O Trabalho

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Se eu achava que a minha vida era uma confusão antes, eu estava totalmente errada. A prova de bolos seria hoje, em plenos dia 4 de Junho e eu estava atrasada para o trabalho, descendo as escadas e indo em direção a cozinha, Cavill vinha atrás de mim com nosso filhote em um canguru preso ao seu corpo. Sigo para a cozinha pegando o café que o Cavill já tinha preparado e pondo em um copo térmico com tampa. Ele  brincava com nosso bebê enquanto eu pegava uma caixa de cereal do leite moça e colocava em uma tigela e um pouco de leite piracanjuba.

- Calma, Clara, não precisa se afobar com o trabalho, come com calma. - Ele me dizia enquanto sentava em um banco e beijava a bochecha do Victor que dava uma risada gostosa.

- Não posso, eu voltei a trabalhar tem só uma semana e não quero que eles pensem que eu sou desordeira.

Ano passado eu tentei essa vaga, mas aí engravidei e a gravidez de risco, mas Cavill conseguiu que eles me dessem uma chance e agora eu estava agarrando ela com unhas e dentes. Comi meu cereal as pressas, com colheradas bem cheias.

- Você já sabe o que vai fazer? - Perguntei ao meu noivo, como nos dois tínhamos que ir trabalhar o nosso filho tinha que ter alguém com ele.

- Sim senhora. - Cavill dizia sorrindo. - Vou levá-lo para a creche do jornal, verificar ele a cada uma hora.

- Perfeito.

Deixo a tigela na pia e me inclinou até ele, lhe dando um beijo nos lábios e depois outro na cabeça do nosso filho, então saia correndo para fora da casa. Ainda dirigia meu Toyota Corolla de 2016, mesmo com o Cavill querendo me comprar um carro novo, eu preferia que ele não fizesse isso até estarmos oficialmente casados, não quero depender do dinheiro dele.
Talvez fosse um orgulho, mas nunca precisei de ajuda financeira de homem nenhum que não fosse da minha família e não queria que isso fosse recorrente em nosso casamento, ele já estava bancando a cerimônia e festa, eu estava lutando para que minhas reservas dessem para o vestido.
O trânsito era estressante mas consigo chegar no Museu Estadual de Arte,  passando pela área dos funcionários, pegando meu crachá e pondo na roupa e batendo meu ponto, sigo em direção a entrada do museu e meu horário começa quando uma turma de jovens adolescentes entra em uma tuor. Vou guiando eles junto do professor enquanto falava sobre as obras de artes, quando o tuor acaba eu já gastei duas horas de trabalho e enfim posso ir trabalhar o que eu mais amo.
Seguindo por um corredor e entrando por uma porta escrita "Somente Funcionários", para passar por ela necessita de uma senha, eu digito e a porta se abre. Atravesso ela seguindo por outro corredor e então descendo uma escadaria e chego ao porão, aonde várias obras de artes estão, um colega de trabalho fazia a restauração e eu o ajudava com análise das obras mais antigas.

O único problema era quando meus seios me denunciavam.

- Clara. Baby. - O Gabriel diz, apontando minha blusa, eu estava curvada encima de uma pintura, usando um monóculo e analisando as pinceladas.

- O que é ruivo? - O chamo assim pelo fato óbvio de que ele é ruivo barbudo e me lembrava o Mad Sweeney da série American Gods. - O que houve?

- Você tá vazando.

- Oh Merda! - Exclamo em voz alta, pondo uma mão em meu seio, largo o monóculo na mesa e corria subindo as escadas para a área dos funcionários.

Me sento em uma cadeira e pego a bomba de sucção, eu tinha perdido a noção da hora e eu precisava fazer isso algumas vezes ao dia, enchia algumas mamadeira e coloco na bolsa térmica e volto a descer para o trabalho. Era cansativo ser mãe lactante, as tetas vazando a todo momento quando eu não estava perto do Victor.
A minha chefe entrava no porão aonde eu estava com o ruivo, ele em suas restaurações e eu em minha análise, o porão era todo climatizado para a proteção das obras e o cofre ficava do outro lado da parede, guardando alguns bens extremamente preciosos o que não estavam em exposição no momento. A mulher de cabelos loiros curtos e usando um terninho prateado, andava até mim com um olhar sagaz, ela abria um sorriso de vibora.

- Bom dia, Clara. - Ela diz e eu sorria de volta, retirando as luvas de látex e estendendo a mão a mulher que apertou por educação, ela abaixou sua mão e eu a minha. - Vejo que está lidando bem com o trabalho, como se sente?

- Muito bem, Márcia, estou muito feliz por trabalhar aqui. - Respondo tentando não parecer estar preocupada com essa visita repentina dela. - Precisa de alguma coisa?

- Oh! Não querida. - Ela me olha de cima abaixo e então abre aquele sorriso novamente. - Ouvi dizer que está lactante ainda.

- Bom, é o que acontece mas estou já desmamando meu filho. - Engolia em seco, ajeitando meu blazer, odeio quando as pessoas me olham dessa forma.

Sério! Qual o problema de me olhar diferente só porque tô amamentando? Caralho falta de respeito, vai olhar uma porta.

- E como anda seu marido?

Trinco o maxilar em ódio.

- Ele é meu noivo, não meu marido.

- Que seja. - Ela desdém, balançando a mão como se afastando esse pensamento. - Mande um beijo a ele.

E então ela se afasta, indo até o Gabriel e segue seu caminho até a saída do porão.
Naquele momento eu já estou exausta e ainda nem chegou a hora do almoço. O que não melhora até eu estar dirigindo de volta para casa, quando já estou estacionando eu me lembro de que esqueci uma coisa.

- Merda!

Entro em casa e encontro o Cavill com o Victor em seus braços, ele está sentado em uma poltrona na sala, nosso bebê dormindo, ando calmamente até ele mas Cavill me olha com um olhar nada amigável.

- Você perdeu a nossa prova do bolo.

Ele tinha a habilidade de dizer coisas como essas e fazer eu me sentir a pior namorada do mundo, eu me sento no tapete felpudo diante dele, olhando para seus olhos.

- Desculpe, amor. Eu estava tão ocupada com o trabalho, recebemos aqueles quadros semana passada e eu tinha tanto o que fazer. - Tento me explicar, mas Cavill apenas suspira, passando uma mão nos cabelos.

- Tudo bem, eu deixei algumas amostras na geladeira, para você provar os que eu gostei e ver o que acha. - Então ele se levantou segurando nosso filho e seguiu para a escadaria. - Vou por ele no berço.

Droga! Já estava o desapontando.

O Casamento do Chefe do Meu Pai (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora