"Piedade"

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Enquanto uma festa de comemoração ao fim das aulas ocorria, Sirius fumava um cigarro na torre de astronomia, pensava o que faria no dia seguinte, quando fosse o momento de sair de Hogwarts para as férias.

Ele conta o que tinha no bolso pela milésima vez: três galeões, quatro sicles e 10 nuques.

Como iria sobreviver sozinho só com isso?

E o pior, nem tinha um emprego.

Engole o Whisky de fogo antes de dar uma última tragada no cigarro das suas mãos, quem sabe os seus maus hábitos o matariam antes que ele se tornasse um sem-teto definitivo.

- Não acredito que até mesmo no último dia de aulas você vai me trazer problemas, criança maldita! - Sirius sente o seu braço ser agarrado por Filch, nem o tinha visto ali. - Vou levar você para o diretor e por Merlin, tomara que ele o expulse! - Sirius ia sem qualquer resistência, poderia derrubar o homem magro apenas com um empurrão, mas não o fez.

É empurrado para a sala do diretor, que já chega perdendo o sorriso que tinha no rosto, ao contrário de Filch, que parecia radiante por finalmente conseguir apanhar Sirius Black, de todos os alunos, era quem ele mais odiava, e sem dúvidas, o mais escorregadio.

- O garoto estava fumando o cigarro trouxa e bebendo bebidas alcoólicas, está cheirando à destilaria.

- Pode deixá-lo comigo, obrigado, Argo. - Dumbledore agradece expulsando gentilmente o Filch da sua sala, que inflava o peito em orgulho próprio.

- Então, vai me expulsar? - Sirius pergunta colocando o pé na cadeira o invés de sentar-se.

- Não. - diz simplesmente observando o garoto visivelmente alterado. - Eu vou chamar a diretora da sua casa para que ela o repreenda da maneira correta.

- Tudo bem. - Fala sem muita expressão.

Sirius nunca teve um mês tão ruim quanto aquele, perdeu seus melhores amigos, a garota por quem era apaixonado, brigou com seu irmão mais uma vez e foi convidado a ser um comensal pessoalmente pela sua prima que não via há anos.

Estava destruído e não tinha sequer um ponto de paz.

- Senhor Black, peço que se sente com mais pudor, não está em uma de suas festinhas. - Minerva entra o fazendo se jogar de leve na cadeira que ele colocava o pé.

Alvo Dumbledore estava em sua mesa rabiscando algo que Sirius não fazia ideia do que era, e também não se apegou muito ao fato.

- O que está acontecendo com você, Sirius? - A professora pergunta visivelmente preocupada. - Mal o vi nas últimas aulas, não o vejo constantemente na comunal, e quando está lá, está sozinho, não o vejo esboçar um sorriso há tanto tempo que me preocupa.

- Não aconteceu nada, sou só eu. - tenta o garoto. - as pessoas mudam.

- Mudança é um caso, tristeza é outro... - Ela começa. - Sirius, nos preocupamos com você, de verdade, e queremos saber como podemos ajudá-lo.

- Eu só preciso de uma coisa: me deixem ficar em Hogwarts durante as férias, eu posso trabalhar aqui, ajudar em algo.

- Isso não será possível. - Alvo interrompe, entregando que prestava atenção na conversa dos dois. - Precisaremos contactar a sua família.

- Eu não tenho família. - Sirius responde sentindo o álcool queimar nas veias. - Eu fui deserdado.

- Sirius, a sua situação é complicada, mas leis são leis, precisarei contactar a sua família e o ministério, você não pode ficar sem suporte. - O velho explica calmamente. - Você precisa voltar para casa, quer eles queiram ou não.

- Mas eu não quero, eu fico na rua! - Sirius implora com lágrimas nos olhos.

- Enquanto você tinha um lugar para ficar, tinha o meu silêncio, mas não posso deixar você desamparado.

Sirius já chorava, chorava de medo, de desgosto, de angústia, como seria encontrar a sua maldita família novamente?

Eles com certeza o envergonharia todos os dias da pior forma possível.

- Ele pode ficar na minha casa. - Abby responde fazendo os três a encararem como águias. - Não ouvi a conversa de propósito, vim apenas falar com o diretor e a conversa já estava acontecendo, ouvi-la foi consequência. - explica como se pudesse ler o que eles pensavam.

- Eu não preciso de caridade. - Sirius diz mal humorado.

- Então, não me resta outra escolha, se não contactar a família Black. - Dumbledore volta a sua atenção para o papel na sua mesa, fazendo Sirius arregalar os olhos em aflição.

- Não! Eu aceito a sua oferta. - Sirius responde em prontidão fazendo Minerva sorrir levemente e Alvo parar de rabiscar aleatoriamente o pergaminho amarelado, os olhando satisfeito. - Se ela ainda estiver de pé.

Abby se arrepia quando o olhar de Sirius pousa nos seus, tão intimidador quanto os olhos de um predador.

- Claro. - ela confirma.

- Então, acredito que por hora, o assunto está resolvido. - Minerva conclui.

- Eu aconselho fortemente que os dois mantenham sigilo em relação à isso, caso contrário, o Sirius terá que ser entregue para o seu local de origem: a família Black.

No dia seguinte, os alunos desciam animados na estação onde seus pais e responsáveis os aguardavam.

O Potter abraçou a sua mãe e o seu pai com carinho, havia sentido muito a falta deles durante os meses que passou fora.

- Olá, querido, como você está? - A senhora Potter pergunta com doçura.

- Estou ótimo, mamãe, vou apresentá-los a alguém importante.

Antes que James pudesse se afastar dos pais, sua mãe o pergunta algo que o faz tremer de tristeza.

- Onde está o nosso pequeno Sirius? - A senhora pergunta procurando o rapaz corpulento.

- Isso, filho, onde ele se meteu? - O senhor Potter até ficava nas pontas dos pés para vê-lo, mas não tinha sinal algum dele.

- O Sirius não vem conosco, não somos mais amigos. - A mãe do garoto toma um susto com a resposta.

James sai para buscar Lilian e apresentá-la aos seus pais.

Sirius andava logo atrás da Abby em direção à um homem de pele muito branca e cabelos escuros, ao seu lado, uma mulher de longos cabelos loiros corre para abraçar Abigail.

O homem permanecia sem expressão alguma, até encarar Sirius e seu rosto se contorcer em uma grande interrogação.

- Quem é o rapaz? - o homem pergunta antes de abraçar a filha sem muita emoção.

- Esse é o Sirius, um colega de Hogwarts, precisa de um lugar para ficar. - Abby explica ao pai, que pensa em negar, mas a mulher loira da um pulinho ao seu lado.

- Isso é tão incrível! - A madrasta de Abby aperta os ombros da garota sorrindo animada. - É outro namoradinho seu?

- Outro? - Sirius pergunta enciumado.

- Ele não é o meu namorado. - Abby corrige. - E não existem "outros", não existe nenhum, Lucy!

- Bom, de qualquer forma, como se chama? - O pai dela pergunta rudemente. - Não acha que é velho demais para estar com a minha filha?

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde histórias criam vida. Descubra agora