Apêndice: Curiosidades

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Resolvi explicitar algumas curiosidades e informações a mais para tirar todas dúvidas possíveis, além de também mostrar que essa história é bem mais aprofundada do que parece. É importante frisar que esse apêndice contém spoilers importantes.

- A Analogia da Aspereza;

Muitas vezes durante a história são citadas algumas analogias a aspereza, como o chão de concreto do prédio, a areia da praia, ou até de forma imperceptível, como a arrogância que a avó Agnes tem com Luther e os pensamentos autossabotantes frequentes que impedem a reflexão do mesmo. Essas referências estão aí para identificar o sentimento que Luther tem com sua própria realidade. Ou seja, ele está sempre desconfortável, como se estivesse incompleto ou no lugar errado. Isso é relevante para demonstrar os efeitos da crise causada pela "invasão de uma segunda realidade", causada pela visita de Eliot II. Contudo, não é só isso. Esta analogia da aspereza ainda será muito importante para a continuidade dos acontecimentos nas próximas temporadas. A aspereza também é persistente desde que ele se situa tanto com a cena de suas mortes, ou a possibilidade delas.

- Perla e as Figuras Femininas na Vida de Luther;

Perla é uma das poucas figuras femininas que existem em torno de Luther, isso também não é um mero detalhe. Como pôde ser observado, além de Perla, apenas Agnes é uma personagem que se mostra próxima o suficiente do protagonista, mas ela não é um "bom exemplo" de personalidade feminina. Isso advém do passado e da vida cotidiana de Luther. Ele sempre foi influenciado a se afastar de qualquer coisa feminina, isso também reflete com que ele geralmente prefira estar com homens. As mulheres que afetaram bastante a vida do nosso protagonista são sua avó e mãe, mas a relação com as mesmas sempre foi conturbada. Além disso, podemos citar Ruth, ou a repórter, e até a mulher que convidou os alunos para a entrevista do capítulo final. Todas elas são distantes, Luther não consegue se aproximar, as vezes mal conversa, outrora ele as afasta. Perla, no entanto, é uma rara unidade de mulher que se conhece como ninguém, além de que ela afronta sua realidade fazendo coisas proibidas, situações que vieram a serem reprimidas em todas as mulheres (pois estamos em um mundo que está passando por uma ditadura). Então ela é uma representação forte de uma pessoa única, isso faz com que a conexão de ambos seja ancestral (não só por isso) e que Luther comece a ter um novo tipo de contato e inspiração de figuras femininas a sua volta.

- Eliot;

Eliot é uma figura que, junto a Perla, são conflitantes nos sentimentos de Luther. Os dois são melhores amigos, o que destaca que eles se encontram com semelhanças em diversos pontos. Ou seja, é como se Luther gostasse de duas pessoas igualmente atrativas, tendo algumas diferenças que as deixam ainda maiores. Além disso, Eliot é uma tentativa de acabar com os clichês de corpos perfeitos dos protagonistas que todas as histórias possuem.

- A Ditadura;

Se a questão de realidades paralelas não estivesse presente nessa obra, um ponto marcante seria a ditadura. Ela, contudo, é o ponto fundamental para exemplificar uma das reflexões sobre o pós-morte na história. Em um momento do livro, Perla e Luther estão conversando sobre o que acontece depois da morte, então eles abrem discussão sobre para onde vamos: céu, inferno, reencarnação? Até que Luther pensa sobre a morte em si, a qual é algo extremamente estranho de pensar, como ela só fosse uma ficção que sempre vemos em filmes e outros tipos de história. Aceitar que a morte realmente existe e que vamos chegar nela as vezes é surreal, é o que nos faz passar da ideia de "vida humana" e passamos para "não se trata só de nós". Chegando a comparar a morte como se fosse uma magia, mas que existe. A Ditadura é um exemplo igual a esse. Observando os capítulos, ela quase não se faz presente. É como se a Ditadura fosse um pano de fundo contado, mas que nem parece tão próximo assim, da mesma maneira que a morte. E quando Luther fica frente a frente com a maior prova que deixa claro a existência da ditadura, ele também é levado a compreender frente a frente a existência da morte.

- Emilie Lutifier;

Mesmo que apenas citada com suas músicas/poemas (lembrando que ela não existe, os poemas de Emilie são inventados pelo próprio autor), Emilie é parte crucial. Ela acaba citando situações da história, as vezes a prevendo. Ou seja: preste atenção em seus versos. Detalhe: Emilie não aparece em nenhum momento do livro, mas em uma das edições de capa, ela tem sua idealização dessa forma:

 Detalhe: Emilie não aparece em nenhum momento do livro, mas em uma das edições de capa, ela tem sua idealização dessa forma:

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Outro detalhe é sobre a simbologia das mulheres na vida de Luther. Perla, como dito, é praticamente a única que passa uma nova concepção para ele. E mesmo que Emilie seja um grande exemplo também, ela está longe, quase inexistente. Como se fosse só uma voz.

- O Violino;

O Violino é quase um personagem nesse universo. Ele sempre aparece em momentos decisivos, mesmo que não pareçam. Seja como um alarme para que o tiro seja dado, ou apenas no momento importante que é fazer o leitor conhecer mais sobre Luther Moniz. E o violino é mais do que isso, é uma identidade para Luther, o qual nos faz ver que ele não é um personagem comum e reconte de diversas histórias. O violino também marca sua autenticidade em sua realidade, coisa que fica diferente quando ele percebe que gosta de violão em outro mundo, por exemplo.

- Jair Dias Cobalto;

Ele é uma representação óbvia de figuras reais bastante persistentes na história do mundo. Cobalto é um clássico representante de ditaduras, mas é a maior energia negativa de toda história. Quase como um vilão, mas ele ainda não chega a ser.

- Os Poemas;

Os poemas servem para deixar a história mais única, original, real, poética (obviamente), e também deixar alguns pedacinhos de revelação para os próximos capítulos. Todos têm seu significado acompanhado do contexto da história.

- Just Like Magic;

A música de Ariana Grande (ou Adriana do Senhor) cai como uma luva. Seu primeiro verso já cita sobre se levantar da cama e começar um dia bom, além de atrair energias positivas e o que se deseja, como mágica. E ela aparece justamente na cena em que Luther acorda junto com Eliot, um dos seus ápices de intimidade e felicidade durante a história.

- A logo "Luther" da Capa do Livro;

Esse detalhe final é bem básico e quase insignificante. Mas, caso você tenha percebido, o letreiro "Luther" é escrito apenas como um contorno. O interior dessas letras é vazio, transparente para o que quer que tenha no fundo. O significado é: enquanto ele ainda não sabe o que está acontecendo, não se conhece e não entende seu universo, ele ainda está vazio.

Existem outras referências que talvez eu tenha deixado passar, como a morte da Inês Brasil que é um gatilho para que as pessoas finalmente cheguem ao ponto de querer mudar isso e causar revolução, além de que significa uma perca a mais da identidade daquela realidade. Contudo, não irei me aprofundar mais por ter muita coisa. Isso eu deixo com vocês.

LUTHER | Temporada 1Onde histórias criam vida. Descubra agora