JOHNNY ⇾ O Portal das Cores

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(Narrado por Lyn, "O.C")

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Depois de seis anos sem visitar minha família no interior do país, lá eu estava, na velha caminhonete de meu avô que cruzava uma lamacenta estrada de terra na fronteira entre Chicago e Milwaukee, para passar minhas férias de verão refletindo no meio do nada. Os dias ali deveriam durar menos de duas semanas, assim foi combinado com meus pais depois de eu muito implorar para que eu ficasse pouco tempo longe da minha vida social.

Quer dizer, não que eu tivesse uma realidade divertida como todas as garotas de dezoito anos.

No auge da adolescência, todas as minhas tardes livres eram voltadas para jogos eletrônicos e sessões de RPG, onde eu me sentia mais viva do que em minha própria vida. Eu criava um refúgio em minha mente, talvez para me isolar do fato que, para os meus pais, meu fascínio por histórias mágicas e coleções de videogame deveria ter acabado antes de entrar na faculdade. Pois, segundo eles, meu futuro seria posto em risco se minha infantilidade destruísse as oportunidades de ter uma carreira próspera.

E isso não incluía meu interesse por viver da belíssima arte surreal existente na minha imaginação, afinal, eu não seria um bom exemplo para minha irmã mais nova se caso contrariasse meus pais. Mesmo que eles preferissem mais a ela do que a mim.

Como se isso me importasse muito e fosse meu objetivo de vida. Eu não fazia ideia do que eu desejava para mim mesma, apesar de muitas vezes pedir ao universo para que me desse uma rota de fuga. Uma terra longínqua em que minhas únicas preocupações fossem desfrutar de amoras doces e ler bons livros o dia todo. Infelizmente, meu pai fazia escolhas por mim, e isso significava que, ou eu decidiria frequentar uma faculdade perto de casa, ou seria obrigada a trabalhar no tedioso escritório de contabilidade que sugava as energias de meu pai.

Por isso, a oportunidade de passar algumas semanas na casa de campo dos meus avós maternos caiu muito bem, isolados de qualquer civilização mais desenvolvida que suas vacas leiteiras e plantações de legumes. Eu sabia que o castigo seria muito pior se meus pais vissem a carta de aprovação para a faculdade de Nova Iorque, a qual ainda estava escondida dentro do meu bolso desde que saí de casa, rumo à fazendinha que sobressaia detrás das árvores. Chovia muito quando cheguei, e mesmo assim, os cabelos grisalhos de minha avó reluziam na porteira de entrada sob um guarda-chuva gasto e com goteira.

Desci afundando meus tênis na lama grudenta, porém mantive um sorriso simpático para a doçura da senhora que me apertou consigo embaixo daquela cobertura, me levando rapidamente para dentro de casa. Eu nunca fui de falar muito, então respondia o suficiente para não deixar sua hospitalidade fragilizada, sempre as mesmas perguntas, sempre a mesma expressão de cansaço por me suportar com a bagagem emocional pesada vinda de minha casa. "Como foi a viagem?", "Vai sentir falta da família?", "E a faculdade?". Tudo tão repetitivo.

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