A little bit of my heart

Sou responsável

A maior lição que me ensinaram este ano foi que sou responsável. Sou responsável pelo que faço, não faço e por como respondo ao que me é feito. Ainda estou a aprender a aceitar isso, pois assim que tomamos responsabilidade pela nossa vida, somos também "culpados" por essas escolhas. Mas é importante refletir sobre  outro lado da moeda. Sim, eu sou responsável, sim, eu tenho de pedir justificação a mim mesma pelo que crio, mas há coisas pelas quais não somos responsáveis e estamos sempre a tentar ser. Não somos nós que ditamos como os outros respondem aquilo que fazemos, dizemos, criamos. Não somos responsáveis pelo comportamento dos outros, pela forma de pensar, pelas suas atitudes para connosco. Essa responsabilidade é com eles. E quando percebemos isso, ganhamos uma certa liberdade de espírito, uma sensação de que temos poder sobre tudo o que somos, mas poder nenhum sobre tudo o que não somos, por isso mais vale sermos o que quisermos e deixarmos os outros serem quem quiserem.

O que nos esquecemos de retirar desta lição, por vezes, é que, em primeiro lugar, nem todos foram ensinados a pensar assim. Há muita gente que vai esperar que mudes em função da sua pessoa, em vez de aprender a mudar por si mesmo. Há pessoas que vão sempre culpar-te pelas reações que têm ao que tu fazes. E sim, isso é ser humano e ninguém é perfeito, e ninguém vai apreender esta lição e de repente mudar a sua vida sem outros pensamentos. Não. Aliás, há pessoas que vão ouvir e escolher ignorar, que nunca vão querer viver ensinadas. Mas o mundo é assim. Só posso aconselhar-te a afastares-te de quem não tem vontade de crescer.

Mas posso escolher orientar a minha vida por esta lição. Se escolher orientar a minha vida na verdade, na genuinidade, na liberdade de ser quem sou, sabendo que tenho poder sobre tudo o que me afeta, não afeta, me prende, me desprende, ganho controlo sobre a minha vida e como a quero viver. Mas desenganem-se se acham que isto vos dá a solução para todos os problemas, bem pelo contrário. Muitas vezes o mais difícil é saber que temos controlo, que podemos mudar a situação em que estamos, a forma como reagimos ao que nos está a acontecer, mas não querer. Não ter vontade de mudar, porque dói. E a melhor opção para ti nem sempre é a melhor para os outros. E o poder que tens sobre a tua vida às vezes é frustrante de aceitar, pois só desejas que tudo mude à tua volta menos tu. Mas não pode ser, não faz sentido. Não podes ficar à espera que tudo mude, pois não controlas os outros, nem a sua mudança,  tens de ser tu a mudar, a mudar-te, a sair, a entrar, a ir atrás, a deixar ir...

Ser responsável é ser corajoso o suficiente para fazermos a decisão certa para nós, mesmo que seja a mais dolorosa. E aí é que entra o processo de aprendizagem pelo qual ainda estamos todos a passar. Todos a aprender a ter coragem para ser verdadeiramente responsáveis.

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