[40] A Teoria da Faixa Três

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ÚLTIMO CAPÍTULO

Enfim chegamos à Teoria da Faixa Três.

Deus, não sei por onde começar. Quer saber? Estou viajando muito, sempre batendo na tecla do profissionalismo e dizendo que meus escritos não devem ser confundidos com um clichê adolescente. De algum modo, minha história é sim um clichê. E eu sou uma adolescente, então não dá para fugir dos clichês, eu acho.

Depois de passar dias e dias e dias pensando em tudo o que eu ouvi, acho que estou pronta para dizer que A Teoria da Faixa Três não pode ser tratada como uma teoria, mas sim uma hipótese. Sim, eu acho que tudo o que ouvi daquele senhor neurologista, barra músico, barra vendedor  de pranchas era apenas um lado. Um ponto de vista, digamos assim. Sinto que existe algo a mais, algo que consiga de alguma forma complementar ou desmistificar toda aquela teoria sobre música e reações neurológicas. Não me sinto bem em aceitar que a teoria de Jace Lauper é o fim. Acho que o buraco é lá mais embaixo. Tenho a sensação de que existem coisas nas quais não foram tocadas, por isso para mim o ciclo ainda não acabou. Ele continua.

Posso dizer que estou tentando colocar na minha cabeça que é inevitável fugir de qualquer faixa três. De nada adianta decorar versos e melodias para encontrar uma rota de fuga. Agora sei que na maior parte das vezes fico em choque quando uma faixa três toca, independentemente de eu conhecê-la ou não. Não consigo sair de onde estou, é como se eu ficasse paralisada. Mark me disse que sente algo parecido, mas cada corpo é um corpo. Como Jace Lauper salientou, processamos as coisas de modo único.

Tentei escutar uma faixa três ontem. Loucura né? Mas depois de vestir meu pijama para dormir, peguei meus fones e cliquei em uma faixa três. A faixa em questão era Shadowboxer, da Fiona Apple. Meu Deus, sempre amei essa música, ela tem uma letra impecável! Deixei no repeat a noite inteira. Até agora nada me aconteceu, vamos ver no que isso vai dar. Se esse lance de usar o próprio problema como uma resolução der certo, então não vejo porque usar e abusar das faixas três. Acho que vai ser interessante não pular mais essa faixa específica - pelo menos enquanto eu estiver nessa fase de testes.

Depois de tantos dias estranhos e viagens mais estranhas ainda, posso concluir que as faixas três já me meterem em diversas enrrascadas. Elas me já me fizeram pensar que eu era uma alienígena, louca, biruta, usuária de drogas (apesar de não usar drogas) e uma pessoa que não merecia ter amigos. Por outro lado, ela me deixou mais corajosa para enfrentar desafios, me tornou mais autoconsciente e me trouxe o Mark. Eu acredito que ela me tornou uma pessoa melhor, de alguma forma. Mas é aquela velha citação né, Deus não dá asa a cobra. Eu seria diferente do que sou hoje, se as faixas não tivessem entrado na minha vida? Eu seria uma garota mais medrosa? Egoísta? Mais sociável, talvez? É. Com certeza eu seria um pouco mais sociável sim.

Sinto que esse não é um final, caderno. Não vou te dar o ponto final por enquanto e nem quero. É injusto com você, com quem está lendo e principalmente comigo. Não estamos em uma reta final. Sinto que tudo o que vivi até agora, foi só o começo, a pontinha de um iceberg gigantesco e muito profundo. Ainda resta muita, muita história para ser contada. Vocês estão dispostos a ler mais um pouco?

Não ouvi sua resposta, mas eu já tomei uma decisão: estou disposta a escrever um pouco mais.

*Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.

Nenhuma parte deste material poderá ser copiada sem autorização da mesma, correndo o risco de sofrer terríveis consequências.

Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.

Ps: talvez isso seja sim um diário. Me perdoe pelas ameaças feitas em cada capítulo e tudo mais. Prometo não te escrever mais notas desse tipo.

A Teoria da Faixa TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora