Os olhos de Chaeyoung estavam há quase um minuto presos nos ferros a sua frente, tentando assimilar o que Jisoo dissera para que ela fizesse. Confiava em Jisoo, contudo, seu verdadeiro medo estapeou-lhe bem na cara: E se não conseguisse?-- Que tal se tentarmos depois? -- Chaeyoung perguntou e Jisoo riu suavemente.
-- O que combinamos na virada de ano, hm? -- Perguntou, erguendo uma sobrancelha, mas jamais perdendo o sorriso.
-- Que este ano eu andaria antes da primavera chegar. -- Chaeyoung disse e Jisoo aquiesceu.
-- Exatamente. -- Afirmou. -- E para isso você precisa começar a treinar na barra paralela. -- Chaeyoung umedeceu os lábios pensativa antes de olhar para Jisoo temerosa.
-- E se eu não conseguir?
-- Você vai. -- Disse veemente. -- Seus braços já estão fortes para sustentar o seu peso, agora precisamos trabalhar mais suas pernas.
-- Por que meus braços estão bons e minhas pernas ainda não? -- Perguntou.
-- Nossas pernas exigem mais força de nós, você vai chegar lá. -- Jisoo insistiu pacientemente. -- Para irmos à piscina da sua casa em alguns meses quero que esteja boa, se não, eu não irei. -- Impôs. Chaeyoung entortou a boca e olhou para a barra antes de voltar a olhar para Jisoo.
-- Sem Chu de maiô ou biquini? -- Perguntou e Jisoo segurou o riso.
-- Sem Chu de maiô ou biquini. -- Disse irredutivelmente, o que causou um longo suspiro em Chaeyoung.
-- Você vai me ensinar a nadar? -- Chaeyoung era esperta, queria negociar.
-- Sim, mas precisa testar a barra.
-- Se eu cair você não ri? -- Pediu envergonhada.
-- Você não irá cair. Eu estarei bem atrás de você, pronta para te segurar. -- Jisoo informou e Chaeyoung tomou fôlego antes de assentir.
-- Tudo bem, me leve até ela. -- Pediu. Queria, a todo custo, voltar a andar novamente; queria os passeios que Jisoo lhe prometeu; queria poder ter a liberdade de tomar um banho sozinha; de poder subir a bendita escada sozinha; de poder se deitar por conta própria, pois apesar de isso ser algo que ela podia, sua mãe sempre a colocava para dormir.
Não que ela reclamasse, mas havia dias onde ela realmente queria estar sozinha. Aquele era um sentimento novo nos últimos dias, afinal sempre odiara ficar sozinha, porém ter as pessoas em cima dela o tempo inteiro estava começando a incomodar um pouco a menina, mas ela não diria nada a ninguém, não queria ser uma ingrata.
Jisoo ajeitou a cadeira de rodas em frente à barra e estendeu os dois braços a ela, fazendo a maior segurar suas mãos. Aquele, de longe, era seu toque preferido: O de Jisoo. Havia se passado três semanas após o natal, porém já sentia falta de Jisoo dormindo ao seu lado, porque a verdade era que Jisoo contava as melhores estórias, todavia, o que prendia a atenção de Chaeyoung era a voz eloquente de Jisoo , cheia de vida, fazendo cada personagem ser compreendido perfeitamente.
-- Pronta? -- Jisoo perguntou e Chaeyoung engoliu em seco, mas mesmo assim assentiu. -- No três você vai fazer o que eu te disse, certo? -- Novamente Chaeyoung aquiesceu.
-- Certo. -- Chaeyoung disse se preparando.
-- Um... -- Jisoo começou a contagem, tentando transpassar segurança, porém seu interior estava aflito e ansioso. -- Dois... -- Boah se aproximou um pouco mais, mal podia esperar por aquilo. -- Três. -- Disse por fim, vendo Chaeyoung tomar impulso e, com a ajuda do leve puxão de Jisoo, a garota ficou em pé.
Chaeyoung olhou para as próprias pernas sentindo-se diferente, bem distinta do que algum dia já se sentiu. Seus olhos umedeceram e um enorme sorriso preencheu-lhe o rosto, fazendo Jennie acompanhar a expressão.
-- Eu estou em pé, Chu... -- Chaeyoung disse ainda incrédula. Sabia que não sairia andando por aí, que ainda tinha um longo caminho a percorrer. Claro que sabia! Jisoo já havia lhe explicado, mas o fato de conseguir se sustentar sobre seu próprio peso era magnífico e ela não podia medir a amplitude de seus sentimentos.
Jisoo sorria diante da emoção no rosto de Chaeyoung e de Boah, mas as borboletas em seu estômago vieram lhe visitar assim que Chaeyoung apertou mais suas mãos e a puxou para mais perto. Seu rosto se levantou alguns centímetros e seus olhos subiram, acompanhando seus cílios, apenas para encontrar as orbes verdes fixadas em si, tão cintilantes quanto nunca. Jisoo estava em uma espécie de transe, até ouvir Chaeyoung dizer algo novamente:
-- Eu sou mais alta do que você. -- Chaeyoung disse sorrindo singelamente, fazendo Jisoo engolir em seco devido à proximidade das duas.
Claro que ela não beijaria Chaeyoung ou vice-versa, não ainda sequer trocado outro selinho depois do primeiro e, mesmo que tivessem, ela tinha a plena ciência de Boah as vigiando. O que fazia Jisoo sentir sua pressão baixar foi a sensação de Chaeyoung em pé tão perto; uma real e clara melhoria; uma sinal de que as coisas não estavam estacadas.
-- Sim, não é muito difícil ser mais alta do que eu, sabe? Levando em conta que não sou alta. -- Jisoo disse rindo suavemente, sentindo Chaeyoung se agarrar mais em si como apoio.
-- Eu sempre imaginei se eu seria mais alta. -- Chaeyoung disse sorrindo. -- Você continua linda daqui de cima.
Certo, ainda havia momentos onde Jennie enrubescia fortemente ante aos elogios de Chaeyoung. Eram elogios inocentes, mas que faziam seu coração flutuar mesmo assim. Um pigarro de Boah fez Jisoo corar ainda mais, focando no que realmente devia.
-- Certo, vou para trás de você e te guiar. -- Jisoo disse, segurando a cintura de Chaeyoung e indo para trás dela. A menor empurrou um pouco a cadeira para trás e se ajeitou no corpo da maior, tendo suas mãos segurando firmemente na pele de sua cintura. -- Segure nas barras, Chaeng. -- E assim a menina fez, levando suas mãos brancas até as barras.
-- Eu realmente sustento meu próprio corpo com os braços. -- Chaeyoung disse entusiasmada, vendo que Jisoo não era nada mais que um apoio.
-- Agora quero ande. -- Jisoo pediu. -- Aplique todo o peso que suas pernas aguentarem, mas fique atenta aos braços, eles te segurarão quando as pernas não ajudarem.
-- Você vai ficar aí, não é? -- Chaeyoung perguntou. -- Mamãe, eu vou andar! -- Exclamou com entusiasmo.
-- Vou ficar com você todo o tempo. -- Jisoo disse, esperando Boah dar um beijo no rosto da filha por cima da barra antes de se afastar de novo.
Durante todo o tempo Chaeyoung fez todos os exercícios sem reclamar, colocando máximo empenho em tudo, mas houve uma hora em que seu corpo estava extremamente cansado, que ela já não aguentava muito. Jisoo soube ler seus movimentos, a colocando na cadeira novamente. Apesar da evidente exaustão, Chaeyoung parecia tão feliz que acabou por segurar a mão de Jisoo e plantar um beijo sobre a delicada pele.
-- Obrigada, Chu. -- Pediu alegremente, fazendo Jisoo sorrir diante do gesto.
-- Obrigada você por tentar. Agora preciso continuar o trabalho, tenho mais alguns pacientes. Nos vemos amanhã pela manhã. -- Jisoo disse, pois já fazia parte de sua rotina visitar Chaeyoung e Boah todos os dias. -- Fiquem com Deus. -- Jisoo disse, se inclinando para deixar um beijo no rosto de Chaeyoung, sem embargo, foi surpreendida quando a menina virou o rosto, fazendo seus lábios se encontrarem.
Jisoo corou assim que se afastou e seus olhos, automaticamente, foram para Boah. Será que a mulher pensava que sempre que elas ficavam sozinhas faziam isso? Céus, o embaraço a dominou completamente.
-- Huh, eu... -- O riso calmo de Boah contradizia o aparente constrangimento em seu rosto.
-- Vá, querida. Está tudo bem. -- Boah disse e Jisoo assentiu, segurando a mão de Chaeyoung e depositando um beijo ali.-- Nos vemos, princesinha. -- Disse sutilmente, vendo Chaeyoung assentir freneticamente.
-- Até amanhã, Chu. -- Chaeyoung disse, fazendo Jisoo sorrir antes de sair. Apesar do evidente embaraço, ela ainda assim podia sentir seus lábios formigando e seu coração agitado.Sem perceber um sorriso brincava em seus lábios.
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Em um piscar de olhos - Chaesoo
RomancePark Chaeyoung tinha apenas apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro que estavam durante...