"Mestiço"

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Tom Riddle sentia uma forte tontura enquanto Severo o contava exatamente o que Sibila Trelawney havia previsto na sua entrevista de emprego.

- Quem pode ser a maldita criança que desgraçará tudo o que eu lutei a minha vida inteira? - Voldemort rosna.

Nada poderia derrotá-lo.

Nada.

Aquele era o seu império. Era tudo o que ele tinha.

Tudo o que havia sobrado.

- Só podem ser duas crianças. - Abraxas Malfoy murmura, e a atenção do seu Lorde é atraída diretamente. - O filho dos Longbottom, ou o filho dos Potter.

Bellatrix Lestrange aperta as unhas longas no papel de parede gasto. Não poderia suportar perder a guerra, não poderia suportar que o seu mestre caísse. Sua boca seca de repente, e ela não sabe mais dizer o que porquê.

Ela não lembrava.

Sua cabeça estava direcionada à um único pensamento: Longbottom. Um mestiço jamais teria capacidade para tal.

São uma ameaça. O seu lorde iria ficar tão orgulhoso caso algo os aconteça, iria se sentir admirado, quem não admira a submissão?

- Os Longbottom? - o homem parece ponderar. - São sangues puro. O nosso problema são os Potter. E eu quero a cabeça de cada um deles.

Snape sente uma dor intensa no peito, seu estômago parecia congelar, e ele teria que engolir o medo a seco. Não gostaria que nada acontecesse à sua amada Lily. Preferia perder a própria vida, à saber que a única mulher que ele amou não estaria mais ali.

- Milorde... - Ele inicia incomodado. - eu tenho um único pedido... - os olhos verdes de Tom o fazem recuar por um momento. - uma única súplica.

- Eu não poderia negar nada ao meu servo mais leal. - Tom parecia mais tranquilo do que realmente estava. - Diga-me, Severo, do que você precisa?

- Não machuque Lilian Evans.

- Potter, ela é uma Potter. - Abraxas provoca e Snape não pôde evitar a expressão desgostosa no seu rosto.

Abigail Parsons apertava mais a mão de Sirius contra a sua, enquanto encarava os olhos cintilantes que Dumbledore possuía. O velho os fitava com atenção, esperando que algum dos dois tivesse posse da primeira palavra.

- Eu e o Sirius vamos nos casar. - ela diz nervosamente, recebendo um minúsculo sorriso em resposta. - E precisamos... - Abby se corrige. - Eu preciso que faça algo por mim...

- Pode me pedir o que quiser, Abigail. - ele a alerta, com um olhar tranquilo.

- Gostaria que fizesse parte da cerimônia. - Abby diz tentando conter a animação.

- Seria uma honra. - Dumbledore continua apertando fortemente os papéis que estavam nas suas mãos. - Já realizei dezenas de... - É interrompido.

- Eu gostaria que você me levasse até o Sirius. - Abby cora, e os papéis que Alvo segurava, agora escorregava pelos seus dedos, com o choque da notícia. - como... como um pai faria. O que me diz?

Alvo Dumbledore não se lembrava da última vez que tantos sentimentos o invadiam, era diferente. Diferente de tudo. Sempre sentiu que deveria protegê-la como sua filha, mas não imaginava que ela recebia bem o seu modo duro de ser paternal.

Até aquele dia.

- Claro. Eu não poderia negar um pedido desses. - Abby recebe a confirmação com um sorriso doce. - Mas, antes eu preciso falar algo importante com o Senhor Black.

Abby assente, saindo do cômodo como lhe foi solicitado. Assim que a porta bate, Sirius volta a encarar o velho homem que o fitava tranquilamente.

- Eu tenho algo para pedir a você, Sirius. - inicia. - Leve-a embora. Para longe do Reino Unido, até mesmo da Europa. Mas, não a deixe ficar aqui com a Ordem da Fênix.

- Caralho, você está... - Sirius o encara, arrumando a própria postura. - Com todo respeito, Diretor... - Corrige. - Não é justo que me peça algo assim... - Sirius nega com a cabeça. - A Abby não desistiria da Ordem nem por todo os galeões que existem no mundo. Ela não abandonaria a Ordem nem se estivesse morrendo. O senhor sabe disso tanto quanto eu sei.

Alvo sabia que Sirius falava a verdade. Abigail era uma lutadora, uma líder, não abandonaria a guerra enquanto ainda pudesse respirar.

Ele só queria que Abby vivesse uma vida boa.

- Eu só peço que faça uma única tentativa. - O velho torce o nariz. - Se existe alguém capaz de fazer a Abigail mudar de ideia, esse alguém é o Senhor.

- Eu não consegui convencê-la nem a comprar uma marca diferente de chocolates, não vou conseguir que ela abra mão da liderança e deixe toda a Ordem para trás? Eu não sou tão bonito assim.

- Não imagina as consequências que nos atingirão se o senhor não tentar. - Alvo argumenta convincente, e Sirius sente sua espinha arder de dor pelas palavras que nem foram ditas.

Naquela noite, Sirius se aproximava da cama de casal estreita, e analisa Abby pentear os cabelos marrons, agora na altura dos ombros, vaidosamente. Um pijama de alcinhas revelava os hematomas na pele branca, e algumas de suas unhas perfeitamente cuidadas, agora estavam quebradas.

- Ab? - ele murmura, nunca se sentiu tão covarde quanto naquele dia.

- Sim, querido? - os olhos brilhantes o parecem acertar como facas afiadas.

- Você pensa em morar em outro lugar? - ele pergunta sentando na cama ao lado dela.

Abby o encara, e logo depois analisa o quarto com precisão cirúrgica, cada detalhe do cômodo. Se arrasta até o colo dele e penteia os fios molhados, não tão longos quanto na época do colégio, para trás, assim como fazia com os seus cabelos.

- Não. - ela sorri. - eu adoro esse lugar, nos mudamos há pouquíssimo tempo, você não gosta da nossa casa?

- O que? Não! - ele tenta. - Quer dizer: sim, eu adoro a nossa casa, mas eu falo do Reino Unido, você nunca sentiu vontade de dar as costas para... para guerra? - Sirius mordia a parte interna da boca nervosamente.

Abby solta bruscamente a escova, se assustando com o impacto do material com o piso amadeirado, Sirius não movia um músculo enquanto a observava passear entre as expressões: assustada, brava e confusa.

Ela tenta sair da situação e do colo do seu noivo, mas o Black a segurava firme, em busca de respostas. Ele esperava um tapa no rosto, uma azaração, gritos e que ela o fizesse engolir o anel de noivado.

Mas, ela apenas deixou as lágrimas pesadas escorrerem pelo seu rosto, com a mão livre, Sirius segura a sua mandíbula com carinho, a encorajando a falar.

- O tempo todo. - Abby murmura envergonhada, como se confessasse o pior dos pecados. Talvez ela não estivesse tão fixa na Ordem da Fênix como Sirius imaginava.

TELL ME A SECRET || SIRIUS BLACK Onde histórias criam vida. Descubra agora