Capítulo 2- Nem tão hétero assim

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-Você esqueceu sua arma, Levi, onde anda com a cabeça?- disse uma mulher morena de óculos saindo do carro após bater, todos encarando chocados enquanto ela se aproxima rápido demais com uma arma em punho

-Eeeeee- ouvi Armin travar de medo enquanto ela aponta a arma em nossa direção.

-Você é completamente louca quatro olhos- a voz firme do meu vizinho me tirou do choque que a situação me colocou, ele parece irritado e mesmo sendo baixinho senti medo da aura negativa que sai do seu corpo enquanto se aproxima da mulher que ri tranquila entregando a arma para o meu vizinho que rapidamente guardou, ele continuou andando indo até seu carro observando a merda feita, soltou uns palavrões e se virou em nossa direção, a mulher agora nos encarava com uma expressão estranha e bochechas coradas.

-Que linda espécime de homem é essa na sua porta, levizinho? Não acredito que outra vez tá pegando gente gostosa sem me contar, não vejo a hora de dividirmos um macho.

-É meu vizinho, sua louca, e não vamos dividir nada, você vai pagar a merda que fez -Levi exclamou irritado enquanto passava as mãos no cabelo, ouvi a mulher suspirar triste para depois se virar na nossa direção com um sorriso grande demais.

Olhei para Armin que estava vermelho enquanto Mikasa sustentava uma expressão esquisita.

-Hange Zoe, mas se quiser me chamar de esposa eu também aceito. -Minha mão foi puxada e logo Hange me abraçou apertado, acabei rindo achando graça da situação.

-Eren Yeager

-Pare de dar encima do pirralho quatro olhos, você vai dar um jeito de levar meu carro para uma oficina e vai pagar a merda que fez.

Pirralho? Esse cara não deve ter mais que 25 anos.

-Se quiser eu dou uma olhada. -Apontei para a oficina. -Não sou pirralho, tenho 20 anos.

Afirmo levemente indignado com o apelido.

-Ó -Hange olhava para a oficina parecendo surpresa. -Tudo bem, mas você ainda é 12 anos mais novo que o nosso pinscher aqui.

Terminou ela colocando a mão na cabeça de Levi que lhe bateu a mão irritado, sua aura negativa aumentando, ele jogou as chaves em mim cruzando os braços em seguida.

As veias dos braços musculosos saltaram na pele branca e lisa, sem um pelo aparente, mesmo com a farda preta escondendo o corpo consigo perceber facilmente que é um homem em forma, principalmente depois de secar as pernas grossas. Subi para olhar seu rosto, cabelo preto e olhos azuis quase cinzas, nariz fino, lábios finos em uma linha reta, uma das sobrancelhas finas arqueadas enquanto olhava na minha direção, senti meu rosto esquentar enquanto dava as costas e andei em direção à oficina.

Ele realmente não parece ter 32 anos.

Com os carros já dentro da oficina eu separava algumas ferramentas, o capô do carro de Hange estava aberto e Levi estava levemente inclinado junto com ela olhando o estrago que a própria dona causou, me aproximei e travei enquanto encarava a linda bunda empinada na minha frente, a farda policial encaixando perfeitamente na curva redonda e nas pernas bonitas, me senti zonzo ao notar que não era uma bunda feminina que eu secava, e sim a do meu vizinho.

Você é hétero, Eren Yeager, me soquei mentalmente para continuar meu trabalho e quando olhei para o carro Hange me encarava com os olhos arregalados e as bochechas vermelhas e a boca em uma linha reta, tal expressão me deu medo. Levi se levantou xingando a ruiva enquanto eu mexo no cabelo sem graça depois de ser pego no flagra.

Eu nunca me incomodei com a orientação sexual alheia, pelo contrário, quando Armin sofria bullying por causa dos rumores acerca da sua sexualidade eu soquei cada um dos homofóbicos que tentavam lhe fazer mal, independente se os rumores fossem verdadeiros ou não. Mas nunca parei para pensar se eu mesmo já senti algo a mais por homens já que as poucas pessoas que me relacionei eram inegavelmente mulheres, relacionamentos rápidos e sem muita profundidade, sexo morno e conversas chatas em redes sociais que logo se transformavam em términos. Eu nunca me importei de verdade.

