É agora ou nunca

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"Obrigada"

"Obrigada"

"Obrigada"

Acordei puxando o ar com toda a minha força e sentando-me na cama. Olhei para os lados e estava tudo escuro. Fechei os olhos algumas vezes, tentando me acostumar com aquilo.

Onde eu estava?

Tossi algumas vezes e tentei levar a mão até minha boca, sem sucesso. Eu estava com um tipo de algema presa na cama.-

- Merda...- Resmunguei tossindo mais um pouco depois. Senti uma dor surreal no meu abdómen e me contorci na cama , batendo na parede algumas vezes e sentindo-a gelada.- Alguém!- Gritei, tossindo novamente.- Me ajudem, por favor!- A dor era tanta que eu não aguentei segurar as lágrimas.- Caralho...- E então a luz foi acesa.

Fechei os olhos por causa da claridade. Muitas eram as perguntas que passavam por minha cabeça naquele momento:

Onde eu estava?

O que havia acontecido?

Onde Sabina estava?

Sabina era a minha prioridade e eu não poderia deixá-la. A última coisa que eu lembrava era vê-la sendo levada por aqueles homens. Neguei com a cabeça tentando afastar aquela imagem que iria me fazer desabar uma hora ou outra. Abri os olhos vendo o teto branco do quarto. Olhei para o lado, vendo apenas uma porta. A mesma que foi aberta depois de alguns minutos, revelando a mulher que se dizia a mão de Sabina. Eu ainda não acreditava naquilo.

Trinquei o maxilar vendo-a fechar a porta e tentei sair da cama. Falhei. Só fiz com que meu abdómen doesse ainda mais.

- Calma, senhorita.- Ela falou, se aproximando e parando do meu lado e agachando-se.- Não me surpreende Sabina ter se apaixonado por você.- Tocou em meu cabelo, tirando uma mecha do meu rosto.- Sua mãe também era uma mulher muito bonita. Pergunto-me como ela está hoje.- Franzi o cenho.

- O que...?- Perguntei com a voz mais fraca do que eu esperava.- Cale a boca! Você é uma mentirosa.- Ela sorriu.

- Você não acredita no que eu digo?- Perguntou.- Veja só...Não acredita que sou a mãe de Sabina, não é?- Neguei algumas vezes.

- Não.- Ela riu.

- Uma pena.- Levantou-se e continuou olhando para o meu rosto.- Infelizmente é verdade.

Meu queixo tremia de tanta raiva. Eu avançaria no pescoço daquela mulher senão estivesse algemada. Eu não queria acreditar no que ela falava. A mulher virou-se e andou lentamente em direção á porta. Engoli seco antes de falar alto.

- Que tipo de mãe você é?- Ela parou.- Você é um monstro.- Virou-se para mim novamente, consegui ver um sorriso em seus lábios.

- Eu só queria o bem para a minha filha.- Falou.- Só que acabou saindo do controle.- Ela se aproximou novamente.- Sabina era bem nova quando comecei com o primeiro teste. Uma vacina que consegui fazer quando trabalhava no setor de casos especiais, junto com a sua mãe.- Arregalei os olhos, sem conseguir falar nada.- Nós precisávamos de um alvo fácil, ainda em fase de crescimento. Luna ainda era muito nova para isso, e você, muito velha. Os seus irmãos estavam viajando com o seu pai. E Sabina era a única criança disponível. Então, testamos nela. Pensávamos que seria algo que fosse inofensivo.- Sorriu.- Só que superou minhas expectativas. Acabei criando aquela garota. Uma verdadeira máquina de destruição.- Eu respirava pesadamente, digerindo tudo aquilo. Não era possível. Minha mãe...estava metida nisso?- Eu fiquei muito feliz. Mas meu marido ficou com medo por Luna e pela sanidade de toda a família. Ela dizia que eu estava ficando louca com tudo aquilo e que estava transformando a nossa filha num monstro. Então eu o matei. Ele não precisava de ver aquilo se tornar pior. E eu tinha de continuar com os experimentos.- Deu de ombros.- Acabou que Luna foi morta também. Mas não por mim.

Monster - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora