As fortes e geladas rajadas de vento fizeram Jisoo encolher todo o seu corpo; em pleno final de outono o frio castigava quase severamente. A garota estava guardando o crachá em sua bolsa quando suas chaves caíram no chão. Imagine ter que tocar no metal, agora molhado, em pleno nove graus celsius.
Serenava devido à hora: Pouco mais das onze da noite. Jisoo fez o que mais cedo ou mais tarde teria que fazer e acabou pegando a chave do chão. A garota voltou a se levantar, todavia, algo não a deixou se mover. Ela fechou os olhos ao cair em percepção de que deveria ter ido visitar a senhora Boah e Chaeyoung.
Seus passos foram desajeitados e apressados para dentro do hospital e logo ela estava no elevador rumo ao quarto da garota. Por sorte não precisou ter que gravar outros números de quartos aquele dia, se não, com certeza teria problemas em se lembrar do número do quarto de Chaeyoung
Assim que chegou ao piso em que deveria descer, ela rumou para o quarto. Deu três suaves batidas na porta e logo a mesma foi aberta.
— Olá. — Ela disse docemente. — Muito tarde? Se quiser posso voltar amanhã e...
— Não se preocupe, criança. Entre. — Boah disse, vendo Jisoo (agora não uniformizada) entrar. A garota deixou a bolsa no canto da sala e se aproximou de Chaeyoung.
— Olá, Chaeyoung. Como está? — Jisoo disse, vendo Boah voltar a se sentar em sua cadeira. — Vejo que pentearam seus cabelos. Está linda.
— Ninguém a visitava e, bem, ela sempre gostou de ficar bem arrumada para as visitas. Dei uma leva ajeitada. — Boah disse sorrindo fraco e Jisoo agradeceu mentalmente por ter lembrado de visitá-la. A mulher teria se chateado caso o cérebro de Jisoo resolvesse falhar em lembrá-la de algo novamente.
— Oh. — Jisoo disse. A menor analisou a expressão da mãe de Chaeyoung. Aquela mulher carregava consigo uma dor tão profunda que transparecia no brilho de seus olhos. — Viu só, Chaeyoung? Sua mãe ainda se lembra de seus gostos. — Boah riu baixinho.
— Você é muito especial, Jisoo. Boah disse, causando um sorriso no rosto da menor.
— Obrigada, senhora. — Ela disse sentindo-se lisonjeada. — Chaeyoung, vou contar para você e sua mãe sobre meu chefe, quer escutar? — Jisoo perguntou sorrindo. — Ele brigou muito comigo por ter entrado aqui mais cedo. Ele realmente não deve gostar de mim. — Falou rindo.
— Oh querida. Enganos acontecem. Por que ele brigaria com você?
— Por importunar a paz de uma família. Eu deveria ter ido à outro quarto. Levei bastante xingo, mas sabe, Chaeyoung? Gostei de conhecer vocês duas. — A porta foi aberta de supetão, roubando a atenção do momento para o doutor que estava na sala.
— Boa noite, moças. Como estamos por aqui? — O homem aparentava seus quarenta e poucos anos, era ligeiramente grisalho, mais incrivelmente lindo e simpático. — Temos visita nova para você, Chaeyoung? — O homem disse em um tom alegre e empolgado.
— Jisoo é nossa nova amiga, Doutor Haein. — Boah disse sorrindo, se afastando para dar lugar ao médico, que retirava sua pequena lanterna do bolso de seu jaleco.
— Vamos lá. — Ele disse, abrindo um dos olhos de Chaeyoung e jogando luz nele. Jisoo pôde ver que os olhos eram castanhos também, uma tonalidade incrível, se fosse ser honesta.
— Você não se incomoda com isso, Chaeyoung? Se alguém jogasse luz nos meus olhos eu choraria de raiva. — Jisoo disse rindo. — Sou meio explosiva na TPM.
— Como disse que se chamava? — O médico perguntou, se virando para Jisoo.
— Bem, eu não disse. Boah que me apresentou. Sou Jisoo.
— Certo. Jisoo...
— Já sei. Pedirá silêncio. Desculpe! — Ela disse rindo um pouco envergonhada.
— Muito pelo contrário. Continue falando. — Jisoo arqueou uma sobrancelha.
— Bem, eu não entendi, mas tudo bem. Sou fácil em falar coisas aleatórias do nada. Isso me faz parecer louca, — Ela perguntou, vendo Boah rir.
— Não, querida. — A mulher respondeu gentilmente.
— Jisoo, ande até a porta, por favor. — O homem pediu e Jisoo assentiu confusa. — Vá falando. — Que espécie de louco aquele médico era? Jisoo resolveu acatar seu pedido mesmo assim.
— Eu não posso ficar falando sozinha, doutor. O senhor me pede para falar, mas é complicado e isso compromete minha imagem na frente de Chaeyoung.
— Repita o nome dela. — O homem pediu com veemência.
— Está tudo bem, doutor?. — Boah perguntou preocupada. O homem jamais fizera algo assim em todos os anos que estivera ali. Ele era apenas um interno quando foi apresentado ao caso e permaneceu até os dias atuais ao lado daquela família.
— Sim. Só preciso que Jisoo repita o nome de Chaeyoung.
— Claro. Chaeyoung, eu não sei porque o doutor quer que eu repita o seu nome, mas gosto de "Chaeyoung". É um bonito nome e por isso repeti sem problemas.
O homem soltou uma risada animada e apagou a lanterna, olhando para Boah visivelmente comovido. Ele havia se apegado à garota e dizia que naqueles quatorze anos Chaeyoung lhe ensinada sobre perseverança todos os dias.
— Senhora Boah, podemos trocar uma palavra? — Ele perguntou e Boah olhou confusa e assustada para ela.
— Eu prefiro que Jisoo esteja comigo. — Ela confessou. — Você sabe que não tenho ninguém... mais ninguém, doutor. — Os olhos do homem se direcionaram para Jisoo antes de ele assentir.
— Tudo bem. — Ele disse. — Senhora Park, de alguma maneira a sua filha parece responder quando ouve. As pupilas se dilatam e se movem, porém...
— Oh meu deus. — Boah disse levando sua mão à própria boca. — Ela nos ouve? Oh meu Deus. Minha filha... — A mulher começou a chorar e o doutor respirou fundo.
— Preciso que se acalme, senhora. Ainda tem mais. — Ele disse, vendo-a limpar algumas lágrimas e voltar a fitá-lo. Boah sentiu um aperto cálido em sua mão, virando-se apenas para ver que era Jisoo.
— Prossiga, Doutor.
— Bem, o mais estranho de tudo é que, bem... Chaeyoung só responde à voz de Jisoo. Eu falei e nada, a senhora falou e nada, Jisoo falou e seus olhos a seguiram. Quando Jisoo proferiu o nome dela era como se seus olhos quisessem se aproximar dela.
— Está dizendo... — Boah foi cortada pelo Doutor.
— A voz de Jisoo é o estímulo que procuramos todos esses anos para Chaeyoung, Boah. — Jisoo piscou lentamente, tentando processar o que acabara de escutar. Como raios seu dia se tornara tão louco?
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Em um piscar de olhos - Chaesoo
RomancePark Chaeyoung tinha apenas apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro que estavam durante...