Quatro.

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O barulho da chave girando na porta fez Lisa saltar de cima do sofá e esconder seus seios e seu sexo com almofadas. A menina ao seu lado fez exatamente a mesma coisa, no entanto, Jisoo ainda assim foi capaz de ver algo antes do total cobrimento dos corpos.

— Lisa, de novo? — Jisoo reclamou chateada.

— Eu pensei que você não viria mais, já viu que horas são? Quase oito da manhã. Achei que finalmente tivesse aceitado sair com a Joohyun e que dormiria com ela lá.

— O quê? — Jisoo perguntou inconformada. — Eu nem vi aquela garota. Onde estão os garotos, afinal?

— Jin já foi para a faculdade e o Hoseok foi fumar maconha com alguma garota que não me lembro o nome. — Jisoo assentiu e coçou os olhos.

— Certo. Podem continuar então, vou subir, tomar um banho e dormir umas duas horas. — Ela disse, indo rumo às escadas de madeira invernizada.

— Onde estava, afinal, se não me estava com a Joohyun? — Jennie perguntou não se aguentando de curiosidade.

— Aconteceu algo bizarro ontem e por alguma razão uma garota que estava em coma havia quatorze anos respondeu à minha voz.

— Quatorze anos? Ela está bem? Fala ou anda? Tudo isso de tempo não era para ter comprometido seu cérebro? -- Lisa perguntou surpresa.

— Como chegou a encontrar um caso assim? Pensei que fosse da fisioterapia. -- Jennie concluiu.

— E sou. — Jisoo respondeu. — E sobre as perguntas de Lisa... Bem, ela fala normalmente, o resto ainda não sabemos. Ela deve passar por uma bateria de exames exaustivos, coitada. — Jisoo disse em um suspiro. — De qualquer forma, vou sair uns trinta minutos mais cedo para ir visitá-la. -- Disse, dando de ombros. -- Bom sexo para vocês.

— Obrigada. — Disseram em uníssono e Jisoo subiu as escadas correndo.

Tomou um banho não tão demorado, pois sentia suas pálpebras pesarem, no entanto, quando finalmente se deitou em sua cama seus olhos não se fecharam. Seu cérebro não permitia; ele ficava enviando imagens do sorriso de Chaeyoung e lembranças do elogio sobre os olhos de Jisoo.

Ela não fez muita coisa após aquele elogio, pois o médico insistiu que ela saísse da sala junto com Boah, pois precisava realizar uma série de exames. Antes de sair, Boah ouviu o "Mamãe?" E caiu em um choro intenso antes de abraçar sua filha e prometer voltar logo.

Jisoo se remexeu na cama e fechou os olhos forçadamente, porém aquele sorriso voltou a invadir seus pensamentos. Jisoo bufou irritada e se cobriu, mas, segundos antes de dormir, a rouquidão da voz de Chaeyoung voltou a pronunciar:

"Os seus olhos também são lindos."

Esse era o maldito problema em nunca receber elogios de mulheres tão lindas: Quando recebia não era fácil esquecer. Tentou evitar, mas um sorrisinho bobo enfeitou seus lábios antes de finalmente conseguir pregar os olhos.

[...]

O corpo da garota estava quebrado; ela não deveria sequer ter dormido, pensou, pois se sentia muito pior. Nos olhos havia pingado colirio, já que ardiam intensamente. Seus pés correram o mais depressa possível para dar tempo de visitar Chaeyoung.

Assim que chegou na porta a qual tanto ansiava, deixou três batidas suaves na mesma, que logo foi aberta por Boah. A mulher avançou em Jisoo assim que a viu, envolvendo suas mãos ao redor do pescoço da garota e a abraçando forte.

— Eu jamais serei capaz de agradecer o suficiente, querida. — Boah disse emocionada, fazendo Jisoo sorrir.

— Não me agradeça, senhora Park, eu não fiz nada. Foi tudo mérito única e exclusivamente de Chaeyoung. — Jisoo disse sentindo a mulher lhe soltar e enxugar uma lágrima solitária. — Como ela está?

