Confissões de uma quarentena

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Preciso de um abraço, ou de um aperto sincero. Quero um beijo e uma palma no rosto a reconfortar-me. Quero um sorriso honesto que se possa ver sem ser pelas rugas dos olhos que a máscara não esconde. Preciso de toque e de respiração no pescoço, de conforto e carinho.

Cansei-me de me sentir distante de todos, de ter medo, de dar um passo atrás quando alguém se aproxima. Não quero mais cumprimentar-te com o cotovelo e fingir que está tudo bem. Fartei-me de não conseguir respirar sem filtros e sem barreiras, de amar sem dar e sem receber.

Quero os teus braços à minha volta, para sempre, bem apertados, onde ninguém laça o abraço porque não há razões para nos deixarmos, só há vontade de estar ali e de cravar na memória cada uma das sensações de que fomos privadas neste tempo. Só há vontade de agarrar e beijar e abraçar e até dar um empurrão só para sentir o teu toque. Vontade de confortar e dizer que vai ficar tudo bem, tendo-te nos meus braços em vez de a dois metros de distância.

Já nem me lembro se as nossas mãos encaixam ou se o teu cabelo é suave ou não. Já nem sei de cor as tuas rugas e sinais. Já me esqueci da sensação que é ter-te perto e correr para ao pé de ti.

Continuo à espera que este seja o último dia, mas talvez seja amanhã, ou depois. À espera de que anunciem que posso ser tua e depois acredita, serás para sempre minha e eternamente no meu peito. Não te largo mais, para sempre.

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A little bit of my heartOnde histórias criam vida. Descubra agora