Capítulo 1

1.7K 74 25
                                    

Era quase 17h de um domingo no começo de julho.

Eu andava apressado  em direção ao carro  em frente ao prédio da faculdade de engenharia.

O frio castigava.

Não havia uma única alma circulando por todo o campus.

Todos deviam estar em casa sob as cobertas, tomando chocolate quente, ou fazendo o que quer que seja que pessoas sensatas faziam em uma tarde fria de domingo.

Estiquei a mão em direção a picape Hilux cabine dupla negra.

Apertei o botão de destravamento e em seguida  o botão de partida.

Me aproximei, dei a volta pela frente, abri a porta do motorista e entrei correndo para escapar do vento gelado.

O ar já estava ligado, mas tirando a ausência do  vento,  o interior do carro não estava muito melhor do que o lado de fora.

Respirei com um sorriso de alívio quando finalmente senti o ar quente circulando.

Sinalizei seta para ninguém e dei partida em direção ao portão principal.

Não era nada comum chover forte nesta época do ano, mas o céu estava fechado e coberto de nuvens cinzas.

Me inclinei para ligar o CD player quando um raio cruzou o céu.

Levantei a cabeça,  olhando para a frente.

Droga! O raio quase caiu no campo de pesquisa eólica.

Foi então que quase pulei de susto com o forte estrondo de um trovão.

Não ia demorar para cair uma tromba d'água.

Eu era Estudante bolsista do centro de pesquisa de engenharia na área de energias renováveis.

Coordenava uma equipe de estudantes em uma pesquisa que visava criar um gerador de energia eólica de baixo custo.

Já ia pisar no acelerador em direção ao campo de pesquisa, quando ouvi uma voz chamando pelo rádio comunicador do CPEER(Centro de Pesquisas de Engenharia de Energias Renováveis)

-Alguém na escuta? Preciso de ajuda aqui na entrada.

Aquela voz só podia ser de uma pessoa.

Peguei o mini rádio comunicador  no console do carrro e respondi.

-Lobo Guará nas escuta. Algum problema? Câmbio.

-Tomás? Aqui é Leopardo Sem Toca.

Leopardo era o codinome de Leonardo Bernardes. Ele estava no 1° ano de engenharia e era o membro mais novo da equipe do CPEER. Devia ter 18 anos. Impressionou Dr. Pércis, nosso chefe, com um projeto de pesquisa sobre geradores com o qual ganhou um prêmio entre alunos do ensino médio de todo o país.

Leonardo foi o único da turma de estagiarios que aceitou trabalhar durante as férias. Por falta de um segundo voluntário ele iria fazer todos os dias de julho jornada dupla.

Segundo eu soube pelo professor Pércis, ele era órfão e precisava da bolsa e do dinheiro extra do estágio nas férias para se sustentar na faculdade.

Apesar de se destacar, acadêmicamente,  Leonardo era animado e popular entre a maioria dos estudantes da engenharia.

Tinha fama de alegre, conversador e fazia sucesso entre as meninas. Era também briguento e as vezes um problema para o CPEER por não ser muito pontual.

Ao chegar ao topo da colina, avistei Benedito na base da próxima ladeira ao lado do portão de entrada do CPEER.

Benedito era um fusca preto 1969.

Um Amor DiferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora