Capítulo 5- Estamos flertando?

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Que o Yeaguer é um pirralho abusado, eu já sei, mas me chamar de anão demoníaco depois de pegar meu número sem o meu conhecimento foi demais.

Um sorriso de escárnio saltou nos meus lábios quando sabia exatamente o que faria.

Como ainda estou agarrado com a mesma operação no trabalho, os dias passaram rápidos e cansativos, eu amo o que faço, claro, mas são dias assim que me sugam a alma, o espírito, o sono, me sinto como um zumbi viciado em trabalho.

Não que eu não seja um pouco.

Já é sábado e eu estou sentado na cama lendo o mesmo relatório pela milésima vez, o cansaço e provavelmente a frustração sexual me fez ler sem entender absolutamente nada.

Nunca passei tanto tempo sem ficar com ninguém, em situações assim, eu iria no bar de sempre e escolheria alguém interessante, olharia e esperaria ele vir até mim, alguns se arriscariam pagando uma bebida, e nesse estado eu tenho certeza que não pensaria muito sobre quem ficaria por cima, eu só quero relaxar.

Olhei para a porta de vidro da sacada, a noite não estava fria e nem muito quente, soprava apenas uma leve brisa, deixei as cortinas abertas, podendo ver a luz que vinha do quarto em frente, posso ouvir também as vozes que vem da casa ao lado.

Suspirei, eu disse que iria, não poderia simplesmente fingir que não confirmei, eu sempre cumpro com o que falo.

Coloquei uma camisa branca em V sem detalhes, de mangas curtas, uma calça jeans escura e coturnos, estava bom, talvez umas cervejas podem me ajudar a relaxar.

A frustração sexual eu já não poderia fazer muito, tenho noção do que Eren está passando e não vou ser eu a forçar que ele decida qualquer coisa, não posso fazer isso quando sei que não sou homem de relacionamento.

A campainha da minha casa soou e eu fui atender me perguntando quem seria, já que eu não trago desconhecidos e menos ainda contatos sexuais.

Abri a porta e Hange me encara com o seu sorriso de sempre, pronta para me abraçar, fui mais rápido dessa vez e esquivei enquanto saia e trancava a porta.

-Vim te buscar para a festa do Moreno.

-Não precisava, quatro olhos, eu já estava indo.

-Ele te convenceu é? -Começamos a andar em direção a casa vizinha -O que ele fez? Um boquete?

-Foi o Arlet.

-Armin te chupou?

-O que? Não, ele só pediu, louca.

Encarei Hange com o cenho franzido enquanto ela tocava a campainha, a oficina está fechada e como a casa fica no segundo andar, suponho que é necessário que tenha algo barulhento o suficiente para conseguir escutar a chegada das visitas.

-Você não costuma ceder tão fácil assim, Levi.

Sua voz soou estranhamente séria e eu resolvi ignorar, quem atendeu foi Mikasa, ela nos cumprimentou com um aceno preguiçoso e nos disse para ficar a vontade, cruzamos um corredor ao lado da oficina e encontramos uma escada, subimos rápido e logo estávamos em frente a enormes portas de vidros, dando visão para que víssemos uma parte da sala conjugada com cozinha em conceito totalmente aberto.

É uma bela casa, pensei quando entrei, esses pirralhos ou trabalham muito ou são herdeiros de alguém.

No sofá uma mulher loira de olhos azuis conversava agora com Mikasa que se dirigiu até lá, no outro sofá um cara alto, musculoso demais e loiro estava sentado com as pernas abertas, do seu lado, sentado mais decentemente estava um cara aparentemente mais alto ainda, e em frente aos dois uma mulher também alta, de cabelos negros e sardas no rosto, conversavam baixo, apesar do restante falar um pouco alto.

O vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora