Eu: Obrigada por me trazer no aeroporto, Bebel.
Isabel: Imagina, pode ir tranquila que eu vou cuidar de tudo por aqui.
Eu: Confio em você — abraço — Mas cuida direito do meu carro hein!
Isabel: — risada — Eu vou tentar não amassar ele.
[...]
|Rio de Janeiro, 01:40pm|
"Senhores passageiros estaremos agora iniciando o pouso no aeroporto Internacional do Galeão"
Eu: Amém.
Não sou muito religiosa, mas depois de quase quinze horas dentro de um avião é pra glorificar de pé. Pousamos em segurança e eu — depois de seis anos — pisei em solo brasileiro.
Eu: Que calor é esse? — me abanando.
Tratei de tirar meu sobretudo e fui até as esteiras pegar minha mala.
[...]
Avistei uma placa com meu nome e um rosto familiar. Elísio, marido de Regina e pai do Pedro. Ele virou a plaquinha e estava escrito "bem-vinda de volta!", eu sempre fui muito bem tratada pelos patrões da minha mãe. Fui ao encontro de Elísio e ele me recebeu com um abraço caloroso.
Elísio: Menina como você cresceu!
Eu: — risada — Acho que não sou mais uma menina, seu Elísio.
Elísio: sempre vai ser pra todos nós.
Ele se referia a minha mãe e a Regina também, depois da morte do meu pai, Elísio foi como um segundo pai pra mim. Durante o caminho, Elísio tentava me falar sobre o Pedro e a cada vez que eu escutava seu nome meu punho se fechava com força por ainda carregar muita raiva dentro de mim, eu sempre dava um jeito de mudar de assunto. Nem minha mãe e nem os pais de Pedro sabem o que ele me fez, eu escolhi não contar, não por ele, mas por mim, senti muita vergonha de contar que tinha transado com Pedro.
[...]
Eu abri a porta da mansão e me deparei com uma mini festa em minha homenagem, havia uma faixa com meu nome pendurada na parede, Regina e minha mãe soltaram bombas de confete em cima de mim.
Eu: — sorri — Por essa eu não esperava.
Aparecida: Bia! Minha filha! — abraço — que bom te ver!
Eu: Que saudade, mãezinha. — aperto ela no abraço.
Regina: Que mulher linda que você se tornou, Bia!
Eu: Dona Regina. — abraço.
Regina: Dona?
Elísio: Acredita que ela teve a audácia de me chamar de "seu Elísio" no aeroporto?
Os dois exigiram que eu voltasse a chamá-los de tio e tia como antigamente. Eu fui acomodada em um dos quartos de hóspedes da mansão.
Eu: Aqui não mudou nada.
Aparecida: Por que mudaria? — risada — Troca essa roupa de frio e vem pra cozinha, fiz um bolo pra você.
Quando morávamos aqui, minha mãe trabalhava como empregada, ela foi promovida a governanta a quase três anos, faz um ano que eu consegui comprar uma casa pra minha mãe aqui no Rio de Janeiro, ela não mora mais nos fundos da mansão.
Eu: Por que eu não fico na sua casa?
Aparecida: Quando a gente voltar da viagem ficamos lá.
Eu: Viagem? — confusa.
Aparecida: A Regina não contou? Nós vamos pra casa de praia deles em Angra.
Eu: E-em Angra? Angra dos Reis?
Aparecida: Sim, algum problema?
Eu: Não mãe, tá tudo bem.
Angra dos Reis não é um lugar bom para se ficar, pelo menos não pra mim. Troquei de roupa e fui até a cozinha onde Regina estava cortando um pedaço de bolo, ao lado dela estava uma moça uns dez anos mais velha do que eu, fomos apresentadas, ela era quem estava substituindo minha mãe. Regina me serviu o pedaço de bolo junto com um copo de suco de laranja e novamente Pedro se tornou assunto — que raiva!
Regina: É tão bom ter você aqui de novo Bia, lembra da primeira vez que esteve aqui? Foi quando você conheceu o Pedro.
[Flashback]
Aparecida: Bia, essa aqui vai ser nossa casa agora.
Minha mãe segurou minha mão e tocou a campainha da mansão, Regina atendeu a porta e nos recepcionou com um sorriso, em seguida nos guiou até o sobrado dos fundos onde eu e minha mãe iríamos morar.
Regina: Muito linda a sua filha.
Eu sorri tímida.
Regina: Qual sua idade?
Eu: Dez anos.
Regina: Meu filho tem onze! Vamo lá em casa pra você conhecer ele?
Eu olhei para minha mãe pedindo sua permissão e ela assentiu com a cabeça. Enquanto minha mãe arrumava nossas coisas no que seria o nosso novo lar, Regina me levou para dentro da mansão.
Regina: Ele vai adorar você, Bianca.
Subimos algumas escadas e Regina abriu a porta de um dos quartos, eu enxerguei um menino de fones de ouvido sentado em um puf jogando vídeo game.
Regina: Pedro — ele não ouviu — Pedro!
Ele retirou o fone e olhou para a porta do quarto com uma feição nada agradável. Regina nos apresentou e disse para Pedro brincar comigo, eu senti muita vergonha de me mover então apenas me mantive em pé na porta, Pedro me olhou da cabeça aos pés fazendo minha timidez aumentar.
Pedro: Seu sapato tá desamarrado.
Olhei para os meus pés e amarrei meu tênis.
Pedro: Quer jogar um FIFA?
Eu: Eu não sei jogar isso.
Pedro: Então senta aí e não me atrapalha.
[Flashback]
Eu: Me lembro sim.
Regina: Sua mãe já contou da nossa viagem? — empolgada — Vai ser muito bom ter todo mundo reunido de novo!
Eu: Todo mundo?
Por favor não fala dele, por favor não fala dele, por favor não fala dele!
Regina: O Pedro vai com a gente!
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Eita carai, agora vai dar m****
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Meu Doce Rancor
FanfictionRancor, significado: sentimento de profunda aversão provocado por uma experiência vivida. Se desvencilhar de um rancor não parece ser fácil, aliás, não é fácil, após um coração partido todo o meu corpo arde com o ódio que passou a me dominar, como a...