JUNGWOO ⇾ Volte no tempo

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Princípio, uma palavra que contém dois significados. Pode se referir ao primeiro momento da existência de algo, e isso recai para ações, processos e, até mesmo, pensamentos, como também à base de alguma coisa, à razão da raiva ou talvez da agonia de alguém.

Para Jungwoo, aquele foi o princípio.

Era uma noite fria, clássica, onde o protagonista sente a necessidade da mudança. Todavia, Jungwoo não era o protagonista. Naquela noite, o herói da trama não possuía olhos, boca ou um corpo. Somente se fez presente enquanto Jungwoo olhava para a lua. Os noticiários eram anunciados às 20 horas, o exato momento em que a lua cheia estaria enorme no céu. O rapaz ouviu a sua respiração, tão forte e incômoda, que tampou os ouvidos. Mudou sem perceber o seu passado, e agora ele tinha uma boa fama na escola. O seu celular tocou. Jungwoo se viu cheio de mensagens dos colegas que o disseram odiar profundamente. No meio do silêncio do seu quarto, Jungwoo se deu conta da sua nova habilidade, surreal demais para acreditar de primeira. Por este motivo, ele testou uma, duas, três vezes antes de criar um princípio: não viajar no tempo, a não ser que seja algo importante.

Podia-se ouvir muitos gritos vindos da arquibancada, os alunos estavam eufóricos com o começo de um grande campeonato esportivo envolvendo as escolas do bairro. Jungwoo fugia sorrateiro dos muitos que o paravam para conversar. Além da sua fama, Jungwoo também conseguiu o casaco do time, e isso era o suficiente para chamar atenção de toda a escola.

Conseguindo se esgueirar pelos corredores, Jungwoo avistou sua amada cadeira. Seu lugar na sala de aula ficava ao fundo próximo da janela, amava olhar para as árvores, o mato seco e a terra vermelha da quadra da escola. Imaginava-se abrindo toda a janela e voando livre pelo céu, mas seu medo de cair do segundo andar era maior do que qualquer pensamento imaginativo.

Da porta da sala, arrancando olhares das patricinhas, uma garota se aproximou tímida da mesa e cadeira próximos da mesa do professor. Ela tentava evitar todo tipo de contato visual, pois tudo a intimidava. Jungwoo observava quieto os ombros tensos da garota, no quanto ela tentava esconder a sua beleza entre eles, e se identificou. Ele também foi assim, era um fracassado nessa escola. Para a surpresa de Jungwoo, a garota, enquanto ele estava preso em seus pensamentos, sentou-se ao seu lado. Ela deixou sua mochila sobre as pernas, entre a mesa e o tronco, e hesitava em olhar ao seu redor. No entanto, para a surpresa do garoto mais famoso da escola, a garota sorriu para ele, gentil e sincera, deixando-o completamente paralisado. Ela não gostaria de ter problemas com o seu colega de classe que se sentava bem ao lado. Pensava em fazer amizade a fim de ter alguém para ajudá-la com a lição de casa e as insuportáveis aulas de química. Jungwoo cedeu, ele não pensou muito. Em pouco tempo, os dois conversavam sobre coisas em comum que não imaginavam encontrar em outra pessoa. Era surreal para ele, um pouco mais do que o seu próprio poder. Suzy, como chamava, era bonita demais para gostar das mesmas coisas que ele, assim Jungwoo pensava, e isso preenchia o coração dele e o tornava mais e mais curioso sobre ela.

Esses pensamentos não vão embora, são como ricochetes indo e voltando, nunca cessam. Jungwoo pensa ter perdido sua mente naquele dia, naquela noite. Porque hoje o que consegue visualizar são fantasmas, pensamentos nos quais nunca poderá dizer em voz alta. Suzy nunca o viu chorar, Jungwoo não se atreveria. Porém, agora, ele deseja profundamente que ela o abrace.

Os dois combinaram de sair na primavera. As árvores estavam bonitas, floridas, assim como Suzy era aos olhos de Jungwoo. O rapaz sorria sempre que olhava para ela, tão genuíno quanto a sua felicidade... Suzy não gostava do pólen que as árvores e flores soltavam nessa estação, e por isso pedia para que Jungwoo não saísse se arrastando pelos arbustos do parque. Porém, era inevitável. Jungwoo amava tirar um sorriso de Suzy. Presenteou-a com uma máscara com desenhos de abelha, pois sabia que, apesar das muitas alergias dela, Suzy gostava de, também, se aventurar entre os arbustos e flores. Isso tornou possível os dois ficarem debaixo de um ipê amarelo. Jungwoo começou a dizer que ela se parecia com as flores, belas e delicadas, e Suzy ria descontroladamente achando que era uma piada.

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