9. Xadrez

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A quarta feira amanheceu com um céu escuro, com muitas nuvens e um clima frio agradável. De vez em quando caia alguma gota, sinalizando mais do que óbvio que mais tarde iria chover.

Na noite anterior, na hora do jantar, Levi fez questão de se sentar ao lado de Mikasa ao invés do lado de Carla. Queria manter a maior distância dela. E começou a conversar com Mikasa não surpreendendo somente Eren, mas o rei e a rainha também.

Ele estava feliz e nada podia retirar esse sorriso do rosto.

Após o almoço que foi servido ao seu quarto, a pedido do mesmo, saiu de seu quarto sendo acompanhado de seus guardas indo em direção a biblioteca de Hanji, queria ficar um pouco com ela.

Mas no meio do caminho, encontrou uma porta aberta, se aproximou com sua curiosidade enorme, e viu uma sala com diversas decorações de guerras e viu Eren sentado em frente a um tabuleiro de xadrez. O olhar dele era sério e observava cada ângulo do tabuleiro.

Levi se aproximou lentamente, ignorando o fato que poderia estar entrando em uma sala proibida como a de Hanji, e diferente dela, poderia não ser facilmente perdoado.

- Me surpreende você saber jogar - fala com calma, fazendo Eren o olhar. Estava tão concentrado que nem o viu entrar.

- Ah poucas coisas que sabe sobre mim - respondeu voltando seu olhar ao jogo.

- E gostaria de compartilhar elas comigo? - não houve uma resposta. Então se sentou na outra cadeira, movendo as peças pretas e as organizando, fazendo Eren o olhar com raiva.

- O que está fazendo? Eu estou jogando!

- É mais divertido jogar com outra pessoa, e outra se você ganhar, estaria perdendo ou ganhando? - inclinou levemente a cabeça ao lado.

- Não jogo para me divertir, jogo para melhorar minhas estratégias - respondeu, mesmo contra gosto, começou a organizar as peças brancas.

- Melhor ainda, como você não me conhece, não saberá de minhas jogadas e ficará mais interessante jogar.

A partida iniciou com Eren movendo a primeira peça.

- Está gostando de Sharis?

- Por enquanto sim, é um lugar muito bonito, mas muito silencioso.

- Não somos acostumados com barulhos, preferimos o silêncio - moveu outra peça. - Somente fazemos barulhos quando acontece algum evento ou uma batalha.

- Os demônios somente pensam em lutas e mortes? - come uma peça.

- Algum problema?

- É que.... A outros meios de se revólver sem ser a base de socos, sangues e mortos. As palavras podem ser muito mais eficazes que uma espada.

- Em alguns casos sim, mas outros é melhor matar todo mundo primeiro do que ficar de papinho.

Jogavam enquanto conversam. Uma serva entrou na sala e acendeu a lareira e trouxe chá para ambos.

- Já conheceu ou fez amizade com alguém? - perguntou Eren.

- Ah, sim.... Conheci Hanji, ela é muito.... Diferente.

- Sim, Hanji é. Ela é super inteligente e pode surpreender qualquer um, mesmo com sua esquisitice.

- Quando conversei com ela..... Ela me contou uma coisa - Levi para sua jogada para olhar para baixo, suas bochechas ficaram vermelhas e sentia o olhar de Eren para si. "Seria uma boa ideia falar sobre isso? Não é algo lá importante, mas está me assombrando agora." - Ela me falou que os bebês da família real nascem entre quatro e cinco meses.....

Ao ouvir, Eren começa a rir escandalosamente, Levi fica mais nervoso ainda e mais vermelho do que já estava.

- É.... É mesmo? - ele ri novamente. - Não se preocupe, não precisamos de um filho então pouco tempo, pode ficar calmo.

- Não, não é isso. É que.... É estranho pensar que um bebê nasce então pouco tempo, não daria nem mesmo tempo para raciocinar tudo. E como a barriga cresce então pouco tempo?

- Fique calmo - o olhar de Eren é suave, transmitia paz e tranquilidade para Levi. - Como disse antes, você não precisa de um bebê em tão pouco tempo, pode demorar a hora que quiser. Sei que a ideia de um bebê se desenvolver em tão pouco tempo é estranho, assustador e alguns até vejam isso como antiético, já que os demônios são os únicos que tem esse pró. Por isso, peço que tenha calma, sei que se a hora chegar, você irá se sair bem.

Levi não conseguiu formar uma palavra, seus olhos observava todo o rosto a sua frente que tinha um sorriso tranquilizador, seu cérebro trabalhava para organizar as informações que acabou de receber. Estava certo em temer, estava morrendo de medo de ter que gerar um bebê demonio. E mais ainda ao saber que ele se desenvolveria rapidamente, tinha medo do que a criança poderia fazer só de ter nascido meses antes do normal.

Não respondeu, apenas moveu sua peça e Eren não tocou no assunto e não forçou uma resposta. Somente continuou o jogo.

- Eu vi que vocês não tem um jardim - Levi fala para mudar o assunto.

- Tinhamos um jardim, mas como ninguém cuidava dele, ele acabou virando uma zona morta.

- Oh, entendi. Então significa que antes existia um jardim?

- Sim, era da minha avó. Meu avô queria sempre agradar ela, então ele contratou inúmeros jardineiros para cuidar do jardim, e minha avó passava a maior parte do seu tempo nele. Quando ela morreu, pararam de cuidar, e não demorou para as flores morrerem e as árvores secarem.

- Sua avó devia amar muito aquele jardim.

- E amava, amava tanto que pediu para ser enterrada nele e assim foi feito. Meu avô enterrou ela embaixo da árvore de carvalho que está mais seca que tudo.

Levi morde seu lábio, queria muito cuidar daquele jardim, mas ao saber que pertencia ao parente de Eren repensou. Não podia simplesmente cuidar de um jardim que não era seu.

Eren percebeu que o mesmo estava se contendo e sorriu ao perceber o motivo. Sua mãe lhe disse para sempre alegrar seu marido, isso significa que teria que dar presentes e agrados. Como Eren não sabe nada sobre os humanos, querer cumprir apenas os desejos de Levi, então se o mesmo deseja um jardim, então assim será feito.

- Você quer o jardim?

Levi o olhou surpresos, com olhos arregalados.

- Ah..... Como?

- Perguntei se você quer o jardim?

- Eu posso?

- Mas é claro, tudo o que você pedir eu farei, se você quer o jardim, então ele é seu. Faça o que quiser nele.

Levi estava surpreso ainda, mas feliz, muito feliz. Abriu um sorriso enorme, que fez o peito de Eren dar uma palpitada forte.

- Muito obrigado, Eren - se levantou, moveu as peças fazendo um xeque mate. - Xeque, eu venci!

Saiu do cômodo correndo e feliz, indo em direção a torre onde Hanji estava para contar a notícia. Deixando um Eren confuso e irritado para trás, analisando as peças para saber como levou um xeque.

Continua?...

Epifania (Cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora