Destrua-me - Parte 4 - Kakasaku/ShikaSaku

Nove

Kakashi

Não se orgulhava daquilo, mas foi necessário apenas para por um ponto final, Kurenai havia deixado de ser um ser humano a muito tempo e nada justificava suas maldades.

Sakura tinha medo nos olhos, se esquece já ram de tirá-la dali quando entraram para dentro do quarto de banho, ela não era mais a mesma, por mais que tenha passado poucos dias debaixo das mãos de Kurenai, havia quebrado sua alma novamente.

Puxou ela com cuidado e pegou seu pequeno corpo no colo, ela escondeu o rosto na tentativa de se proteger. Era dolorido vê-la daquela forma, mas daria a própria alma para que ela voltasse a ser o que era.

Shikamaru abriu a porta, se certificando que ninguém que fazia parte da guarda daquela mulher terrível estava por ali. Kakashi passou rápido pelo corredor e seguiu para a última porta, esperou seu amigo abri-la e entrou em seguida.

O quarto estava destruído, as cômodas jogadas e as gavetas espalhadas no chão. Todos os vestidos de Sakura que ficavam pendurados no armários, estavam espalhados no chão.  Sua cama tinha grandes rasgos na diagonal, sabia que aquele monstro não deixaria sua fúria em pune.

Shikamaru salvou um dos tecidos que estavam no chão e forrou a cama, Kakashi colocou Sakura sob os lençóis e buscou um dos vestidos que permaneciam intactos no chão. Vestiu seu corpo machucado e nu, ela tremia, sabia que tinha medo agora. Mas precisava cobri-la, e devolver o mínimo de dignidade que Kurenai havia arrancado a força.

Levantou seu rosto devagar, odiava ver como estava presa a amarra mental daquela mulher. Verificou o couro que dava a volta em seu pescoço, tão apertada que se perguntou como ela conseguia respirar.

— Me dê a espada, Shikamaru.

Não precisou pedir duas vezes, ele entregou a arma e Kakashi segurou no fio, enganchou no couro preso ao pescoço dela e o puxou. A tira se abriu com dificuldade, Kakashi segurou nas abas que abriram e as puxou, a coleira abriu no meio e Sakura ofegou.

— Me perdoe, Sakura. — Segurou em seu rosto e o ergueu devagar, a tira havia deixado a marca fazendo o formato da fivela que estava presa pelo cadeado. — Ela jamais machucará você novamente.

Sakura olhou confusa, piscou algumas vezes e se encolheu. Não havia muito o que fazer no momento, se levantou prometendo a si mesmo queimar aquela mulher viva. Shikamaru se aproximou dela e puxou a mão dela devagar, depositou um beijo e se afastou.

— Ainda tem os guardas dela. — Ele resmungou.

— E todos terão o mesmo fim.

Shikamaru acenou, e segurou o trinco da porta, estava na hora de tomar o castelo de volta.

-x-

Shikamaru

Se odiava por ter permitido toda aquela situação, sabia muito bem que ela encontraria o lugar onde estavam vivendo em paz. Se ao menos tivesse sumido para o norte, para depois dos reinos vizinhos, talvez tivessem a sorte de permanecerem tranquilos.

Ver a mulher que amava perdida na ilusão que um dia já esteve, era cruel demais. O gosto amargo do ódio era o que vinha sentindo desde que chegou a vila, nada o faria mais feliz que ver Sakura sorrindo consciente novamente.

Esperou Kakashi sair do quarto principal do castelo e seguiu para a porta do outro lado do corredor. Se lembrava das armas que tinham pouco uso e guardavam no fundo do pequeno quarto, onde tentou beijar Sakura quando retornou. Jogou a tralha que escondia as espadas no fundo e não se importou com o barulho, fariam uma grande matança e não se importava com quem viria atrás dele.

Segurou firme o cabo e abriu a porta, o corredor tinha seus candelabros quase no fim e Kakashi havia seguido para o quarto onde Kurenai permanecia amarrada. Por mais que não gostasse de ter o controle como Kakashi, se deleitou com o sofrimento nos olhos avermelhados deveriam ter tirado sua vida enquanto consumiam seu corpo com ódio e ainda assim, não seria uma morte sofrida o suficiente.

Seguiu em direção a porta do quarto, ouviu Kakashi xingar algo e entrou. Kurenai permanecia no chão, e seus olhos queimavam em ódio. As costas de um dos guardas faziam força para segurar o corpo de seu amigo com o fio da espada em seu pescoço, não era a hora de pensar, mas sabia que poderia fazer com que o homem cortasse a garganta dele sem querer.

Kurenai olhou em sua direção e arregalou os olhos, o homem virou o rosto e Kakashi ergueu a cabeça com força. O guarda perdeu o equilíbrio com o golpe em seu queixo, Shikamaru avançou e forçou a espada contra o peito dele, enquanto permanecia com a atenção em Kakashi.

— Um a menos. — Kakashi ofegou. — Mas que diabos estava fazendo?

Não tinha resposta e muito menos arma para que pudesse ajudá-lo se não tivesse ido atrás da própria, Shikamaru puxou a espada do peito do guarda e Kakashi se abaixou para puxar o corpo de Kurenai.

— Descerei na frente, onde pretende levá-la?

Kakashi respirou fundo e sorriu.

— A levarei para o centro do pátio da vila, será apedrejada pelos moradores que tirou a paz e depois será queimada, como a bruxa que sempre foi.

Shikamaru sorriu, e se apressou para sair do caminho. Não sabia quantos guardas Kurenai ainda tinham em seu comando, mas o tempo de seu reinado havia acabado.

-x-

Foi vestida, não se lembrava quando foi lá última vez que colocou algo no corpo. Ao contrario do que imaginou não a machucaram, descansaram seu corpo levemente na cama e arrancaram a única coisa que lhe dava algo para se apoiar.

Não a fizeram deitar sobre o chão, deixaram que ficasse no meio da imensa cama. O homem de cabelos pretos disse que a amava e em vez de lhe causar alguma dor, beijou a palma de sua mão, foi macio e fez seu coração aquecer.  Mesmo com medo, o colo do homem que a colocou na cama era confortável e seu corpo parecia conhecê-lo.

Abraçou o corpo e se encolheu na cama, sua cabeça girava. Toda vez que estava com ela, mesmo que sentisse dor, ela estava de olho e a alimentava. Algumas vezes a deixou deitar nos pés da cama, isso estranhamente lhe dava alguma paz, mesmo que  estivesse com dores de sua diversão.

Puxou o lençol que haviam colocado em cima de seu corpo depois de vesti-la, era tão macio e fazia seu corpo se sentir estranhamente bem. O cheiro do quarto era tão familiar, fazia com que seu corpo relaxasse. Talvez tivesse mais do que apenas a mulher que gostava de brincar com o seu corpo.

Algo a mais...