Capítulo 26
Era difícil acreditar nos meus olhos. Leonardo, meu marido o amor da minha vida o homem que eu escolhera para passar o resto dos meus dias estava ali, na minha frente, fazendo amor com um homem que não era eu.
Leonardo prosseguia dizendo palavras de carinho e estímulo para Miguel que o chupava cada vez mais empolgado.
Minha vontade era sair de onde eu estava e dar um flagrante nos dois, mas aí eu ia fazer o que?
Xingar? Brigar? Bater nos dois? Ou eu iria me humilhar? Era mais provável que eles rissem de mim. "Olha o otário que achava que tinha um bom casamento!" e enquanto isso eles estavam lá...
Não suportando mais continuar diante daquela cena, dei meia volta, peguei as duas sacolas que eu havia trazido e desci a escada.
Entrei no meu carro e decidi que não queria correr o risco de ser visto, e me sentir mais humilhado ainda. Então desci a ladeira com o carro desligado em ponto morto.
Dirigi rumo a BR.
Meus olhos estavam cheios de lágrimas.
Depois de vários quilômetros na estrada que levava ao interior do estado, parei em um posto de conveniência e peguei uma garrafa de tequila.
A atendente me perguntou se eu queria limão e sal. Eu respondi afirmativo ela acrescentou os dois às compras.
Voltei à estrada e dirigi mais cinco minutos, até que vi uma construção de muro alto com pedras marrom que cobria todo o quarteirão e no meio dele o portal com um luminoso escrito "motel L'amour" aberto 24h. Dei seta e entrei na estradinha a minha direita até chegar a entrada do motel. Pedi o melhor quarto e disse que não queria ser incomodado nas próximas 24h.
Entrei com o carro na garagem e baixei o portão. Peguei o meu canivete no porta luvas e a sacola.
Isso era tudo o que eu iria precisar.
Entrei no quarto, liguei a tv. Evitei os canais de sexo. Pus em um de desenho amimado, embora eu não prestasse a mínima atenção. Tirei a bateria do meu celular. Peguei um copo, cortei os limões com o canivete, joguei o sal na mesa que ficava no meio de um jardim com cascata e uma pequena piscina e comecei o ritual.
Sal, tequila e limão.
Durante todo esse processo a imagem de Leonardo e Miguel, não saia de minha cabeça.
Isso e a questão:
-Por que? E como ele pode? Como ele pode?
A bebida já se apossara da minha mente e eu a essa altura chorava como uma criancinha.
O álcool anuviou minha mente e eu apaguei.
Acordei com o quarto escuro.
Eu estava debruçado sobre a mesa com o rosto em uma poça de e vômito.
Olhei para o relógio do visor da TV 22:16h.
Abri o frigobar e peguei uma garrafa de água.
Fui para o banheiro.
Minha cabeça girava sem parar.
Abri o chuveiro e entrei em baixo sem tirar a roupa.
Sai nú e fui para a cama, mas não antes de pegar a garrafa de tequila.
Algumas perguntas giravam pela minha cabeça.
-Sera que ele sabia, ou desconfiava que eu o tinha visto? Se não, Será que ele ao menos havia notado o meu sumiço? E se havia notado, será que ele se importou? Ou será que aproveitou para ficar mais tempo com Miguel?
Terminei de beber a garrafa enquanto olhava para as imagens desconexas na tv.
Na verdade eu olhava sem ver nada.
Acordei as 11h do dia seguinte com uma dor de cabeça descomunal e um gosto horrível na boca. Meus olhos mau abriam de tão inchados pelo choro.
Meus lábios estavam secos e a cabeça ainda girava.
Procurei minha roupa.
-Merda! Estava encharcada no chão do banheiro.
Liguei para a recepção e perguntei se eles tinham serviço de lavanderia express e aspirinas Eles responderam positivo e me orientaram a colocar a minha roupa no cesto rotativo. Pedi também dois lítros de suco de acerola.
Buscaram a roupa e trouxeram o suco com a aspirina.
Foi um alívio para o meu corpo castigado pelo alcool.
A roupa retornou seca, mais ou menos na mesma hora em que eu havia terminado todo o suco.
Me sentia um pouco melhor.
Me vesti e saí com o carro rumo a recepção, paguei a conta e dirigi de volta à cidade.
Já era mais de três horas da tarde quando eu estacionei o carro no jardim de casa.
Leonardo e sua família, Alice, Bilóca e Daniel estavam todos no gazebo ao lado da piscina.
Eu ainda estava sobre efeito do alcool.
Acho que Jose Cuervo não abandonaría meu corpo tão cedo.
Olhei para eles de soslaio e entrei, levemente cambaleante pela porta lateral.
Leonardo e Daniel vieram em minha direção, mas eu os ignorei e subi rumo ao meu quarto.
Era interessante como eu já pensava nele como apenas "meu" quarto novamente.
Leonardo veio me seguindo e dizendo ansioso.
-Tomas! O que aconteceu? Por onde você andou?
-Meu Deus! Você esta bêbado?
Eu olhei Para ele com indiferença e tornei a subir a escada.
Entrei no quarto batendo a porta. Leonardo que vinha logo atrás a abriu e entrou furioso gritando.
-O que está acontecendo? Você some não comparece a celebração mais importante da minha vida e chega somente no fim da tarde do dia seguinte completamente bêbado...
O que esta acontecendo contigo Tomás?
Este não é o homem com quem eu me casei.
- A celebração mais importante da sua vida? Eu pensei que o dia mais importante da sua vida fosse o dia em que você casou comigo.
Pelo menos o da minha vida é esse dia, ou era.
-Mas agora sabe qual é o dia mais importante da minha vida? É o dia em que eu vi o meu marido, o homem que eu planejei viver o resto da minha vida. Transando com outro no mesmo local onde nós nos casamos e onde ele costumava dizer que me amava.
Eu falei em tom muito irado.
Ao ouvir o que eu disse, Leonardo ficou totalmente sem cor.
-Sabe o que mais? Você também não é o homem com quem eu me casei Leonardo.
Abri o armário peguei algumas roupas e enfiei em uma sacola.
-Eu vou sair agora. Amanhã cedo quando eu chegar, não quero ver mais nenhum vestigio da sua passagem por este quarto.
-Nosso casamento acabou.
Eu nunca mais quero ver a tua cara na minha frente. Entendeu?
Dizendo isso eu parti de casa novamente.
Quando passei pelo jardim, Todos me olhavam com curiosidade.
Daniel me chamou, mas eu ignorei.
João Marcos havia levantado e caminhava em direção ao sótão.
Eu bati na porta da casa dos meus pais. Expliquei em poucas palavras o que tinha acontecido e pedi para passar a noite ali.
Eles prontamente me acolheram e fizeram o que só os pais judeus sabem fazer melhor. Me mimaram e praguejaram contra Leonardo.
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VONTINUA
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Um Amor Diferente
RandomTomás vindo de família muito rica e Leonardo criado em um orfanato, não sabiam, mas tinham muito em comum em seus passados. Ambos tinham trabalhado arduamente para superar os seus traumas. Eles amavam o seu trabalho no centro de pesquisa da univer...