Hange me olhava enquanto fazia o orçamento dos dois veículos, sinto minhas bochechas queimando embaixo do olhar perspicaz da policial, escolhi ignorar até o constrangimento passar.

Levi tem uma bela bunda, não posso negar, olhar não me torna gay, bunda é bunda, independente do gênero, mesmo que as coxas grossas do policial sejam interessantes e um belo de um complemento.

-O que está pensando?- a voz de Hange soou perto demais e então eu percebi que estava distraído pensando na bunda do meu vizinho, meu rosto ficou vermelho enquanto a mulher ao meu lado ria invadindo meu espaço pessoal, tentei terminar o documento que tenho que preencher ao invés de responder.

-Para de assustar o pirralho, quatro olhos.

Levi se fez presente e olhei rapidamente em sua direção e me surpreendi com o sorriso divertido. -Não sabia que podia sorrir

Pensei alto e me soquei mentalmente com a cara que o baixinho fazia agora, Hange gargalhou enquanto insistia em continuar grudada no meu pescoço.

-Tsc, pirralho de merda. -Deu as costas e simplesmente foi embora, suspirei aliviado depois que o baixinho com aura assassina se foi, mas não durou muito pois Hange agora pegava no meu braço analisando meus músculos.

-Realmente faz o tipo dele, pele de oliva e músculos firmes hmmmmq. -Arregalei os olhos quando levantou minha blusa. -Não precisa ficar com vergonha, Eren, só esses olhos já era o suficiente para fazer o anão assassino ficar de quatro por ti, mas com toda essa bagagem nem vai precisar de muito.

-Eu não sou gay. -Finalmente me afastei das mãos da doida enquanto jogo o papel do orçamento em suas mãos.

-Pode não ser, mas com certeza é levissexual, eu vi como olhou para ele moreno.

Escutamos os passos de Armin se aproximando, pelas bochechas vermelhas posso adivinhar que ele escutou a bendita conversa.

-Vou indo que amanhã tenho trabalho -Hange falou alto enquanto corria para fora dali, suspirei não querendo encarar Armin.

-Eu concordo com ela.

Só me faltava essa.

-Você viu aquele par de coxas?

Encarei meu melhor amigo e irmão chocado, tudo bem que eu já sabia que ele se enroscava com pessoas, independente do gênero, mas nunca ouvi nenhum comentário desse tipo direcionado a algum homem por parte dele.

-Desde quando é tão sem vergonha? -perguntei zombando da sua aparência tímida e frágil, sabendo que era só isso mesmo.

-Eu sempre achei que você fosse cem por cento hétero e por isso não contava certas experiências para não te constranger, mas depois das secadas que deu no Levi

-Ei!!!

Tentei parecer indignado mas meu rosto esquentou enquanto corava, eu fui tão descarado assim?

-Você são dois pervertidos -Mikasa desceu as escadas que levava para casa e se aproximou com a mesma cara de tédio de sempre, dei de ombro encerrando o assunto e fui até o balcão onde estava antes preenchendo os documentos.

Arfei de surpresa quando vi um número escrito em letras enormes com o nome Levi escrito em baixo em uma das folhas espalhadas por ali.

Hange zoe é realmente louca.

E eu sou mais ainda pois salvei o número em meu celular quando Armin e Mikasa saíram de perto distraídos o suficiente para não perceber minha confusão.

Por que eu estou tão tentado a mandar uma mensagem?

Fingi que não fui eu que pensei isso e continuei meu dia normal e quando estava sentado em meu quarto com o celular na mão a vontade voltou, suspirei jogando o celular na cama e resolvi estrear a sacada daquele cômodo, ar fresco me ajudaria com as merdas que ando pensando.

Deus me odeia e o motivo disso é o pecado que se encontra na minha frente, nossas sacadas são próximas e podemos nos tocar caso os dois estiquem os braços, Levi se encontra distraído na lateral da própria sacada, de costas para mim e olhando para a rua em frente a casa e posso ver e sentir o cheiro da fumaça de um cigarro que ele fuma.

Isso não seria problema se ele não estivesse só de toalha com a bunda empinada, lambi os lábios encarando as costas brancas, como meio metro de gente pode ser tão gostoso?

Talvez eu não seja tão hétero assim

Notas finais:

Capítulo Revisado e corrigido.

O vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora