CAPÍTULO XXIII

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Boa leitura 💜💜

- Seu desgraçado, vai me pagar, todos vão me pagar, eu não mereço isso, eu não sou escrava tire-me daquiiiii !!!!!!!! - gritava por ajuda, os escravos começavam a cochichar - O que estão olhando? Estão se divertindo não é? São um bando de idiotas, acham mesmo que isso vai me parar? - perguntou mostrando as correntes nas mãos - pois estão muito enganados, eu vou me vingar de todos, SAIAM DAQUI!!!!! SAIAM - cada um voltou pra sua esteira, e Ana Amélia, se enfurecia cada vez mais por estar naquele lugar - Não deveria ter feito isso João, vai se arrepender amargamente! - ameaçava com os dentes trincados.

Na casa grande, João chega um pouco ofegante, a discussão com sua irmã não foi fácil, e ter que lhe prender foi pior ainda, mas ele sabe que vai ser bom pra ela pensar nas suas atitudes. Ophélia chega na sala e escuta os gritos de Ana Amélia.

- Que gritos são esses? O que está acontecendo? O que sua irmã aprontou dessa vez?

- Foi a senzala, me destratou, e ficou provocando os escravos. Mamãe Ana Amélia está perdendo a razão, está incontrolável, e mesmo que não concorde eu tive que tomar uma atitude.

- O que fez, meu filho?

- Ana Amélia está acorrentada na senzala!

- O quê? Não, minha filha não pode!! Vamos tirar ela de lá agora!!

- Acalme-se minha mãe! Pode parecer extremo, mas a senhora sabe que ela está precisando disso, a senhora mais do que qualquer um aqui, quer o bem dela, e por isso eu peço pra não retirá-la do castigo, minha irmã é forte e vai sobreviver a isso tudo, amanhã de manhã eu a liberto. - Ophélia não teve como negar que sua filha estava passando dos limites, e que apesar de ser um castigo pesado, ele não é nada em comparação com tudo que os escravos sofrem.

- Sei que tem certa razão, e vou apoiá-lo na sua decisão. - escutou mais uma vez os gritos de Ana Amélia e começou a chorar, João logo a abraçou consolando - é muita coisa pra mim meu filho, sua irmã passando dos limites, seu pai me preocupa a cada dia, eu não tô preparada pra ver seu pai partindo, apesar de tudo que ele fez, é o homem que eu amo. - João abraçava com mais força, mostrando que ele estava ali, ao seu lado - e ainda tem vosmecê, um rapaz doce, merece ser muito feliz, encontrou a felicidade em um amor proibido. Como eu gostaria de poder fazer algo por vosmecê e Silas!

- Minha mãe não se mártires por isso, a senhora é uma grande mulher, digna, honrada, soube reerguer essa fazenda, e sempre foi um grande exemplo. Não deve se entristecer ou se envergonhar de nada, e não se preocupe tanto comigo e Silas, no momento certo sei que vai nos ajudar. - Ela sorriu para ele e deitou em seu ombro respirando fundo.

- Obrigado filho! Desejo sempre sua felicidade!

- Obrigado a senhora! Mas, agora precisa descansar, vamos pro quarto de hóspedes?

- Mas e seu pai? Eu não posso sair de perto dele....

- Vá descansar minha mãe, eu.....eu fico com meu pai.

- Filho! Permite um conselho? - ele assentiu - não guarde rancor, mágoa ou ódio em seu peito, isso prejudica mais a si mesmo, tenha sempre um coração receptivo e generoso, e saiba que perdoar, é uma das virtudes mais incríveis e poderosas que uma pessoa pode fazer, use esse momento para que vosmecê e seu pai, reconquistem o carinho um do outro. - Ophélia lhe deu beijo e saiu para o quarto de hóspedes, e João foi para o quarto de seu pai.

Algumas lágrimas saíram, ao ver seu pai dessa forma, acamado, debilitado, logo ele que sempre foi destemido e nunca gostou de ficar doente. Apesar de tudo, João absorveu as palavras de sua mãe, ele não quer ter rancor de seu pai, não quer que essa seja sua última lembrança de seu pai, com eles brigados.

AMOR PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora