Alguns livros, a jornada do personagem é a mesma da história, em outros, são coisas completamente diferentes, ao ponto de que se você não os planejar de forma separada, os personagens serão tão rasos quanto uma folha de papel em branco. A jornada do personagem nada mais é que quem ele é na vida: personalidade, sonhos, metas e aspirações, amigos e familiares, rotina, gostos pessoais, enfim, todos os elementos que o tornam humano. Já a jornada da história é o tema do livro, pelo o que o personagem luta, o que quer alcançar, combater, descobrir e por aí vai.
Quando se unem? Em livro no qual a temática é trabalhar os desejos pessoais do personagem, autodescoberta e crescimento pessoal ao longo do livro. Por exemplo: um personagem cujo sonho é ser escritor, a trama girará ao redor do que ele tem feito para chegar lá, sua dinâmica individual e interpessoal e os conflitos do caminho. Nesse tipo de livro, é bem provável que ele se depare com reflexões que o faça questionar seus sonhos, ações e capacidade pessoais, abandone sua zona de conforto e tenha de aprender a confiar em si mesmo e nas pessoas ao seu redor (afinal, um sonho como esse, ele precisará de aliados). Tanto o background do personagem quanto a jornada da história caminham juntos, um depende do outro para funcionar.
Quando são separadas? Se a temática do livro não tratar necessariamente do crescimento pessoal do personagem, como em um livro de mistério, no qual ele precisa desvendar um assassinato, e isso não está ligado à sua vida pessoal. Caso a história gire apenas ao redor do plot, o personagem será alguém facilmente substituível, pois, se não há construção (e isso vai muito além de aparência física), qualquer um pode tomar seu lugar. O leitor pode até gostar do livro pela ideia, mas dificilmente irá gostar ou se apegar ao protagonista sem personalidade própria.
Outro exemplo de jornadas separadas é em um romance romântico. O livro pode ser sobre fazer os protagonistas ficarem juntos, mas se a vida deles for somente isso, um interesse romântico mútuo, a história não será crível e os leitores não terão interesse em torcer por esse casal sem graça (fora que as chances disso se tornar um relacionamento tóxico/abusivo são altíssimas!).
Se o personagem for alguém que aparece casualmente no livro, crie ao menos um subplot a ele, não precisa desenvolver no livro, mas a criatura tem que ter um motivo para existir, além de salientar a personalidade do protagonista. Se esse alguém só surgir para fazer o protagonista falar sobre seus medos, alegrias e frustrações (e ele não for seu psicólogo), reveja urgentemente a construção do ser, pois ele não serve para nada e ainda é uma ferramenta fraca para mostrar quem seu protagonista é.
Uma boa dica para construir qualquer personagem é se fazer a pergunta: quem ele era antes de ser escalado para meu livro? Como vivia? Do que se alimentava? Como era sua rotina? Tinha família e amigos? Quais eram suas preocupações? Pelo que vivia? Ou seja, jogue sua criação em um episódio do Globo Repórter.
Me diga nos comentários quais os melhores livros que você conhece cuja jornada do personagem e da história foram bem construídos! Não se esqueça de seguir o Insta do Eu Amo Escrever para obter dicas diárias sobre o universo da escrita criativa: @euamoescrever_oficial
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Como Escrever um Livro
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