Cap 5- Um príncipe sem coroa

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West passava o último cavalo para dentro do cubículo com feno e água para que passasse a noite. Ele trabalhava no estábulo do homem que fornecia montarias ao rei. E, por mais que adorasse o que fazia além de caçar, chegava tarde em casa.


- Cala a boca Lee! Eu já entendi!


- Jura? Porque não parece.


Alguns passos foram ouvidos e um garoto loiro, de rosto bonito e olhos verdes pisando forte e sem camisa passou por onde o domador estava. Um outro rapaz, maior e mais velho com olhos escuros e pequenos o alcançou e puxou seu braço.


- Se não aprender a morder a língua direito, não vai poder mais sair, Joah.


- Eu só queria saber -


- Não interessa. Além de grosso, intrometido e cabeça quente, sabia que podiam descobrir quem você é? Seu rosto não é tão diferente quando se percebe de perto as coisas.


- Não sou tão retardado assim. E não era eu quem estava dando mole pra garota.


- Mas essa era a sua intenção no início, antes de agir como um idiota. E não sou pedófilo, não estava dando em cima dela. - O rapaz pareceu sorrir. - Aliás,eu estou perdendo tempo conversando com você. Tenho coisas importantes ainda a serem feitas.


- É muito insolente para um soldado.


- É muito mimado e inconseqüente para um... - Mas ele se conteve. Seu olhar estava agora em West, que penteava silenciosamente o pêlo do alazão preto.


O menino bufava de raiva e ficou sem cor ao ver o homem alto com um elástico prendendo os cabelos negros para trás em um rabo, deixando as feições sérias ainda mais á mostra. Ele fingiu não ter escutado nada e só os ter notado na hora em que fechou a portinha de madeira.


- Boa noite.


- Boa noite senhor - Fora o mais alto que se pronunciara. O outro somente virou o rosto.


- Está aqui há quanto tempo? - E o loiro tremia os lábios. Era frio ou medo?


- Tempo suficiente para não ter ouvido nada... - West curvou a cabeça levemente para baixo - Vossa alteza.


Ele recolheu a jaqueta que Cierra havia remendado e saiu a passos largos do estábulo, mas conseguiu ver o rosto incrédulo do rapaz. Mas, mesmo que o príncipe estivesse fumando alucinógenos na sua frente ele não daria a mínima. Não se importava com a realeza - existia até uma época que queria que todos morressem, mas parou de dar muita importância. Tinha duas meninas pra criar sozinho.


Por falar nisso, as duas deveriam estar o esperando em casa. Sim, casa. O lugar onde ele conseguia relaxar. Era para lá, onde sua meninas estavam, que ele se encontrava quase completo.


Embora soubesse que o pedaço que faltava nunca mais voltaria.

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