Um telefonema antecipado seria bom. –Marcela sorriu, mas de nervoso ao ouvir a voz rouca e marcante de Gizelly. –Mas como sempre, você é cheia de surpresas Marcela.
Marcela levantou-se, encarando-a fixamente.
-Tive um compromisso aqui no centro esta manhã. Daí resolvi parar por aqui.
Aquilo explicava a roupa, calça preta social, saltos da mesma cor, camisa branca, blazer preto e cabelos perfeitamente presos em um rabo de cavalo.
-Então você teve uma reunião de negócios?
-Na verdade, encontrei com meu contador. –Ela lhe entregou um envelope que estava em suas mãos. Gizelly pegou sem entender muito bem. –Este é o esboço do fundo financeiro que estou criando para Ally, Brenda e a Claire. Os documentos verdadeiros ainda não foram emitidos porque quero que você examine primeiro e faça algumas mudanças se quiser. Você terá completo acesso aos fundos, e se precisar de mais, somente terá de me dizer.
-Marcela eu não fui atrás do seu dinheiro, não precisava que fosse financeiramente responsável pelas Tri se...
-Sei que não está atrás de dinheiro, você é uma boa mãe, tenho certeza que nunca faltou nada para as meninas, mas elas também são minha responsabilidade, e faço questão de prove-las, sei que sua despesa é alta.
Gizelly se imaginou se uma obrigação monetária era o único laço que Marcela planejava ter com as filhas. Entretanto, aceitaria qualquer coisa que proporcionasse uma vida melhor para elas, pelo menos até que pagasse todas suas dívidas e tivesse sua clínica particular estabelecida e funcionando novamente. Estava passando por tempos ruins, uns meses depois que se descobriu grávida, Gizelly recebeu uma notificação da justiça, tinha herdado uma dívida de banco de Talles, como ele tinha falecido a muito tempo ela achou que já estava resolvido, mas o que ela não sabia, era que o empréstimo estava no nome dela, na verdade, parte desse dinheiro foi usado para pagar a própria casa e o restante, para pagar o tratamento dele que não saiu barato. Moral da história; casa hipotecada. Como estava na residência já tinha desfeito do consultório. Era uma residente com quatro filhas para criar e sem casa. Tentou pagar um aluguel de um apartamento pequeno, mas ainda teria que pagar babás, escola da Alessia e as despesas. As coisas realmente se complicaram de uma só vez, conseguiu levar a situação até as Tri nascer, daí deu uma pausa na residência e voltou a clinicar, só que agora em um hospital, não tinha menor chance de abrir outro consultório naquele momento, foi aí que procurou Bianca, que na hora cedeu a casa para Gizelly, embora não fosse uma casa grande, todos ali viviam descentemente. Quando as Tri fizeram um ano, Gizelly voltou fazer residência.
-Gi, eu quero vê-las... Será que é possível? -Marcela perguntou com cautela.
Pelo menos aquilo respondia a uma das perguntas de Gizelly, e trazia algumas preocupações. Mas agora que envolvera Marcela na situação, não tinha como não atender ao pedido dela, especialmente quando ela parecia bem sincera.
-Elas literalmente tinham acabado de dormir quando as deixei no quarto, mas acho que pode que você pode dar uma olhada.
Gizelly conduziu Marcela até seu quarto, que também era quarto das bebês. Tinha três berços branco encostado em toda parede ao lado da cama de casal onde as meninas se encontravam todas adormecidas. Quando se aproximaram descobriram que Brenda não estava dormindo em absoluto, às vezes abria os olhinhos, mas logo voltava a fechar vencida pelo sono.
-Você pode se aproximar mais, se quiser. – Marcela abaixou na beirada da cama e olhou fixamente para o rostinho redondo de Brenda. Ela abriu os olhinhos pesados de sono e deu um sorrisinho, como se, de algum modo, sentisse que Marcela era uma convidada especial.
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De repente... Casa cheia
FanfictionDescobrir que tinha uma doença que supostamente poderia morrer, arruinou a vida de Marcela. A noticia era suficientemente ruim, mas qual impacto teria em sua relação com Gizelly? Elas estavam pensando em formar uma família. Estavam tentando ter um b...