Seis.

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Eu abracei Eliot e contei a ele o que sonhei, ele ficou preocupado e acariciou meus cabelos, assim como tinha feito da última vez que tínhamos ficado juntos, há uns três meses. Eu nem me lembrava daquilo, de como aquela sensação era boa, de como o cheiro dele era bom. Mas me senti mal, porque eu também gostava de Perla, e dos cabelos dela, e do jeito e do estilo dela, e de como ela era legal comigo e como nós tínhamos uma conexão velha e forte. Eu estava preso em tantos dramas... Ao menos minha vó não estava ali para me acordar, e era domingo. Dia de paz, dia de estar com os amigos e curtir.

Eu conseguiria tirar alguma força para aproveitar aquele dia? Então Perla apareceu e se sentou na cama dela, nos observando, mas não fez qualquer expressão. Parecíamos apenas amigos abraçados, mas ela sabia que não era só isso, assim como eu e ela não éramos. Mas ela não queria pensar muito naquilo, ela parecia mais abalada com outra coisa.

— O que houve? — Eliot perguntou antes que saísse qualquer som das minhas cordas vocais.

— A Inês Brasil — ela começou. — Morreu. Foi encontrada morta. Estão falando que ela morreu de velhice, de uma doença, mas sem muitas informações. A Inês Brasil!

E isso me afetou também.

— Vocês têm noção disso? — Perla levou as mãos ao rosto e começou a andar de um lado para o outro. — A Inês sempre foi um ícone, um símbolo, uma alegria, uma esperança! E ela melhorou cada vez mais, e ela foi muito necessária. Ela sabia o que estava acontecendo e tentava contar tudo. E ela foi morta, eu tenho certeza! A Inês Brasil...

Ela começou a chorar, como se lamentasse a morte de um ente familiar extremamente próximo e querido. Mas, julgando a importância da Inês, ela era. Ela esteve com todos nós, principalmente nos momentos de riso. Os melhores momentos. E agora ela havia sido varrida. O Efeito Cobalto, era como chamavam isso. Levaram outros assim também. Eu ainda me doía pelos golpes.

— O que acontece agora? O que faremos? — eu perguntei. — A sua deep web, não tem ninguém se reunindo?

— Tem pessoas planejando, pessoas furiosas. Eu também estou! Mas estamos todos com medo. Estamos desnorteados demais. Pouquíssimas pessoas têm acesso a rede, e tudo deve continuar assim. É o melhor.

— Vamos tomar um café primeiro, está bem? — Eliot deu ideia, se levantando e partindo desde já.

Eu e Perla ficamos nos mesmos lugares por um tempo.

— Vocês estão juntos de novo ou algo assim? — ela quebrou o silêncio.

— Não... — eu disse, coçando meus joelhos. — Eu sonhei de novo. Algo parecido, algo pior. E vocês dois estavam lá. E parecia tão real!

Então eu também contei tudo para Perla, ela ficou abismada.

— Eu nunca faria isso com você. Nunca! Me ouviu?

— Eu sei disso, confio em você. Mas não parece que você seja a mesma pessoa que me afeta, parece ser outra versão sua.

— Sua cabeça está te torturando. Precisamos relaxar mais, mesmo que as últimas notícias tornem isso cada vez mais impossível.

E ela estava certa. Então fomos comer e comemos pães, alguns pedaços de bolo e mais sucos e mais frutas. A maioria parecia bem descansada, até mesmo eu, porém minha mente latejava, tentando processar os sonhos, tentando exprimir algum significado e o que eu posso fazer com isso. Isso me martelou muito, eu não sabia o que fazer.

O violino começou a tocar.

— Alô?

— Luther — era a voz de Eliot. — Luther!

LUTHER | Temporada 1Onde histórias criam vida. Descubra agora