Marcela nunca vira Gizelly tão "mal" desde que tinha se mudado com as crianças para sua casa. Ao seu ver, a morena estava à beira de uma crise de nervos. Era visível que toda a pressão e sobrecarga sobre ela já estava provocando um transtorno de ansiedade. Gizelly mal dormia ou comia, sempre tinha alguma coisa pra fazer, ou um estudo de caso, ou pesquisas. Com o final da residência, e começando a pensar na ideia que teria que ser responsável pelos seus pacientes sem supervisão as vezes a deixava em pânico, e isso a levava fazer horas e mais horas de pesquisas de situações mais frequentes no hospital. A verdade era que ela exigia muito de si mesma. Era o que todos à sua volta percebia.
***
Depois de ter tomado banho e de dar uma olhada nas crianças que se encontravam em um sono pesado, Gizelly foi procurar Marcela a fim de lhe pedir desculpas por ter sido grossa com ela, e também por não ter conseguido disfarçar sua insatisfação com os amigos da loira. Precisava fazê-la entender porque agiu como uma mal educada.
Gizelly a encontrou sentada no terraço, um braço sobre o encosto almofadado do banco, olhando para a piscina iluminada em azul. No momento em que ela se aproximou e parou na sua frente, Marcela não reconheceu sua presença. Ou estava perdida em seus pensamentos, ou ignorando-a deliberadamente.
-Eu só queria saber se você tem um pouco de canela... -As palavras saíram da boca da morena surpreendendo até ela própria. "Canela Gizelly? Qual é o meu problema meu Deus?" -Pensou incrédula com sua própria estupidez.
-Gabinete direito ao lado do fogão. -Replicou a loira sem entender muito bem o que Gizelly pretendia fazer com canela meado das duas da manhã.
Gizelly colocou os braços em volta da barriga.
-Eu queria te pedir desculpas. Sei que quando cheguei agi como uma rabugenta com seus amigos, revelei a gravidez da Amélia em uma tentativa inútil de parecer simpática, você apenas tentando me ajudar, e eu consigo ser grossa... Eu sinto muito por tudo.
-Desculpas aceitas... Acredite, está tudo bem de minha parte.
Gizelly arqueou a sobrancelha, Marcela estava com uma expressão linda, ela pode ver compreensão no olhar dela. Internamente Gizelly agradeceu a Deus por Marcela ser sempre tão avoada e tranquila.
-Você se importa se eu me sentar?
Marcela que estava até então mais centrada, se segurou para não rir. Gizelly apesar do cansaço, toda linda ali na sua frente com aquela camisola bege perguntando se podia sentar, aquilo deu asas à sua imaginação. Ela sacudiu levemente a cabeça se repreendendo por ser tão pervertida.
-Fique à vontade Gi. -Limitou-se a dizer.
Gizelly sentiu que precisava explicar alguma coisa, ou na verdade ela só queria alguém para ouvi-la. Com isso em mente, ela sentou-se no banco de balanço, mantendo um espaço razoável entre as duas.
-Eu tenho andado muito tensa, tive um dia horrível no trabalho. Sei que não é desculpa para meu comportamento, mas o fato exerceu sua pressão...
Marcela a olhou com pesar.
-O que tornou seu dia pior do que qualquer outro?
-Na verdade, não é só o "hoje", é a junção de tudo sabe, tenho trabalhado por quase três semanas direto, tenho sorte quando consigo chegar em casa antes da meia noite, tem pelo menos três dias que só vejo Brenda, Ally e Claire dormindo. Hoje mais cedo quando você disse que Alessia tinha voltado do treino, eu não fazia ideia do que você estava falando, ela nunca tinha treinado nada, me sinto tão culpada, na verdade, me sinto uma péssima mãe, e para completar, hoje passei horas conversando com uma mãe que está pra perder uma filha para insuficiência hepática... Enfim... Pra você ter uma ideia, até meu leite, -Ela apontou para os seios,- Está secando de vez... Tem hora que eu penso que estou na profissão errada. -Desabafou a morena.
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De repente... Casa cheia
Fiksi PenggemarDescobrir que tinha uma doença que supostamente poderia morrer, arruinou a vida de Marcela. A noticia era suficientemente ruim, mas qual impacto teria em sua relação com Gizelly? Elas estavam pensando em formar uma família. Estavam tentando ter um b...