Assim que Pedro parou o carro no acostamento eu desci e respirei desesperada por oxigênio, estávamos perto da areia, atravessei a avenida correndo sem pensar nos carros que estavam passando, ainda pude escutar uma pessoa gritando "cuidado maluca!", logo em seguida ouvi a voz de Pedro.
Pedro: Bia! Onde você vai?
Eu fui incapaz de responder, pois nem eu mesma sabia onde estava indo, queria apenas sair dali, corri em direção ao mar, minhas mãos tremiam e minhas pernas já não estavam mais sob o meu controle, por falta de fôlego tive que parar, meus joelhos tocaram a areia e eu levei minhas mãos ao rosto, fechei os olhos e tentei respirar fundo mas na minha cabeça eu só conseguia pensar nas risadas mediante minha humilhação.
Pedro: Bia...
Eu levantei meu olhar e enxerguei Pedro na minha frente, ele se ajoelhou deixando nossos rostos na mesma altura.
Pedro: Deixa eu te ajudar.
Eu: Sai daqui.
Pedro: Não vou sair até você ficar bem, me fala o que te deixa assim.
O olhar preocupado de Pedro, de alguma maneira fez com que minha cabeça voltasse ao lugar, me concentrar em seu perfume foi um ponto de paz para mim.
Eu: No ensino médio... A aposta...
Pedro: Que aposta? Espera... ainda lembra daquela aposta?
A maneira que Pedro finge não lembrar me deixa extremamente irritada.
Eu: Você acha que eu iria esquecer de toda a humilhação que você e seus amigos me fizeram passar?
Pedro: Foi uma brincadeira idiota de adolescente.
Eu: Você consegue chamar isso de brincadeira? — indignada.
Pedro: Aquilo não teve relevância nenhuma, — ficou pensativo — essa sua crise tem alguma coisa a ver comigo?
Já chega! Meu tom de voz já não consegue ser baixo.
Eu: Alguma coisa a ver com você? — gritando inconformada — Tudo isso é sobre você! Todos os gatilhos que eu tenho, todas as pessoas que eu não permiti me apaixonar! Todas as minha inseguranças e todo o meu rancor é sobre você! Eu te odeio Pedro Sampaio — comecei a socar seu peitoral — Te odeio! Te odeio!
Pedro não disse nada, apenas me abraçou enquanto eu ainda tentava lhe socar, quando minhas lágrimas começaram rolar em meu rosto, eu já não tinha forças para continuar os socos em Pedro.
Pedro: shh, tá tudo bem.
Pedro depositou um beijo em minha cabeça enquanto eu chorava todas as minhas mágoas. Após alguns minutos eu consegui me acalmar e o silêncio da praia deserta me permitiu escutar os batimentos cardíacos de Pedro, esse som me trouxe uma tranquilidade que eu não sei como explicar.
Pedro: A gente pode conversar agora?
Eu: Pode, — baixinho — não acredito que tô nessa situação ridícula.
Eu saí do abraço de Pedro e pude enxergar seu rosto.
Pedro: Eu não sabia que essa parada ainda mexe contigo porque... porra faz seis anos, Bia.
Eu: Você me expôs ao ridículo.
Pedro: Eu não achei que você iria se importar tanto, nem foi a primeira vez que a gente transou.
Eu: Foda-se! Eu me senti mal, eu... ainda me sinto mal.
Pedro se sentou ao meu lado na areia e pegou um graveto, eu estava encarando minhas mãos mas logo percebi que ele estava escrevendo algo na areia.
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Meu Doce Rancor
FanfictionRancor, significado: sentimento de profunda aversão provocado por uma experiência vivida. Se desvencilhar de um rancor não parece ser fácil, aliás, não é fácil, após um coração partido todo o meu corpo arde com o ódio que passou a me dominar, como a...