Eu: Eu pego, — tirei minha mala do carro — tia Regina, cadê minha mãe?
Regina: Tá lá em cima, querida.
Encontrei minha mãe no corredor de cima, ela me mostrou o quarto em que ficaríamos, a casa de Angra não tem tantos quartos quanto a mansão do Rio. Enquanto estava me acomodando me dei conta de uma coisa...
Eu: Putz — levo a mão à testa — Não trouxe biquíni.
Aparecida: Veio pra praia e não trouxe biquíni?
Eu: Faz muito frio em Lisboa, eu acho que nem tenho biquíni.
Regina: Não tem biquíni?
Nos assustamos com a voz de Regina ecoando no quarto.
Regina: Tem algumas lojinhas aqui na cidade, só que é um pouco longe daqui, o Pedro pode levar você de carro.
Eu: Não precisa, eu posso pedir um táxi ou um uber.
Regina: Ah imagina, ele te leva, Pedro! — chamando.
Mais uma vez, eu não tive muita opção para ficar longe de Pedro, parece que sempre estou encurralada e acabo presa no mesmo ambiente que ele.
[...]
Eu mexia em alguns cabides tentando achar algo discreto, mas parece que o hype desse verão são biquínis com estampas extremamente coloridas.
Pedro: Quer ajuda?
Eu: Quero, segura isso.
Coloquei um cabide com um biquíni azul na mão dele, depois um lilás, depois um verde e por fim um rosa pastel, tentei escolher as cores mais neutras possíveis. Resolvi dar mais uma volta na loja e peguei algumas saídas de praia e um chapéu lindíssimo.
Pedro: Porra, quer levar a loja toda não? — dando risada.
Olhei para a cara de Pedro e revirei os olhos em sinal de reprovação.
Eu: Eu falei pra você esperar no carro, não falei?
Pedro: Foi só uma brincadeira, calma.
Fomos em direção ao caixa e eu passei meu cartão de crédito, Pedro se ofereceu para levar as sacolas e eu deixei, ele tem mais é que me agradar mesmo. No carro o silêncio se fez presente, até que Pedro resolveu se pronunciar.
Pedro: Posso te perguntar uma coisa?
Eu: Se não for uma pergunta idiota, pode.
Pedro: Por que tá me tratando desse jeito?
Eu: — bufei — Que jeito, Pedro?
Pedro: Esse jeito aí, bruta, impaciente, você não era assim comigo.
Eu: Até porque, quem era grosso comigo era você, né?
Pedro: O quê?! — surpreso — Claro que não!
Eu: Como não? Quando nos conhecemos, você me mandou ficar quieta e não atrapalhar seu jogo idiota.
Pedro: Primeiro, FIFA não é um jogo idiota e não é assim que eu lembro daquele dia.
Eu: Ah não? — irônica — Então como é?
[Flashback narrado por Pedro]
Você tava super quieta na cama, quando eu terminei minha partida te chamei pra jogar.
Pedro: — olhou pra Bia — Tá afim de aprender?
Bia: É eu posso tentar.
Eu peguei outro puf pra você sentar do meu lado e aí a gente começou a jogar, você me contou do seu pai, eu consolei você, a gente deu risada e eu até deixei você ganhar uma partida. A gente passou o dia inteiro junto e aí minha mãe falou que você ia pra sua casa.
Pedro: Agora, mãe? Pede pra mãe dela deixar mais.
Regina: Amanhã ela volta, tá bom?
Pedro: Tá — cabisbaixo — tchau Bia.
Bia: Tchau Pedro. — abraço.
[Flashback]
Eu: Você não me deixou ganhar a partida.
Pedro: — risada — Claro que deixei, você era muito ruim.
Eu: Eu aprendi rápido tá? Eu quero meu mérito.
Rimos juntos e eu me dei conta de que realmente aquele dia não foi totalmente ruim.
Pedro: Seu sorriso ainda é o mesmo.
Eu: — desfiz o sorriso — Ah pelo amor de Deus, que frase mais cafona.
Pedro: O quê? Tô falando a verdade, pô.
Eu: Me respeita Pedro, você acha que eu ainda caio nesse papinho seu?
Pedro: Olha aí, tá me tratando mal de novo, me fala, eu te fiz alguma coisa?
Sério Que ele teve a coragem de me perguntar isso? Que cara de pau! Toda humilhação que passei, todas noites que chorei envergonhada! Ele ignorou isso tudo? Senti minhas mãos suarem, minha respiração aumentar a velocidade. É impressão minha ou as paredes desse carro estão diminuindo? Me falta oxigênio, não posso ficar ao lado dele!
Eu: Para o carro.
Pedro: Eu falei alguma coisa de errado?
Eu: Para o carro, Pedro! — gritei.
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Será que o Pedro vai parar????
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Meu Doce Rancor
FanfictionRancor, significado: sentimento de profunda aversão provocado por uma experiência vivida. Se desvencilhar de um rancor não parece ser fácil, aliás, não é fácil, após um coração partido todo o meu corpo arde com o ódio que passou a me dominar, como a...