A sinopse é o terceiro elemento mais importante na hora de atrair o leitor (atrás somente da capa e do título), e o primeiro a fisgá-lo. É nesse pequeno espaço que você irá vender seu peixe, quase um "se vira nos 30" do Faustão, porque, literalmente, há outras milhares de sinopses para que o leitor afoito pela próxima leitura possa ler rapidamente até que encontre o entretenimento da vez.
Então, querido autor, não desperdice uma vírgula sequer desses preciosos parágrafos com resumos do tipo "leia e descubra", porque o leitor irá ler o projeto de sinopse, dar risada e dizer: "Quem sabe na próxima encarnação". Se o escritor não se deu nem ao trabalho de pensar numa coisa tão pequena quanto uma sinopse, quem garantirá que ele realmente pensou no enredo de um livro com não-sei-quantas-páginas?!
Ah, também há o "leia e descubra" gourmet. É aquela sinopse imensa, que você lê e lê, para no final te dizer absolutamente nada.
É aí que nasce seu marketing negativo.
Sinopse é um bicho-de-sete-cabeças porque, nós, autores, temos dificuldade em resumir nossos filhos, isto é, obras de arte. Quem quer se gabar do seu filho com um "ele sabe inglês" ou "é o melhor da turma", quando podemos dizer que "ele aprendeu inglês em seis meses e já dá aula para outros alunos" ou "ele tirou as maiores notas da turma, foi indicado a projetos importantes no exterior e vai receber por isso"?
Resumir não reduzirá os feitos do seu rebento, só não se aprofundará neles por enquanto. O "como" ele conseguiu tais proezas a gente deixa para a pessoas conhecê-lo e tirar suas próprias conclusões. No nosso caso, permita que os leitores leiam o livro na íntegra para descobrir.
Ser direto é diferente de usar expressões vagas e genéricas, a típica sinopse da Sessão da Tarde, no qual "um grupo de amigos vão se encontrar para mais uma aventura, que garantirá muita diversão". Ser direto é usar as palavras certas, ter clareza ao que você pretende entregar ao leitor.
O protótipo de uma sinopse funciona da seguinte forma:
1. Apresentação do mundo/ambiente, a vida do protagonista ou introdução do que se trata o livro. Neste primeiro item, entra coisas como o ano, a cidade, profissão do personagem, um resumo do protagonista... Enfim, elementos que traduzam o ambiente no qual seu leitor será enfiado.
No caso de "Os Delírios de Becky Bloom", da Sophie Kinsella, como apresentação do livro foi dito que: "Rebecca Bloom é uma jovem londrina com o péssimo hábito do consumismo compulsivo. Apesar de ser uma jornalista especializada em mercado financeiro, ela não consegue controlar suas finanças pessoais.". O autor escolheu apresentar o personagem e sua problemática, a obsessão pelas compras, que será o fator principal por trás da maioria das ações da protagonista ao longo do livro.
Já no livro "Extraordinário", R. J. Palacio, somos apresentados ao Auggie, "que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas." Esse será o drama que o garotinho terá de lidar na trama.
Este tipo de sinopse, isto é, apresentação do personagem e seus dilemas, é muito usado para livros de romance romântico, comédias e cotidiano.
Em "Jogos Vorazes", da Suzanne Collins, há uma explicação do que seria os tais jogos, como vemos adiante: "Após o fim da América do Norte, uma nova nação chamada Panem surge. Formada por 12 distritos, é comandada com mão de ferro pela Capital. Uma das formas com que demonstra seu poder sobre o resto do carente país é com Jogos Vorazes, uma competição anual transmitida ao vivo pela televisão, em que um garoto e uma garota de doze a dezoito anos são selecionados e obrigados a lutar até a morte!". Um pouco grandinha, não é mesmo? Mas necessária, pois sabemos que o palco da história está justamente no jogo, e ele é tão importante para o enredo quanto os protagonistas.
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Como Escrever um Livro
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