Fluviais De Um Conceito Arrasado

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De repente uma quebra memorial rompe pensamentos nulos que vagavam à espreita na cabeça de Tord, seus olhos estavam concentrados a olhar o teto, fixos a uma marca mais escura em meio a simetria das cores que o destoava, o que acontecera na noite anterior fora insólito para todos na casa. A grande ressaca de pensamentos veio a tona quando um barulho ecoou pela casa, embora soubesse que era um estalo de móveis, a possibilidade de ser alguém o martirizava, a ânsia de ter visto os olhos lacrimosos de seus amigos o matava toda a vez que o mesmo lembrava, o coração palpitava e sua respiração descontrolava, sua mente o culpava por tudo, fora criado para destruição e quase matou seus amigos, de fato, sua vida não fazia sentido ali.

- Tord? - a suave voz de Tom rompeu toda a ressaca de pensamentos que se voltaram à única razão de sua vida, Tom, estara ali para protegê-lo e amá-lo - O que faz acordado?

Seu consciente se negava a falar o real motivo, mas desta vez a fúria de pensamentos foi contra sua própria vontade e se rebelou.

- Não é nada demais Tom, só estou pensando sobre tudo o que aconteceu...- fora instruido a nunca se abrir, mas estara aprendendo desde que voltara, mas não conseguia muito ainda.

Algo ocorrera em sua mente, o medo fatal o destruía, sentira que ele estara matando seus amigos sem nem mesmo ter o propósito, estar ali significava a abrir um campo para o exército vermelho matar todos aqueles que ele ama, assinara uma vez a sua guerra, mas desta vez a tolice de permanecer ali e ver seus amigos morrerem. Nada daquilo estara adiantando, então fez uma força para seus músculos corresponder o ato e se levantou, precisava esfriar a cabeça, Tom indagou onde ele iria, mas foi ignorado, os pensamentos falavam mais alto. Em um piscar de olhos, o cenário em que estava se mudara a uma praça enorme, não notara que andara tanto, estava tão perdido mentalmente que apenas fora andando sem direção, mas talvez ali fosse um bom lugar para relaxar e pensar. Ele caminhara a um banco seco e sentara sem sequer notar sua sorte, pois no mesmo dia havia chovido, as folhas no chão seguiam a uma dança contínua e sincronizado ao vento, o ar gélido pairava entre a imagem das estrelas no céu, a cidade estara vazia, mas clara e bela, nem mesmo Tord estara ali, apenas sua caracaça oca, seus pensamentos estavam direcionados a decisão que deveria fazer.

Cortando toda uma linha de raciocínio, uma mão pairou no ombro de Tord o que fizera ele se assustar, ao olhar bem para o rosto de quem o incomodara sentiu-se feliz em ver que alguém estara ali por ele, Tom estara ali parado, como se conseguisse ver o que tanto o afligia.

- Você saiu sem dizer nada, fiquei preocupado com você - Seu tom não era nada amigável, mas ambos sabiam que era só o jeito rude de Tom, mas isso não significara que não estara preocupado. 

- Por que veio atrás de mim? - indagou Tord amuado.

- Você saiu no meio da noite como um sonâmbulo, como não vir atrás de você? - Tom se senta junto a ele - Commie, o que está acontecendo?

- Estou só pensando… - Tord tenta assegurar que estara bem, mas seu tom não o deixava mentir.

- Eu sei o que está acontecendo! Não tente me enganar em relação a isso, Tord se algo te aflige tanto, por que não se abre comigo? - Tom parece indignado por não ser o porto seguro de Tord, como se não fosse confiável o bastante.

- Merda, não é tão simples como você pensa, tá legal?! -Tord se vira a ele, seus olhos concentrados na ira de seu coração por não achar uma resposta - Eu apenas não consigo! 

- Tord, se você me ama, você fala, por que eu realmente não estou afim de ver alguém que eu amo se martirizando por algo que por final ocorreu bem - Tom se levanta, seus olhos seguem cada movimento de Tord.

- Você acha que tudo está realmente bem? - indaga Tord.

- Como assim? - Tom recua, seus pensamentos giram agora na possibilidade de ambos seguirem em caminhos diferentes, não acreditara que aquilo poderia ser posto na conversa. 

- Eles podem voltar… Eu te amo muito para perdê-lo - Tord se levanta e pega a mão de Tom, as leva para perto de sua boca e as beija,as lágrimas escorrem de seus olhos, Tom às solta e o abraça, conhecera essa possibilidade o tempo todo, mas o fato era que eles estavam bem ali e nada mais importava para ele.

- Se eles voltarem… Daremos um jeito, mas por favor, não vá embora, não me deixe… - As palavras finais de Tom foi como uma queda para realidade para Tord.

Entendera que sua morte era a propria julgação de um conceito do exercito, o seu proposito era matar seus amigos, no fundo sabia disso, mata-los era seu proposito, depois de tudo o que aconteceu, mata-los, caso o fizesse, se livraria do problema, Tom era o problema, eles eram o problema que o arruinou, mata-los é a chave, se matar, Tord era o problema, se matar é a chave de tudo, sua vida se desencadeou e se fez a ruina. Sabia seu propósito, e teria que cumpri-lo. 

Tom e Tord - Renúncia Clandestina Onde histórias criam vida. Descubra agora