Ninguém é obrigado a ler o que você escreve

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Quando escrevemos um livro, um conto ou uma crônica, queremos que o mundo inteiro leia e exalte nossa obra, principalmente nossos amigos, familiares e pessoas a quem amamos e damos muito valor. Mas, não é porque essas pessoas são quem são, que elas automaticamente têm a obrigação de ler o que escrevemos.

Seu livro pode simplesmente ser um pé no saco para alguém por vários motivos e, quase nenhum deles, têm a ver exatamente com você ou com a qualidade da sua obra. Da mesma forma que elegemos nossos gêneros favoritos, as pessoas ao nosso redor também elegem.

As pessoas que amamos podem até dar uma chance de ler o primeiro capítulo, ou até dois, e decidir se vão ou não prosseguir a leitura. Porém, nenhuma delas são obrigadas a continuar, principalmente se não as agradou. No que essas pessoas puderem te ajudar, elas vão! Mas veja bem e entenda: elas não têm obrigação, exceto de apoiar seu trabalho e seus sonhos, e isso não quer dizer exatamente consumir suas obras.

Ao longo de minha breve vida como escrita, grande parte dos meus amigos (e familiares) sabiam que eu escrevia, mas poucos demonstraram interesse em realmente pedir para ler algo meu. Os que pediam, eu mostrava e tudo mais, porém, sem grandes expectativas, afinal, eles não eram meu público alvo, não tinham o hábito da leitura e, por fim, poderiam até mesmo não gostarem do que leu.

Uma dessas pessoas era minha melhor amiga, a pessoa que sempre foi a que mais me apoiou no sonho da escrita (e em todos outros, na verdade). Ela literalmente consumia tudo que eu produzia, desde fanfics bobas (e mal escritas), até desabafos tolos que eu escrevia para desafogar o coração. Até que um dia, escrevi um livro que eu considerava, de longe, o melhor da minha vida, o mais significativo e pelo qual eu tinha (e tenho) um carinho enorme pela história e pelos personagens. Minha melhor amiga leu e detestou. Mas, claro, ela não disse isso na minha cara, apenas soltou um educado "não faz meu estilo de leitura", e eu entendi.

Naquele momento, eu poderia ter ficado extremamente triste, achado que minha história não valia a pena, que a ideia era ruim e ninguém leria. Mas, ao mesmo tempo que minha melhor dizia isso, eu postava o tal livro na internet, e várias outras pessoas amavam meu trabalho porque elas eram de fato meu público-alvo, e o livro fazia sentido para o momento da vida delas.

Minha melhor amiga não deixou de consumir meu trabalho, continuou acompanhando outras obras, só que essa em específica, ela não se identificou. E em momento nenhum, mesmo desde o início da minha carreira, eu a obriguei a ler o que eu escrevia. Ela me pedia para ler, dizia o quanto gostava dos livros, e esperava por mais ansiosamente.

Sim, eu fui e sou uma pessoa de sorte nesse quesito; infelizmente, nem todos os escritores têm pessoas próximas que curtem seus trabalhos. E está tudo bem. Há alguém que goste deles por aí, e mesmo que essa pessoa não more em sua casa ou esteja na sua vida há algum tempo, tenha a certeza de que ela existe, você só precisa descobrir onde ela está, e tudo fará sentido.

Só não desista da sua história, pois ela deve agradar primeiramente a uma única pessoa: você mesmo (a).

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