Capítulo 08

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Estava ansiosa demais para ficar parada, olhando para as paredes. Assim, liguei o aparelho de som, pus em uma rádio que só tocava música popular Internacional de qualidade e fiquei sentada na poltrona, acompanhando a letra baixinho. Tentava a todo custo relaxar, passar a tarde sem me remoer de um lado para outro na cama e acabei me distraindo. um pouco com as músicas e as notícias.

A noite chegou e eu desliguei o som e me enfiei sobre o edredom, pois o quarto já estava gelado. Tudo estava quieto e monótono, contudo eu sabia que não por muito tempo. Veronica não mandaria eu me depilar à toa.

Não sei quanto tempo fiquei ali, até que Aurora voltou. Ela trazia duas sacolas. Sentei-me na cama, desconfiada. Ela depositou as sacolas ao meu lado e foi soltar a corrente na cama, dizendo:

- A senhora Lodge mandou que a senhora tomasse banho, se perfumasse, maquiasse e vestisse essas roupas, Ela a espera para jantar, no quarto dela.

Abri as sacolas. Uma possuía uma sandália preta delicada, sem alças, de salto alto. A outra, um espartilho preto e macio, transparente, com cinta-liga. E uma meia calça que ia até o meio das coxas, onde havia um belo tecido rendado, também preta. Sorri sem vontade.

- É isso que você chama de roupa, Aurora?

Ela não respondeu.

- Quer dizer que ela me quer toda arrumada como uma puta. Tudo bem. De que me adianta reclamar, não é?

Levantei furiosa e levei tudo para o banheiro. Esperei Aurora prender a corrente e sair. Tive vontade de rasgar aquele espartilho com os dentes, mas lembrei de quando ela puxou o cinto para me dar uma surra.

Se eu fizesse isso, daquela vez não escaparia. Só me restava assumir o papel que ela me dera. Tomei banho e escovei bem os cabelos compridos, olhando-me no espelho. Meus olhos castanhos brilhavam de raiva e eu estava corada. Entretanto não havia nada que pudesse fazer.

Guardava meus objetos pessoais de higiene e beleza ali. Passei hidratante no corpo e perfume atrás das orelhas. Se ela me queria como piranha, teria. Contornei os olhos com delineador preto e deixei os cílios claros bem pesados, curvos e bem pretos, com o rímel. Minhas faces ficaram mais coradas com o blush nas maçãs do rosto. Um batom bem vermelho, quase cor de vinho, deixou minha boca bem chamativa.

Meus olhos pareciam maiores e ainda mais cinza. A maquiagem pesada me deixava com ar decadente, bem sexual. Eu parecia outra pessoa. Pus as meias, a sandália e o espartilho. Não havia calcinha e prendi as ligas nas meias rendadas. Olhei-me no espelho. Aquela não era eu.

Vi uma mulher Baixa, com cabelos compridos e castanhos, ondulados nas pontas. Os olhos destacavam-se, delineados de preto. A boca parecia maior, naquele vermelho sangue. O espartilho preto afinava ainda mais a cintura, deixava os seios mais redondos, quase pulando para fora da renda transparente.

As pernas longas cobertas pelo fino tecido preto da meia, chamava atenção para a pele exposta do alto das coxas e da vagina lisa, pequena, com a racha do meio bem visível. Não podia negar que eu estava linda. Mas me senti um lixo.

Uma puta de verdade. Tive vergonha de mim mesma, de sair dali exposta daquele jeito, com a bunda e o sexo à mostra, para satisfazer as vontades de uma mulher cruel, que me mantinha prisioneira. E o pior é que eu sabia que ela acabaria dominando aquela raiva, a minha vontade e faria o que quisesse comigo. No final das contas, eu estaria trêmula em seus braços, como uma cadela no cio.

- Estou pronta, Aurora.

Ela me olhou rapidamente. Soltou a corrente e me seguiu para o quarto. Indicou a porta e falou:

- O quarto da senhora Lodge fica em frente, senhora.

Abri a porta e saí para o corredor silencioso. Segurando com firmeza a corrente, Aurora bateu na porta de madeira escura. Aguardou um pouco atrás de mim.

A coleira • LopazOnde histórias criam vida. Descubra agora