Capítulo XI

6 1 2
                                    

*ASVARD ON*

Acordei com dores no corpo, como era de se imaginar. O Sol batendo no meu rosto não me deixava voltar a dormir, olhei para ele por meio da pequena janela, e só por informação fiquei cego por alguns segundos depois disso. Acho que vou mudar um pouco o local do colchão... Coloquei ele fora do alcance do Sol e olhei mais uma vez pela janela.

-Já está tarde - Eu pensei.

Me levantei com o corpo rangendo e arrumei o mais rápido possível, terminei de colocar aquele uniforme apertado que piorava minha situação. Fui sair do quarto, tentei abrir a porta mas não consegui. Estava emperrada, dei um suspiro e logo em seguida um forte empurrão, consegui abrir.

-Tá tão velha que emperrou - Eu pensei.

Me dirigi o mais rápido possível para o refeitório, os apelidos começaram a surgir no meio do caminho. Ignorei eles, tinha algo mais importante no momento, eu estava quase perdendo o café da manhã. Cheguei no refeitório e olhei para a mesa onde costumam servir a comida a essa hora. Dei um suspiro de alívio e me dirigi a ela.

-Ainda bem que sobrou um pouco - Eu pensei.

Peguei um prato e me servi, dessa vez apenas com pão e alguns biscotos queimados que sobraram de ontem. Apesar do estado achei tudo gostoso, realmente, a fome é o melhor tempero. Novamente os olhares voltam a me incomodar. Os outros soldados me olhavam indignados de como eu podia estar gostando daquela comida. Respirei fundo. Deixei minha comida de lado e olhei para eles falando bem claramente.

-VAO FICAR ENCARANDO ATÉ QUANDO? - Asvard.

Eles se entreolharam e pararam de ficar me encarando. Uns cochichos surgiam ali ou aqui porém meu humor não estava dos melhores, e dessa vez não era pelo sono, ninguém ia falar da comida que como pelas minhas costas... bem, também não ia deixar falar mal da comida de qualquer jeito. Voltei a comer mas dessa vez com mais calma, afinal das contas, sei que o jeito que estava comendo era o próprio motivo de todos estarem olhando.

-ENTÃO VOLTOU PRA APANHAR MAIS? - Veterano.

Dei um suspiro longo, eu ia finalmente começar a me acalmar, sinceramente espero que eu consiga me acalmar durante a conversa.

-Sério isso? - Eu pensei ao sentir que ele continuava ali.

Levantei meu olhar de desalento e olhei para o veterano.

-Ele vai voltar com isso? - Eu pensei.

Ele me encarou com um olhar de raiva.

-O QUE FOI COM ESSE OLHAR?!? - Veterano.

Ele se dirigiu a mim e pegou meu prato jogando o resto da minha comida em minha cara, ah meu caro, ah meu caro...

-TENHA MAIS RESPEITO COM...! - Veterano.

Não deixei ele terminar de falar e dei um suspiro bem fundo.

-TENHA MAIS RESPEITO VOCÊ! - Eu falei perdendo a paciência.

Olhei para a comida desperdiçada, ninguém desperdiça comida boa na minha frente.

-VOCÊ DESPERDIÇOU COMIDA! - Eu falei gritando.

Ele ficou furioso.

-COM QU... - Veterano.

Me levantei olhando para ele quase dando uma cabeçada nele, bem que eu queria, mas meu rosto dolorido não me permitiu.

-TEM IDÉIA DE QUANTAS PESSOAS PASSAM FOME NESSA GUERRA E VOCÊ FICA DESPERDIÇANDO COMIDA?!? - Eu gritei para que todos ouviçem.

Ele se afastou um pouco.

-E EU COM ISSO? SOMOS NÓS SOLDADOS QUE LUTAMOS! - Veterano.

-LUTAMOS POR QUEM? - Eu falei gritando sem paciência, ele poderia até não comer tudo que estava no prato dele, mas quando desperdiça comida dos outros e não leva a sério que tem gente passando fome nessa guerra não consigo me segurar.

Ele se calou. Todos se entreolharam envergonhados, ao menos a maioria ali parecia saber o quão importante comida é nessa era, apesar de minha reação ser muito exagerada eles parecem concordar. Meu olhar permaneceu firme.

-Nós deveriamos estarmos lutando pelo povo! Nos dando de corpo e alma! E aqui estamos não ligamos para o que está acontecendo além de nós! Vocês não sentem vergonha? Para o que estamos lutando se não é para salvar a nossa nação? - Eu falei olhando para todos.

Gargalhadas surgiram de todos os lados.

-Ele tá certo, mas não tem direito de falar isso sem ter entrado em um campo de batalha - Alguém falou.

-Vamos embora daqui - Outro falou.

O veterano envergonhado e sem argumentos, bem se tivesse agora não era uma boa hora de dar, saiu do refeitório assim como os outros que começaram a se retirar.

Fiquei aliviado não saibia se iria escapar de outra luta, por sorte, minha conversa funcionou. E não sei como, já tô morrendo de vergonha pelo que falei, mesmo que faria denovo se alguém desrespeitasse a comida.

Peguei o prato e limpei a comida que tinham jogado em mim, fui guardar o prato, sai do refeitório. O que estou fazendo aqui? Comecei a pensar enquanto caminhava. Não há nenhum treinamento, não nos enviaram para a guerra, mesmo que a situação nas cidades parecia que precisavam de soldados o mais rápido possível. Não estamos fazendo nada.

-Chega de pensar nisso! - Eu pensei.

Recuperei a postura e voltei a andar pelo acampamento.

-Você têm que se preparar para quando começar os treinamentos! - Pensei.

Fui para um canto onde quase ninguém ficava.

-Hora de começar a levar isso a sério! - Eu pensei.

Comecei a fazer um treinamento leve por causa dos ferimentos, para começar, no mínimo 30 flexões, depois abdominais, depois acharia algo para fazer levantamento de peso. Como se meu corpo fosse aguentar isso, mas ao menos eu iria estar ocupando minha mente, comecei a treinar. Continuei treinando, não se enganem eu dei muitos intervalos, até que alguém me interrompeu.

---------------------------------------------------------

Yey :) começou a ficar um pouquinho maior os capítulos. Espero que tenham gostado do garoto passando vergonha alheia kk.

A Culpa É Do CupídoOnde histórias criam vida. Descubra agora