Na manhã seguinte Sirius começou seu desafio de uma semana sem magia. Remus observava de perto, pronto para pegar qualquer deslize do marido.
Sirius deixou a varinha na cabeceira da cama para não ficar tentado a usá-la. Não seria tarefa fácil fazer as coisas sem magia, coisas simples como arrumar a casa, cozinhar e até mesmo o trabalho passaram a ser movimentos pensados.
James e Remus estavam sempre rindo das trapalhadas de Sírius, no primeiro dia ele deveria fazer o jantar e foi um completo desastre. Sirius segurava a faca de uma forma perigosa e quase cortou o dedo várias vezes, os legumes cozinhavam demais, a pia ficou cheia de louça suja e no fim das contas acabaram pedindo pizza porque nada tinha realmente dado certo.
No segundo dia Sirius já estava nervoso. Depois do café da manhã foi em direção ao armário de vassouras, quando James viu e correu em direção ao amigo.
– Vassouras trouxa não voam Pads.
– Mas não fui eu que enfeiticei a vassoura!
– Mas é magia meu amigo.
Sirius bufou e saiu batendo pé para o quarto. Passou o dia quase todo com a cara amarrada.
No terceiro dia depois de uma besteira com uma chave na porta que não girava. Sirius assumiu sua forma animaga e saiu correndo para a floresta atrás do terreno. Remus usou a varinha para destravar a porta e saiu correndo atrás do marido. O encontrou a quase 1 km de casa, estava na forma humana sentado em um tronco caído. Ele se sentou ao lado de Sirius e os dois ficaram ali em silêncio por alguns instantes. Até que Remus tentando quebrar a tensão disse:
– Aparentemente você está me devendo alguma coisa, ein.
Sirius levantou os olhos para o marido que estava com um sorriso torto no rosto.
– Não sei porque ainda insisto em fazer apostar com você. Você sempre ganha.
– Você é teimoso demais para não fazer – respondeu Remus dando um soquinho no braço do outro.
Sirius deu de ombros.
– É, todo mundo sempre diz que sou teimoso né
– Sim, e também é absolutamente dependente de magia.
– Ah falou o bonzão, tenho certeza que você não daria conta.
– Não daria mesmo, mas quem resolveu apostar isso foi você e não eu.
Os dois riram e Remus continuou.
– Eu provavelmente não iria passar do primeiro dia.
Sirius riu mais uma vez.
– Bom, mas eu fui teimoso e agora devo algo para você Moony – Sirius disse levantando e ficando de frente com Remus.
Sirius mordeu o lábio inferior e chegou mais perto do marido. Remus puxou Sirius pela camisa e deu um beijo nos lábios do moreno.
– Esta noite você me paga essa dívida Sr Lupin-Black – disse o lobisomem no ouvido do marido.
Sirius riu e tentou alcançar o pescoço de Remus que se afastou deixando o outro no vácuo.
Os dois voltaram caminhando juntos para casa. Se depararam com James que estava no sofá assistindo desenho com Harry na televisão.
– Aparentemente Prongs, o nosso cachorrinho de estimação não consegue mesmo viver sem magia – disse Remus se sentando ao lado de Harry e James.
Sirius deu a língua para os três no sofá e se jogou na poltrona.
– E vocês dois por acaso conseguiriam?
– Não Sirius, mas a gente nunca achou que poderiam – disse James rindo.
Sirius levantou resmungando e foi reaver sua varinha. James e Remus se entreolharam e riram.
– Alguém precisa colocar limites nele.
– Sorte a minha de que ele é o seu marido e não meu.
Naquela noite, James colocou Harry na cama e foi para o quarto, disse que iria ler. Sirius e Remus ficaram sozinhos na sala. Mas logo foram para o quarto.
Sirius normalmente era o alfa na cama, mas naquele dia Remus dominou tudo, eles se entregaram um ao outro. Os corpos nus, o calor, e uma conexão que ninguém sabia explicar como era possível.
Ao fim, Remus sussurrou no ouvido de Sirius.
– Considere sua dívida paga.
O lobisomem deu um último beijo no pescoço do marido e se deitou ao seu lado. Os dois dormiram abraçados.
Na manhã seguinte acordaram como se os últimos três dias nunca tivessem existido. Sirius estava empolgado, parecia mais vivo e mais feliz como se não se via a semanas.
Naquela tarde Newt Scamander apareceu à procura de Remus.
– Estamos com tudo quase pronto para a publicação do nosso trabalho – disse o velho com um enorme sorriso.
Remus estava em pé na sala e ficava jogando o peso do corpo de um pé para o outro.
– Sr Scamander, eu não estou muito confiante de que isso seja realmente bom.
Newt encarou os olhos castanhos de Lupin e se aproximou.
– Sente-se Remus – os dois sentaram um diante do outro – hoje, depois de todo esse estudo eu entendo o seu receio em colocar seu nome neste trabalho – Remus assentiu – mas eu vejo uma possibilidade de nós, eu e você, mudarmos essa realidade.
Remus ouviu aquilo pensativo, lembrou-se de tudo que seu pai dizia, de que ninguém jamais poderia saber de sua condição e que o lobo deveria ser mantido sempre escondido. Lembrou-se ainda de quando seus amigos descobriram, primeiro Sirius e Lily e alguns meses depois James e Peter.
– Eu sei que Lyall te colocou medo, não tiro a razão dele, mas os tempos são outros – continuou Scamander – a comunidade bruxa está começando a se abrir.
Remus permaneceu com os olhos fixos mas sem realmente estar olhando para nada.
– Temos dois meses até finalizar tudo para a publicação, você tem até lá para decidir – o velho levantou, deu um tapinha no ombro de Lupin e foi embora.
Logo depois Sirius entrou e ocupou o lugar de Scamander diante de Remus. Com as mãos dadas em silêncio, os dois permanecem ali até que Remus quebrou o silêncio.
– Eu tenho medo...
Sirius apertou mais a mão do marido e ele continuou.
– ... medo de que me cacem como um animal, de que me joguem a Azkaban ou qualquer coisa assim. Medo de me tirarem você, James e Harry.
– Não precisa ter medo meu amor.
Remus olhou no fundo dos olhos do marido e Sirius continuou falando.
– Imagine, outras crianças que vão crescer sem precisarem se esconder. Vão poder ir para Hogwarts e ter amigos como você teve.
Remus baixou os olhos, sem graça, ele percebeu o quão egoísta estava sendo com essa decisão de se esconder.
– Eu não vou permitir que nada de ruim aconteça com você – disse Sirius.
– Promete?
– Prometo.
Sirius deu um beijo no rosto do marido e juntos foram para o escritório. Remus escreveu para Scamander confirmando seu nome na publicação e enviou.
Notas:
Perdão pela demora lindineos mas a faculdade esta sugando minha alma (mais que os dementadores)

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What if...?
FanfictionE se (what if) os acontecimentos do dia 31 de Outubro de 1981 fossem diferentes? E se James Potter tivesse sobrevivido e se visse diante da morte de sua esposa, a criação do filho, a traição de um amigo e os desdobramentos do fim de uma guerra. Uma...