Fui atacada por uma onda de raiva e tristeza. Uma onda que o mundo não compreende. De mim para mim. Uma vaga de silêncios e de olhares com intenção. Uma maré sufocante e perigosa, que te deixa enrolada na areia, sem capacidade para veres a superfície. Uma corrida contra o tempo, sem fôlego, sem meta, sem prémio, sem perspetiva de fim. Porque tudo o que controlo é o meu passo, se continuo ou não a correr, a nadar, a tentar respirar. E a raiva vem de tudo o que não sei, sabendo que só vou saber com o tempo, ou que posso nunca vir a saber. E deixo-me embalar nesta tristeza de não saber o dia de amanhã, porque não sei mais o que fazer quando não controlo o que sinto por ti. E não me quero afogar, nem quero correr para sempre sem aproveitar o vento na cara. Porque a meta não és tu, nem é o que sinto. A meta sou eu, para sempre, e a consciência de que existe uma superfície descansa-me a alma. Sinto-me perdida e frustrada por saber isto tudo e parecer que não sei nada. Não controlo nada. Que outro pesadelo podia ser pior do que não estar no controlo.
O mais difícil é controlar. Controlar o que sinto sem controlar. E vivo nesta dicotomia, nesta faca de dois gumes que é sentir algo sem escolha e escolher não querer sentir. É exaustivo e desgastante, mas é assim. E a superfície estará lá hoje e amanhã e ontem, à espera que eu me liberte da vontade de controlar, e aceitar a vida como ela é. Mas não consigo. Há dias em que não consigo. Há dias em que penso em ti incansavelmente, sem parar, e não consigo fazer mais nada. Há dias em que não quero sentir mais, porque sentir é torturante. Há dias em que me esqueço de mim para me lembrar de ti. Há dias em que prometo que não vou pensar mais. Há dias em que quebro essas promessas. Há dias em que quero voltar atrás no tempo e mudar tudo. Há dias em que sinto ódio e outros em que sinto vontade de agradecer. Agradecer por existires na minha vida, seja de que forma for. Porque o que interessa é que existes e quero que continues a existir, sempre. Porque há dias em que olho para o futuro e imagino-nos a rir disto tudo e a contar histórias de como eu era dramática e ingénua. Há tanto na vida que não controlo além do que sinto. E escolho sentir, mesmo que doa, porque quem não sente, não pensa, e quem não pensa está perdido. E vão sempre haver dias melhores do que outros, mas estou aqui para aproveitar o vento na cara e para me lembrar de respirar, sempre.
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A little bit of my heart
PoetrySome texts to help me express how I feel and hopefully help me improve my writting skills. Alguns textos para me ajudar a expressar os meu sentimentos e com sorte ajudar-me a melhorar a minha habilidade de escrita.