Capítulo 01

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Antoinette Topaz point of view

Dias Atuais

Eu sentia-me exausta após as últimas horas. Em pouco tempo eu tivera que me desfazer de minha casa, arrumar minhas malas, deixar meu trabalho, me despedir de meus amigos, ir pela última vez ao túmulo da minha mãe e depois tomar um avião de volta para O EUA. Deixara meu lar em riverdale nos últimos seis anos e agora estava de volta. Apesar do cansaço,não conseguia relaxar e dormir. Sentia-me agitada e nervosa demais para isso.

Assim, recostada em meu assento perto da janela, mantinha meu olhar fixo no vidro escuro e minha mente longe da minha imagem refletida nela. Eu jurara que nunca mais voltaria em riverdale. Saíra de lá com minha mãe, praticamente fugida e, apesar de não ter nenhum problema com a lei do meu país e de estar fora há tempo demais para que alguém se lembrasse de mim, eu tivera medo de voltar. Mas não conseguira resistir. Há mais de dois anos, desde que minha mãe falecera, meu desejo de voltar à minha pátria só tinha aumentado.

E eu acabara me convencendo que não Corria perigo. Tudo havia esfriado.Sem querer, a lembrança de um par de olhos  e profundos voltou a me atormentar. Fora assim por seis anos. Eu nunca esquecera Veronica Lodge e seu olhar. Como poderia? Ela fora a causa de nossa fuga. E era agora o meu temor de voltar. Tentei me acalmar. Eu só o vira uma única vez. Eu morava então em Seul e tinha dezessete anos.
Agora os anos se passaram, eu tinha vinte e quatro e estava indo direto para Los Angeles. Ninguém sabia disso. Nem minha prima e amiga, para quem eu mandava e-mails muito raramente e que não sabia de meu paradeiro.

Minha única parenta viva. Clara tomaria um grande susto ao me ver. Minha mãe não concordaria com a minha volta. Várias vezes ela pediu que eu prometesse que me manteria longe do Estados Unidos. Ela achava que Veronica lodge estaria pronto para me pegar tão logo eu pusesse os pés no país.

Ela esperaria décadas, se preciso, para cobrar o que achava que eu lhe devia.
Fechei os olhos por um momento, pensando na loucura de tudo aquilo. Ela me comprara. Depois de nosso encontro em minha casa, Veronica Lodge, que estava com as empresas de minha Mãe nas mãos e que era a única capaz de tirá-la da falência total, fez a proposta impressionante: comprava as empresas, salvava os bens e a riqueza de nossa família. Tudo muito justo, uma proposta irrecusável. Em troca: eu. Ela me queria como sua amante.

Indefinidamente. Até enjoar, como ela garantiu a minha mãe que sempre acontecia em pouco tempo. Então ficaríamos todos satisfeitos. Eu continuaria a minha vida e nós continuaríamos ricas. Eu nem gostava de me recordar o susto que tomei na época. E o pior de tudo é que ela não precisava daquela proposta. Do jeito que reagi a ela só em vê-la, teria sido muito fácil me seduzir. Mas a proposta mudou tudo.

Eu não era prostituta. Eu era menor de idade, virgem, cheia de conceitos que meus pais incutiram em mim. É claro que disse não. E é claro que minha mãe nunca aceitaria aquilo. Mas as coisas não foram tão simples. Quando vi, estávamos embarcando para o Egito às escondidas e de lá desaparecemos do mapa. Minha séria e responsável mãe deu o golpe em todo mundo: sozinha, fingiu concordar com a proposta após muita relutância e, ajudada por sua fama de honestidade e de sempre honrar os compromissos, armou tudo: pegou o dinheiro, planejou nossa fuga e nos fez desaparecer sem que Veronica Lodge se desse conta do que estava acontecendo.

E sem que ela sequer me visse mais uma vez, quem dirá encostar a mão em mim. Ela não foi desonesta. Deixou uma parte do dinheiro da venda das empresas para Veronica Lodge, como pagamento. Saldou suas dívidas com os empregados. Ficou com apenas uma parte dos lucros, o bastante para nos sustentarmos um tempo em uma pequena cidade da Riverdale, vivendo numa pequena fazenda de videiras, sem luxos.

Abri os olhos e ajeitei-me na poltrona, irrequieta.  Tivemos uma boa vida lá. É claro que fomos cuidadosos e não pude fazer faculdade, com medo de ser rastreada  pelo nome. Tudo foi escolhido para que passássemos nossos dias em uma cidade esquecida do interior, com nomes disfarçados, levando uma vida simples e saudável. Fomos felizes, fizemos amigos, conseguimos paz. Mas a saudade do que deixamos para trás sempre esteve com a gente. E depois que Minha mãe morreu, tornou-se insuportável para mim.

A coleira • LopazOnde histórias criam vida. Descubra agora