— Perfeita. — A mulher disse, dando espaço para Jisoo entrar no quarto. — O médico disse que ela terá que ficar uns dias em observação e terá que passar por fisioterapia, pois ela está há muito tempo em desuso dos músculos e dos ossos. — Boah explicou, vendo Jisoo sorrir e acenar para Chaeyoung, que sorriu de volta. — O cérebro dela também é acostumado a carregar um corpo de seis anos, então ele mesmo pregará peças nela até entender que seu corpo já é adulto.

— Mamãe... — Chaeyoung chamou, fazendo a mulher se calar e pôr atenção em sua filha. — Ela voltou mesmo. — Chaeyoung disse sorrindo e se ajeitando mais na cama.

— Sim, querida. Eu disse que ela voltaria. — Boah disse rindo de uma forma calorosa.

— Olá, Chaeyoung, sabe quem eu sou? — Jisoo perguntou, se aproximando da cama e, consequentemente, de Chaeyoung.

— A moça dos olhos de chocolate. — Jisoo enrubesceu ante ao elogio. — Eu gosto de chocolate.

— Bem, eu te trouxe caramelos, mas eu conversei com seu médico antes de entrar aqui e, infelizmente, ele disse que você terá que passar por uma dieta rigorosa por alguns dias, sinto muito. — Chaeyoung fez uma careta antes de olhar seriamente para Jisoo.

— Nem escondido? — Ela sussurrou após tampar sua boca com uma das mãos para sua mãe não ver, fazendo Jisoo rir a plenos pulmões.

— Não seja assim, mocinha. Não é legal trapacear nas regras quando se trata de nossa saúde, tudo bem? — Jisoo disse e Chaeyoung assentiu um pouco contrariada.

— Jennie, posso aproveitar que está aqui para ir ao banheiro? — Boah perguntou, vendo a moça assentir. Pobre Boah, deve estar exausta, pensou Jisoo. Se ela não tivesse que ir para suas aulas práticas ela ficaria com Chaeyoung para a mulher tirar algumas horas para descansar.

— Mamãe me disse que eu não sou neném. Que agora eu já tenho vinte anos. — Chaeyoung disse fitando com atenção as expressões de Jisoo.

— Ela disse isso?

— Disse também que eu sempre serei o neném dela, mas me explicou o que aconteceu. — Chaeyoung disse. — Parece o desenho do jacaré que queria comer o pica-pau.

— Ah, sim? -- Jisoo perguntou rindo. Ela adorava aquele desenho em sua infância.

— Sim, só que ao invés de dormir por todo o inverno eu dormi por vários. — Jisoo assentiu, orgulhosa por Chaeyoung ter entendido.

— E suponho que sua fome esteja igual ao do jacaré, hm? -- Jisoo perguntou rindo ao ouvir o estômago de Chaeyoung roncar. A maior acenou um pouco envergonhada e Jennie sorriu. — Já está quase na hora de sua refeição. Vai comer tudo?

— Siiiiim. — Chaeyoung disse animada e Jisoo riu.

— Voltei, crianças. — Boah disse, sorrindo abertamente. Rápida! Pensou Jisoo. A garota se permitiu fitá-la: Ainda aparentava cansada, porém aquela grande tristeza e falta de brilho em seus olhos já não existiam.

— Eu adoraria ficar mais, mas o dever me chama. — Jisoo disse entortando a boca e Chaeyoung cruzou os braços.

— Ah não! — Protestou emburrada.

— Jisoo tem coisas para fazer, meu amor. Lembra-se do que conversamos? — Chaeyoung assentiu ainda emburrada.

— No meu intervalo eu prometo passar aqui, tudo bem?

— Falta muito para isso? — Chaeyoung perguntou.

— Umas quatro horas. — Jisoo informou.--

— Mamãe, quanto é isso? -- Boah entortou a boca, como explicaria isso?

— São o mesmo que dois filmes da Disney, mais ou menos. — Jisoo se apressou em dizer.

— Jura que vem?

— Juro. — Jisoo respondeu.

— De dedinho? — Chaeyoung questionou, esticando seu dedo mindinho. Jisoo o olhou e sorriu genuinamente.

— De dedinho.

Em um piscar de olhos - ChaesooOnde histórias criam vida. Descubra agora