, assim como do aro em volta do meu pescoço. E de minha vagina, que só agora eu percebia estar dolorida.

Aliás, todo meu corpo parecia diferente, agora que o conhecera. Tive vontade de olhá-la, sentir novamente o seu toque. Nem que fosse só para me abraçar. Assim, criei coragem e virei de leve a cabeça, olhando para ela.

Veronica me fitou na mesma hora. Meu coração disparou como um louco. Lembrei dos seus beijos, de suas carícias e de tudo que ela me fizera sentir naquela noite. Surpresa, percebi que a queria de novo. Que talvez nunca ficasse completamente satisfeita enquanto ela estivesse tão perto de mim.

Sem pensar direito, ergui a mão para acariciar seu rosto. Ela me impediu, segurando meu pulso com firmeza, antes que eu o tocasse. Contive a respiração, vendo que ela me olhava com frieza.

- O que é, Toni? Quer mais uma sessão de sexo?

Fiquei vermelha e tentei puxar o braço, mas ela não deixou. Continuou a me segurar com firmeza.

- Sua grossa... - Murmurei, com raiva.

- O que você quer, Toni?

- Nada! - por fim ela soltou meu pulso. Arrastei o corpo para longe dela, tentando esconder que ela me magoara. - Conseguiu o que queria, Veronica. Por que não me solta agora?

- Quem disse que eu consegui o que queria? - Sorriu cinicamente e seu olhar percorreu meu corpo. - Quero muito mais. Tudo em seu devido tempo.

- Isso é loucura! Não pode me manter presa aqui,com essa maldita coleira!

- Posso. Por quê? Achou que bastaria me entregar sua virgindade, vir com aquele papo de que me esperou seis anos e me teria nas mãos? Fazendo as suas vontades? Franzi o cenho, revoltada.

- Você está maluca! Se estou aqui, é porque você me obrigou! E não te entreguei minha virgindade! Eu não tinha escolha.

- Escolheu ficar virgem, aos vinte três anos de idade. Onde você se escondia não tinha homens? Ou mulher Intersexual?

- Não é da sua conta.

- Mas disse que se guardou para mim. Não é irônico? - ela riu, sem vontade, sentando-se na cama sem deixar de me olhar.

- Fugiu de mim há seis anos para não me deixar deflorá-la e agora se guardou para mim.

- Esqueça o que eu disse! Nem conseguia pensar direito, eu... não te devo satisfações.

- Eu quero saber e você vai dizer. Por que continuou virgem?

Senti-me cansada, dolorida, exausta emocionalmente. Mas sabia que ela não me deixaria em paz.

- Porque não conheci ninguém por quem me apaixonasse. Veronica ergueu uma sobrancelha.

- Entendo. Estava se guardando para o amor de sua vida. Meio fora de moda nos dias atuais, não acha?

- Não sigo modas! Faço o que acho certo. É simples.

- Coitadinha. Acabei com os seus sonhos românticos de se casar de branco, não é? - Ela riu.Aproximou-se um pouco mais de mim. - E agora, o que vai fazer?

- Nada, Veronica. O que posso fazer se estou presa por uma brutamontes que vai me estuprar até cansar? -Indaguei, irritada.

- Não estuprei você. Mas não se preocupe. É uma possibilidade.

A coleira • LopazOnde histórias criam vida. Descubra agora