WINWIN ⇾ Tome cuidado, desejos se tornam realidade

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Na visão de Sicheng, todo seu futuro poderia ser muito bem definido em uma única palavra: medíocre.

Ele não tinha sonhos, não era um prodígio, adorava reclamar de tudo. Era até inteligente, mas muito pessimista.

Talvez fosse pessimista justamente por ser inteligente.

Para sua mãe, servia de consolo que ele sempre foi um menino muito bonito. Bonito do tipo que todos queriam pegar no colo quando pequeno e ao crescer todas as suas amigas queriam tê-lo como genro ou afilhado.

— Pelo menos sua cara linda compensa sua chatice! — era o que a Sra. Dong dizia enquanto arrumava as vestes dele, numa tentativa de fazer sua família parecer arrumadinha (já que 'perfeita' era um termo forte demais para eles). — Encalhado você não fica, meu Winko.

Sua família era classe média, mas não tão média assim. Os negócios que vinham desde seu bisavô estavam prosperando: Uma incrível e inigualável venda de espetinhos de porco e de galinha. Até havia concorrência, mas o sabor nem se comparava às receitas de sua família.

— O segredo tá na paciência, moleque! — era o que seu avô lhe dizia enquanto despejava vários ingredientes na panela; a receita secreta de molho da mãe dele que fazia muito sucesso.

Uma vez seu irmão maior, Dong Quon, disse que o velho colocava lascas de unha no molho para criar o sabor agridoce. Era só um papo furado pra comer a porção de carne de Sicheng, e durante uma semana inteira funcionou.

Bem, até o mais novo ter a cara de pau de perguntar ao avô se era verdade (na frente de uma cliente!), e levar um cascudo na cabeça por falar asneiras, e quase arruinar o negócio da família.

No fim, ele e o irmão tiveram que começar a ajudar no preparo dos espetinhos. Durante muito tempo sua função foi mexer aquele molho, passando vários minutos a fio em frente ao fogão de lenha.

Ele sempre saía com pequenas queimaduras e o cabelo cheirando à pimenta e fumaça, mas ainda assim era bem melhor do que o trabalho do seu irmão; o que é cozinhar perto de limpar o chiqueiro dos porcos?

O tempo foi passando e Sicheng percebeu que ficar enfurnado dentro de uma barraca assando espetinhos não era um futuro tão legal assim.

Sempre que possível, ele fugia do caminho de casa ao voltar da escola para passear na mata, descobrir coisas novas, mundos diferentes e talvez mágicos. Tudo é possível numa mente pura e infantil. Levava um cascudo ao chegar em casa atrasado todas as vezes, mas não conseguia evitar aquela chama curiosa.

Não quando o mundo era tão grande e tão repleto de possibilidades.

É, isso até ele terminar seus estudos e sua família decidir que o garoto deveria se dedicar inteiramente aos negócios. Ele cuidava muito bem da contabilidade, já que era provavelmente o mais inteligente de seus irmãos. Mas também havia bastante trabalho braçal.

Não era um trabalho ridiculamente ruim.

Era só que Sicheng se imaginava fazendo algo maior em sua vida. E não era sobre o tamanho dos espetinhos, tinham um tamanho ótimo e vendiam bem por isso. Era sobre fazer alguma diferença no mundo.

Sempre leu sobre guerreiras e guerreiros, grandes médicos ou pessoas engenhosas que salvam outras com sua genialidade.

Era isso que ele queria: fazer uma diferença de verdade. Ou talvez só quisesse uma desculpa para não passar o resto da vida trabalhando numa criação de porcos.

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