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É noite de sexta-feira

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É noite de sexta-feira.

O que significa que a peça está prestes a começar.

Passei o dia inteirinho transitando pelos corredores do Foutman Institute. O pessoal do teatro estava mais agitado que o normal - o normal deles já é muito -, de modo que, eu corria de um lado para o outro, recebendo figurinos, separando figurinos que apresentaram defeito e tentando ajeitá-los a minha maneira (sou uma costureira bem quebra galho mesmo). Não tive tempo para almoçar, nem para usar o banheiro, mas toda a correria tinha valido a pena.

Me jogo em uma poltrona do camarim gigante atrás do palco 15 minutos antes da peça começar. Todos os atores estão caracterizados, apenas esperando o sinal verde para subirem no palco. As meninas do departamento de maquiagem (na verdade não é bem um departamento, mas sim duas alunas que se prontificaram a ajudar o grupo com seu talento para maquiagem) também tinham se sentado em um sofá do lado da poltrona onde eu estava. O trabalho delas também não foi pouco. Maquiar quase 20 pessoas de uma vez só não é brincadeira.

"Ashe, tem certeza que esse ponto não vai soltar no palco?", indaga uma Pearl ansiosa, indicando a lateral do seu vestido de camponesa que seria usado em quase toda a peça.

"Não, não vai não", disse pela milésima vez, dando mais uma checada na lateral na qual eu tinha feito um ponto. "Fica tranquila Pearl. Não sou uma exímia costureira, mas sei que esse ponto está bem feito e não vai se soltar, ok?"

"Não dá para ficar tranquila. Não faltando apenas meia hora pra entrar no palco", murmura ela, se afastando de mim. Todos os atores estão nervosos. Andam de um lado para o outro, repetindo falas sem nexo, bebendo água e respirando fundo. A única pessoa que parece mais tranquila dentro deste camarim é a professora de teatro, a senhora Maggie Bareilles, que provavelmente já está acostumada com a euforia pré-show. Ela é a professora oficial de teatro do Foutman Institute há mais de 10 anos e as peças do nosso colégio são as melhores da região, graças a direção didática da senhora Bareilles.

"Turma", ela diz, fazendo com que todos parem o que estão fazendo e prestem atenção nela. A senhora Bareilles ajeita seu óculos de armação cor azul turquesa e olha para a pequena aglomeração de atores adolescentes ansiosos. "Dentro de poucos minutos vocês vão entrar naquele palco e eu não espero nada menos do que excelência e dedicação vindos de vocês. Esqueçam de quem vocês são, foquem 100% no personagem. Agora não é hora para pensar na vida, nos problemas ou qualquer outra coisa que não tenha ligação com a nossa peça. Tentem se concentrar e não deixem que a ansiedade e o nervosismo tomem conta de vocês. Se vocês quiserem construir uma carreira no teatro, sempre vão ter que lidar com estes sentimentos, mas nunca deixem eles tomarem o controle, ok? É válido relembrar que cada presente desempenha um papel importante nesta peça e somos um time, certo? Não dá para irmos bem se alguém não está bem."

Ela continua seu discurso e o grupo todo está mergulhado no silêncio, alimentando-se das palavras carregadas de confiança e entusiasmo que sai da boca da professora. Em um certo momento ela faz todos os envolvidos na peça darem as mãos e fazerem um círculo para uma oração. Me levanto e oro com todos, piscando os olhos para espantar as lágrimas. Uh, inevitável. É a primeira vez que me enturmo de verdade em eventos escolares, sabe? Não dá pra disfarçar a adrenalina e a emoção que é estar envolvida em uma coisa tão legal que é uma peça teatral escolar.

A Teoria da Faixa TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora